Factoides

Morena é igual a várias outras mocinhas chatas das novelas chatas das 21h

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Em ranking divulgado essa semana, Gwyneth Paltrow foi eleita a celebridade mais odiada de Hollywood.

Motivo: seus livros e vídeos tentando convencer todo mundo a ter uma alimentação mais saudável. Mas, gente? Quer coisa mais batida que livro e vídeo de alimentação saudável? Jane Fonda já fazia isso há 30 anos.

Jane foi esperta. Chato tem que ser vanguardista. Porque o chato que vem depois dos outros chatos comete uma chatice dupla: a chatice de tentar convencer os outros e a chatice de copiar. Ninguém merece.

Por isso é que ninguém aguenta a Morena, em Salve-se Jorge. Ela é chata igual a várias outras mocinhas chatas de novela chatas das 21h. Não tem um tchan. Uma coisa over. Todo capítulo, é o mesmo mimimi e ponto e acabou-se. Ela não tenta nem ser vanguardista no sentido de ser a mocinha mais chata de toda a história da tevê. Porque pelo menos isso seria uma ousadia.

Por exemplo: se toda vez que encontrasse Dona Jade Delegada ela tirasse da bolsa uma revistinha da Avon ou da Jequiti e tentasse vender desodorante roll on? Não seria o máximo? Uma mocinha sem lé com cré. Seria o "must-have" da estação. Afinal, poucas coisas são de uma chatice mais franca do que uma mãe com uma recém-nascida no colo tentando empurrar desodorante roll on de revista de cosméticos enquanto é perseguida e jurada de morte em dois países.

Crédito: Alex Carvalho/TV Globo Morena, igual a você já vi mais de cem
Morena, igual a você já vi mais de cem

Exemplos à parte, ainda bem que Gwyneth Paltrow mora em Hollywood. Se fosse no Brasil, já teria sido linchada. Ainda mais com o tomate e a cebola se revezando no hortifruticídio.

Quem consegue se dar ao luxo de comer bem? Tanto é que o brasileiro está inaugurando um novo patamar de pobreza, a pobreza-pavê, feita de camadas e mais camadas, que vão do crediário ao sacolão, passando pelo reajuste do combustível e a escassez de promoções-relâmpago no supermercado.

Aí, ainda vêm os colecionadores de faqueiros de "Caras" acusar o pobre nacional de ser mal-educado, de tirar um tupperware da bolsa e pedir antes de todo mundo aquele pedaço de bolo pra levar pra casa. Não veem o Darwinismo intrínseco.

O bolo levado vai parar no café da manhã do dia seguinte, levando a uma economia da verba que seria usada para o pão francês, verba essa que fica livre para ser transformada em meio litro de gasolina que conduzirá o carro da família até a próxima festinha, onde, se tudo der certo, haverá mais bolo, pondo em movimento um ciclo virtuoso de frituras e calorias.

Claro que a criatura que tira um tupperware da bolsa antes de todo mundo está sendo uma chata, mas pelo menos tá sendo uma chata no nível Fonda. Autêntica. Chata antes de todos os outros. Muito melhor que os chatos Gwyneth, que perdem o timing e só sabem copiar. Por isso, meu bem, se for pra ser chato, seja com categoria. Seja sem olhar para os lados. Seja antes de todos.

Seja com desprendimento. Aproveite que é sábado e vai fonda.


DIEGO REBOUÇAS, 30, é roteirista, jornalista e autor do livro "Travessia", publicado pela Livros Ilimitados

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