Tony Goes

A Mulher-Maravilha não ganhou menos que o Superman, mas Hollywood ainda paga menos às atrizes

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A notícia surgiu na segunda-feira (19) em sites internacionais e viralizaram mundo afora. E nem era para menos: como assim, a "Mulher-Maravilha" ganhou 46 VEZES menos que o "Superman"??

Era o que diziam os números divulgados por matérias em sites como o das revistas "Variety" e "Elle". O salário de Gal Gadot por "Mulher-Maravilha" teria sido de US$ 300 mil (equivalente a R$ 990 mil). Uma cifra razoável para qualquer mortal comum, é claro — mas inferior, como o "F5" ressaltou, ao prêmio de um milhão e meio de reais que Emilly Araújo levou ao vencer o BBB17.

E muito, mas muito inferior aos US$ 14 milhões que teriam sido pagos a Henry Cavill pelo filme "Homem de Aço", que relançou o "Superman" em 2013. Ou seja: apesar de ambos atores serem pouco conhecidos quando seus filmes de super-herói foram lançados, ela recebeu cerca de 2% do que ele.

Só que não foi bem assim. Segundo uma análise publicada pela "Variety", Henry Cavill de fato faturou os tais US$ 14 milhões, mas eles podem corresponder a um bônus por participação nos lucros do filme, ou por um cachê pago por sua performance em todos os filmes em que encarnou o "Superman" — incluindo aí "Batman vs. Superman" (2015) e "Liga da Justiça", que entra em cartaz no final deste ano.

É comum que o salário de um ator cresça a cada filme da mesma franquia, englobando bônus e participação na bilheteria. A "Variety" ainda diz que o contrato inicial de Henry é similar ao de Gal, ou seja, ele também pode ter ganho 'apenas'  US$ 300 mil por "Homem de Aço".

O mesmo já deve estar acontecendo com Gal ​Gadot —  que, aliás, reaparecerá como a "Mulher-Maravilha" em "Liga da Justiça" (e uma continuação já está prevista). Ou seja: dentro de poucos anos, ela pode se tornar a primeira mulher a ganhar US$ 50 milhões por um único filme.

Isto não quer dizer que Hollywood esteja se tornando mais justa com as atrizes. Elas sempre ganharam bem menos que os atores, sob a justificativa de não atraírem um público tão numeroso quanto eles.

Nos anos 1990, Julia Roberts era a única mulher a frequentar no Clube do Bolinha dos milionários, que incluía Tom Hanks, Tom Cruise e Arnold Schwarzenegger. Mais recentemente, Jennifer Lawrence entrou para essa turma, graças ao sucesso da tetralogia "Jogos Vorazes", da franquia "X-Men" e do Oscar conquistado em 2012 (por "O Lado Bom da Vida").

Mesmo assim, a desigualdade continua. Patricia Arquette fez um discurso histórico ao aceitar o Oscar de atriz coadjuvante por "Boyhood" em 2015, exigindo pagamento igual ao dos homens — e foi aplaudida de pé por ninguém menos que Meryl Streep.

Robin Wright também revelou que, apesar de ter recebido aumento, continua ganhando menos que Kevin Spacey, que co-protagoniza com ela a série "House of Cards" (Netflix).

Mas o fato é que o jogo mudou, e nem mesmo um astro consagrado é garantia de bilheteria — haja vista o fracasso de "A Múmia", que vai dar prejuízo mesmo sendo estrelado por Tom Cruise.

O que realmente enriquece um ator hoje em dia é embarcar numa franquia de sucesso. A cada novo filme, seus rendimentos crescem exponencialmente. E, no momento, não há nenhuma mulher melhor posicionada do que Gal Gadot para romper mais este teto de vidro. Não é uma maravilha?


Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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