Factoides

Pragas urbanas: "Apareceu um ratão lá em casa"

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Nas últimas semanas me tornei repetitiva. Enquanto algumas amigas desabafavam do trabalho, dos filhos ou das dores de amor, eu me sentia dona do maior problema de todos: "Apareceu um ratão em casa".

Quando a gente decide ir morar sozinha pensa que as baratas serão o grande pesadelo da vida doméstica. Elas são fichinha.

Meu visitante temporário apareceu em uma noite de domingo na pia da cozinha com pompa e circunstância, derrubando panelas e disparando o alarme. Antes fosse um ladrão.

A notícia foi anunciada pelo marido, contando que o ratão fugiu ao vê-lo. Segundo ele, não tinha o que fazer, o bicho já até deveria ter saído da casa. Mas se saiu e entrou, qual era a porta de entrada? E se ele voltasse com a família? Não dormi.

Crédito: Magali Impliquete

Acordei torcendo para que tudo não passasse de um sonho, mas ele ainda estava lá. Eu soube porque ele devorou um pote de soja que permanecia intocado há meses.

Sempre me achei uma mulher durona, mas saí de casa assim que acordei e só voltei para espalhar um veneno cor de rosa pela casa toda.

Se você é um homem e gosta de dizer que o sofrimento feminino é a depilação, você não sabe de nada. Imagine uma mulher tentando matar um rato e daí talvez você comece a entender o que a gente tem que passar nessa vida.

É lógico que para matar o meu amigo, pedi ajuda de uma empresa de dedetização e da minha faxineira. Mas o dedetizador tinha medo de rato e tive que pegar uma vassoura e enfrentar o bicho com a Craudinha.

O bicho, do tamanho de um filhote de gato, estava escondido embaixo do sofá com todo o veneno que ele deveria ter ingerido em um montinho. Ele então correu para atrás de um banco na cozinha, para debaixo da geladeira e... desapareceu.

E eu achando que não dormia antes. O pior é quando não sabemos onde ele está. O ratão não apareceu nem morto pelos cantos. Não vi mais seus vestígios mas não consigo mais descansar em paz. Só penso no dia em que vou abrir a porta e ele estará lá, mais gigante que nunca, sentado no sofá lendo o jornal e comendo soja em um potinho.


Magali Impliquete: há 26 pensando demais, costumo ser motivo de chacota por relatar meus problemas cotidianos como "muito difíceis". Reclamona profissional e piadista amadora, dou risada sozinha nas horas vagas. Meu hobby é corrigir a pronúncia e outros erros de vocabulário de qualquer um, do motorista ao cobrador, além de ouvir a conversa alheia para escrever aqui.

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