Factoides

HUMOR: O fim da Era Lu

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"Ah, não acredito, mais um texto sobre 'A Fazenda 6' em plena ebulição soc..."

Havia uma ebulição importante em "A Fazenda", e o nome dela era Lu Schievano. Quando me deparei com o programa pela primeira vez, caí logo numa cena em que a blogueira Lu falava mal dos companheiros de confinamento ao lado da assim chamada personalidade da mídia Andressa Urach. Ela falaria mal dos companheiros muitas e muitas vezes ainda. Era apenas o começo.

Enquanto verbalmente descia o sarrafo nos colegas, essa Lu tentava imprimir à trama um ar muito mais belicoso do que poderiam supor as cercas das ovelhas ou os baldes de leite do curral. Era grandioso. Ela parecia ter acabado de comprar um pacote turístico para Troia, rumo à guerra. Dali em diante, seria difícil deixar de acompanhar o show.

Pouco depois, chorava sozinha. Gritava como se fosse ela mesma Homero em sua invocação às musas. Sorria, dava a volta por cima de si mesma. Num golpe, levava as mãos fechadas ao rosto como se estivesse já avançando um bocado no tempo e fosse morrer como uma Antígona.

Essa era a Lu (virou #EssaLu na hashtag tuiteira que ganhou de presente de seus admiradores, já cativados pela performance mesmo sem entender muito bem de quem se tratava).


Era o melhor personagem a surgir de um reality show desde o icônico Kléber Bambam. Diferentemente do herói da primeira temporada do "BBB" (2002), Lu não durou. Foi eliminada já na segunda oportunidade. O povo não perdoa uma.

E ela aprontou várias, vamos reconhecer. Xingou Gominho, encrespou com Rita Cadillac, criticou Ivo Meirelles e desprezou Scheila Carvalho.

Lu era um pouco como um equivalente humano aos posts de desabafo no Facebook: aqueles textos que descrevem atrocidades da vida real e prescrevem soluções bem na nossa cara --um problema de atendimento em restaurante, uma opinião sobre a atuação da Irmandade Muçulmana no Egito, um eletrodoméstico quebrado antes do tempo. Lu eram os tuítes raivosos expelidos entre uma indignação e outra, os barracos entre subcelebridades, o grito dos consumidores oprimidos no Reclame Aqui.

Pode dar algum alívio --especialmente a Rita Cadillac, vítima preferencial dos insultos torrenciais da blogueira-- não tê-la por perto; mas a gente se divertiria tanto se ela ficasse! Não custa nada admitir a enorme falta que vai fazer ao programa. Bom, custam os dois bocadinhos de dignidade que já estávamos guardando pra uma emergência. E eis a emergência: que pena essa saída da Lu.


ALEXANDRA MORAES é editora-adjunta da "Ilustrada" e autora das tiras o pintinho

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