Factoides

Um pogobol para dois

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Amanhã, caso vocês não tenham notado, é Dia dos Namorados, aquela abominável data comercial que mercantiliza um sentimento lindo, em mais uma tentativa canhestra de adiar a derrocada do capitalismo. Quem namora não está nem aí pra isso, claro --qualquer pretexto pra fazer saliência é bem-vindo.

Mas, rapaz, como é difícil amar em São Paulo! Se você não for daqueles que pedem pizza em casa para dividir com a boneca inflável, sairá pra ir a restaurantes com gente apaixonadinha até no lustre. Se for de carro, encontrará no caminho um congestionamento-monstro, com manifestação no meio (aliás, aprendi no Twitter que os playboys em SP andam de busão e ficam nervosos com aumento de 20 cents nas passagens. Certeza que povão anda de Pajero).

Se você for de ônibus, ele quebrará no meio do caminho. Se for de bicicleta, será derrubado por algum ônibus (não se engane, ele VAI derrubar você antes de pifar) ou por um carro cujo motorista tem pela humanidade o mesmo amor do Michael Douglas em "Um Dia de Fúria". Se for a pé, só vai chegar no Natal. Se for de helicóptero, você provavelmente é o conde Chiquinho Scarpa --coisa que não aconselho a ninguém.

Se seu amor for de outro lugar do país, você vai pôr os pés no aeroporto (depois do congestionamento etc.) e descobrir que o caos aéreo cancelou o voo do primeiro avião com destino à felicidade. E, se resolver ficar só na saliência virtual, o presidente dos Euá vai voyeurizar tudo o que você faz ("filma nóis, Obama"). Resultado: existe amor em Essepê, mas você não chegava nunca, ele se encheu de esperar e foi embora.

Crédito: Apu Gomes/Folhapress

Esta coluna, porém, não se limita a diagnosticar os problemas: também apresenta soluções (afinal, eu moro nas redeçociau, onde TODOS têm solução pra TUDO). Qual a solução para todos os corações apaixonados --e mesmo os solitários-- que padecem no inviável trânsito paulistano? Em uma palavra: pogobol.

O brinquedo lançado nos anos 80 é a saída definitiva pra quem quer driblar o congestionamento pulando por cima dos carros e não é ousado o suficiente para fazer parkour. É lúdico, não polui e renderia um efeito estético formidável à noite --em vez de night bikers, night pogoballers saltando pela Paulista. E não consigo imaginar cena mais romântica que dois namorados pulando de pogobol abraçadinhos.

Já prevejo os poderosos interesses das montadoras e da indústria do petróleo se mobilizando contra a ideia. Mas nada poderá nos deter. Se todos os cantores de axé gritam "tira o pé do chão", se até Van Halen e Sandyjúnior dizem "vamo pulá", o que estamos esperando? A revolução será pogobolizada.


RUY GOIABA está para o pogobol como Levy Fidélix está para o aerotrem e acredita sinceramente que Drummond só escreveu "no meio do caminho tinha uma pedra" porque esqueceu seu pogobol em casa.

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