Rock in Rio pela TV vira desfile de carnaval sem samba
Ver carnaval pela TV é divertido. Nada faz muito sentido. Mas é engraçado acompanhar as escolas que excedem o limite de tempo, a tensão dos carros que não passam embaixo de viadutos e as celebridades bêbadas em camarotes VIPS.
Quem acompanhou os três primeiros dias de Rock in Rio pelo Multishow, que transmitiu ao vivo os shows do palco principal, teve uma prévia da cobertura carnavalesca do próximo ano (faltou o samba, claro, melhor que a maioria das atrações do Rock in Rio). Mas o clima de espetáculo foi o mesmo. Com direito a comentaristas falando bobagens para encher espaço, gafes, atrizes meio bêbadas no camarote VIP e famosos variados dizendo que "estavam animados e aproveitando muito". Enfim, pouco rock, muito espetáculo.
Esqueçam a música. O que se viu pela TV foram apresentações-show. Claudia Leite, a mais malhada pela crítica, trocou de figurino várias vezes e acabou içada do palco. Espetáculo pop. Pouco rock. Simples assim. O mesmo clima se viu em vários outros momentos do festival de "rock": queima de fogos, cenários mirabolantes e (como sempre) artistas gringos empunhando bandeira do Brasil e camisetas da seleção brasileira (até quando?).
E, como bom festival da era da fama, houve também espaço para celebridades instantâneas. Um tal Julio, de Sorocaba, ficou famoso por ter sido escolhido para subir no palco de Kate Perry. Em dois dias, ele já tinha 40 mil seguidores no Twitter e pensava no que fazer da vida para aproveitar a fama.
Se sentimos saudades de Kurt Cobain destruindo guitarras, de Renato Russo dando escândalo com a plateia ou da delicadeza de Michael Stipe tomando caipirinha no palco no Rock in Rio de 2011? Sim. Mas nada disso vai ser visto nessa edição do Rock in Rio. Melhor não reclamar. E se divertir com o espetáculo (muitas vezes patético) da fama.
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