Diretor e ator, Ben Affleck deixou seu papel mais glamuroso em filme
De vez em quando surge um filme que agrada a todo mundo: homens, mulheres, jovens, velhos, cabras, todo mundo. O penúltimo lançamento desse tipo foi o francês "Intocáveis", que há mais de dois meses comove plateias contando a relação de um milionário tetraplégico branco com seu cuidador negro.
Agora é a vez de "Argo", que estreou sexta-feira passada nos cinemas brasileiros depois de arrancar elogios e fazer boa bilheteria nos Estados Unidos. Mas o terceiro longa-metragem dirigido pelo ator Ben Affleck deve ir ainda mais longe: segundo os sites especializados, já é um dos favoritos para o próximo Oscar.
"Argo" é versão fantasiada de um episódio real que permaneceu em segredo durante muitos anos: o resgate de seis funcionários da embaixada americana em Teerã, que foi invadida por uma turba ensandecida em 1979, na esteira da revolução que derrubou o xá e instaurou uma república islâmica no Irã.
Os seis conseguiram refúgio na vizinha embaixada do Canadá, mas não tinham como sair de lá. Foi então que a CIA bolou um plano mirabolante para tirá-los do país: eles se fariam passar por uma equipe de filmagem canadense, em busca de locações para um filme de ficção-científica chamado "Argo".
Claro que Ben Affleck reservou para si mesmo o papel principal, o do agente Tony Mendez - que era muito menos glamuroso do que o ator na vida real, como se pode ver na foto que aparece durante os créditos finais.
A trama também ganhou perseguições e tiroteios que tampouco aconteceram, além de diálogos recheados de boas tiradas sobre Hollywood. Não importa: tudo isto faz com que "Argo" seja eletrizante e engraçado ao mesmo tempo, além de uma pequena aula sobre a geopolítica do Oriente Médio.
Ben Affleck já havia causado boa impressão com seus dois filmes anteriores, "Medo da Verdade" e "Atração Perigosa". Agora pode ir se preparando para sua primeira indicação ao Oscar de melhor diretor. Periga até ganhar: a Academia adora premiar atores que passaram para o outro lado das câmeras, como Clint Eastwood, Warren Beatty, Kevin Costner e Mel Gibson.
Do elenco de "Argo", Bryan Cranston, John Goodman e Alan Arkin também estão cotados para o troféu de ator coadjuvante. O filme ainda pode ser lembrado em categorias como roteiro adaptado, fotografia e direção de arte (a reconstituição de época é perfeita).
Claro que a concorrência será acirrada. "O Lado Bom da Vida", do diretor David O. Russell, foi o favorito do público no último festival de Toronto, geralmente um bom termômetro para o Oscar ("Argo" ficou em segundo lugar). E Steven Spielberg, quase sempre uma aposta segura, ataca este ano com "Lincoln", estrelado por Daniel Day-Lewis.
Mas por enquanto "Argo" segue como o mais cotado. Aliás, merece: o ritmo vertiginoso e as boas atuações prendem a atenção do espectador do começo ao fim. É um digno filme-pipoca, sem grandes pretensões artísticas mas extremamente competente. Pode levar sua mãe, seu filho, sua namorada, quem você quiser. Todo mundo vai gostar.
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