Tony Goes

"American Horror Story": sexo, sangue e látex preto

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A atual temporada da TV americana, que estreou em setembro passado, vai mal das pernas. Poucas das séries novas estão fazendo algum sucesso, e várias já foram canceladas sem dó nem piedade. Foi o caso de "The Playboy Club", que tentou recriar o glamour das coelhinhas dos anos 60 e só encontrou a indiferença do público.

Mas há um programa que vem se destacando no meio desse marasmo. É "American Horror Story", que por lá é exibida pelo canal FX e aqui pelo Fox (terças, às 23 h), ambos por assinatura. Esse detalhe é importante: só mesmo na TV paga que tanto sexo e violência poderiam ser mostrados.

Na verdade, o sucesso já era esperado, pois os criadores de "AHS" emplacaram dois triunfos nos últimos anos. O primeiro foi "Nip/Tuck", sobre o universo da cirurgia plástica; o segundo, o inescapável fenômeno "Glee", que já chegou até às manhãs de sábado da Globo.


Dessa vez Ryan Murphy e Brad Falchuk decidiram apostar no terror. A premissa da dupla não era das mais originais: uma casa mal-assombrada, talvez o maior clichê do gênero. Mas eles conseguiram ir além, e não só por que rechearam a trama de erotismo. O que realmente prende o espectador são os dramas pessoais dos personagens, que a tal da casa só faz ampliar.

Vivien (Connie Britton) perdeu o bebê que esperava ao flagar o marido Ben na cama com outra. Este é vivido por Dylan McDermott, que, aos 49 anos, está numa forma espetacular. E que a produção explorou ao máximo no capítulo de estreia, exibindo-o pelado quase metade do tempo.

Em busca de um recomeço, o casal se muda para Los Angeles e compra uma mansão por um preço irrisório. Junto com eles vai a filha, Violet, que é feita por Taissa Farmiga --irmã de Vera, que foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por "Amor sem Escalas" em 2010. Mal sabem eles que o lugar é povoado por uma multidão de atormentados, vivos ou mortos.

O mais apavorante é o "infantata", um bebê monstruoso que se esconde no porão. Há também a empregada Moira, uma senhora de meia-idade --que no entanto aparece no esplendor dos 20 anos aos olhos do novo patrão. E um ex-morador que tem o rosto coberto por cicatrizes de queimaduras, que já no primeiro episódio vem avisar que a casa o fez matar sua própria família.

Estes dois últimos são interpretados por veteranos de outras séries arrepiantes: ela, por Frances Conroy, a mãe da família disfuncional de "A Sete Palmos"; e ele, por Denis O'Hare, o "rei dos vampiros do Mississipi" em "True Blood". Mas neste ótimo elenco ninguém brilha mais do que Jessica Lange.

A estrela duas vezes "oscarizada" aparece se divertindo muito como a venenosa vizinha Constance, que tem um passado questionável e uma filha com deficiência mental, que sempre aparece sem ser convidada. É meio de mau gosto usar um personagem (e uma atriz) deficiente para provocar sustos, mas este não é o único excesso cometido pelo seriado.

Há também um adolescente com potencial de serial killer, uma coleção de fetos conservados em formol e uma criatura misteriosa vestida de látex preto da cabeça aos pés, que pode ter engravidado a protagonista.

"American Horror Story" tem tramas paralelas demais, e sem dúvida que é uma série apelativa. Mas por enquanto está divertida: vamos ver se mantém o pique até o final da temporada.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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