Dizem que há duas coisas que o homem não pode escapar: a morte e os impostos. Pois bem, preferiria morrer a ter que enfrentar o IR2013. Mas como eu sou medrosa demais, me vi obrigada a enfrentar o tal do leão.

Que fique claro desde já: tenho um medo irracional de ser pega na malha fina. Não faço nada de ilícito e sei que a Polícia Federal mal deve reparar em mim, mas acho tudo aquilo uma armadilha certa.

Resolvi enfrentar meu problema de uma maneira corajosa, mas logo na primeira página já não sabia como proceder. Onde diabos coloquei o tal do número de recibo do ano passado?

Não é possível que o desenvolvedor desse labirinto quer que eu saiba o que colocar no campo "Rend. Trib. Receb. Pessoa Jurídica". E no Rendimentos Sujeitos a Tributação Exclusiva/Definitiva? O quê é tão definitivo assim? E a declaração de bens, que de tão antiquada, sugere uma linha telefônica como um bem? Alô, modernidade, só tenho pré-pago, sem 3G, isso é um bem? Ou um mal?

Resolvi tomar a nada sábia decisão de ignorar tudo isso por uma semana até chegar nos últimos dias possíveis para enviar a tal da declaração. E daí fui recorrer a algo pior que o leão: o meu pai.

Ouvi, nervosa, a tudo aquilo que eu já esperava, começando por: "É, Magali, se tornar gente grande é isso".

Já fazem anos que é sempre assim, não é como se eu tivesse crescido 20 anos em alguns meses. Mas aos olhos dos pais, sempre somos meninas tentando aprender matemática uma noite antes da prova, não é mesmo?

Se você é uma pessoa que consegue facilmente declarar seu imposto de renda, apresente-se ao meu pai, vocês vão se dar bem. E por favor, considere-se abençoado por essa dádiva divina de entender siglas e cálculos. O mesmo se estende a você, espertinho que contratou um contador.

O pior mesmo dessa declaração, é que, mesmo depois de todo o suplício para preencher tudo no mesmo detalhe, continuamos meses sem saber se deu tudo certo ou não. Só espero que, se eu cair na tal da malha fina, ela seja feita de um cashmere bem macio.

---

MAGALI IMPLIQUETE : há 26 pensando demais, costumo ser motivo de chacota por relatar meus problemas cotidianos como "muito difíceis". Reclamona profissional e piadista amadora, dou risada sozinha nas horas vagas. Meu hobby é corrigir a pronúncia e outros erros de vocabulário de qualquer um, do motorista ao cobrador, além de ouvir a conversa alheia para escrever aqui.