O anúncio foi feito hoje, depois de o governo chegar à conclusão de que vai ser impossível tapar cada um dos buracos que customiza os cerca de 1,7 milhões de quilômetros de estradas espalhadas pelo país.

"Já que não podemos vencê-los, vamos nos juntar a eles. Vamos assumir que os buracos são um traço da nossa cultura e homenageá-los", explica um assessor do ministério dos Transportes.

Ainda sem lugar definido para sua construção, o Museu do Buraco Tupiniquim pretende catalogar o maior número possível de crateras.

Para que não sejam confundidas, muitas serão batizadas antes de terem suas fotos imortalizadas. Só na primeira preliminar de São Paulo, por exemplo, 97 buracos concorrem para serem homenageados com o nome de Paulo Maluf. Mas Pitta, Kassab e Tiririca também estão bastante cotados.

Além dos painéis dedicados à memória dos buracos "made in Brazil", o museu vai dedicar uma galeria exclusivamente para os chamados buracos-vintage, que serão lembrados em fotos artísticas e minidocs.

"Alguns buracos têm tanto tempo de vida que estamos pensando em fazer bolinho de aniversário e chamar a comunidade", empolga-se uma fonte do Governo.

E não para por aí. Na inauguração do museu deve ser anunciada a criação do Selo de Qualidade do Buraco Tupiniquim. Além de elevar cada uma de nossas depressões rodoviárias ao status de atração turística, o Selo pretende transformar o buraco "made in Brazil" em produto de exportação, capaz de customizar de maneira impactante as estradas mundo afora.

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Diego Rebouças, 30, é roteirista, jornalista e autor do livro "Travessia", publicado pela Livros Ilimitados.