Celebridades

Amiga de integrantes do MPL, Bruna Lombardi lança filme inspirado em movimentos sociais

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Bruna Lombardi conheceu seu poder em 2011, quando diz ter aumentado o número de turistas que fazem o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, com o filme "Onde Está a Felicidade?".

Foi então que pensou em ampliar essa influência para a própria cidade. "Pensei: por que São Paulo não está no meu radar? Quero fazer algo pela minha cidade". E começou a escrever o roteiro de "Amor em Sampa", que estreia nesta quinta (25).

Carioca só de berço, Bruna cresceu na capital paulista, nos Jardins. Hoje vive no Morumbi —"mas não sou elitista!", pontua— com o marido Carlos Alberto Riccelli, que assina a direção do longa com o filho do casal, Kim Riccelli. Os três também estão no elenco do filme, que conta várias histórias paralelas paulistanas que acabam se entrelaçando.

O roteiro nasceu mais ou menos igual São Paulo: tinha tanta gente que não estava cabendo no filme. Bruna precisou limar alguns personagens e tramas, optando por apenas seis delas.

Ela vive Anis, uma viúva milionária que passa a ter de tomar decisões pela empresa herdada. Mas as aspirações da nova acionista majoritária, para desespero geral, vão na contramão dos engravatados: ela se preocupa com sustentabilidade, bem-estar do cidadão e mobilidade urbana.

"Eu queria fazer uma coisa urgente para ajudar a cidade", justifica a atriz, que no passado já foi às ruas pelas Diretas Já. "Hoje sou ativista de outra forma, não saio mais nas ruas, mas acredito que o direito de se expressar é fundamental". Para fazer o longa, conheceu movimentos sociais, a que chama de "heróis anônimos".

 
O filme foi gravado durante dois meses, coincidentemente entre junho e julho de 2013, quando estouraram em São Paulo as manifestações pela redução da tarifa do transporte público, mais tarde dando origem a uma onda de protestos com várias reivindicações.

A atriz, que se diz amiga de integrantes do Movimento Passe Livre, sem citar nomes, é pela redução da tarifa e pelo incentivo das bicicletas na cidade. Com exceção do taxista Cosmo (Riccelli), nenhum personagem no filme anda de carro. Rodrigo Lombardi, o galã Mauro, roda a cidade de bike. Já Tutti (Mariana Lima) tem uma cena noturna no metrô.

Além da mobilidade, outros temas sociais entraram no roteiro, como casamento gay, desigualdade social e até câncer, embora todos com abordagens superficiais e estereotipadas.

"Eu uso estereótipos para conseguir o reconhecimento imediato do público, mas depois desconstruo ele", justifica Bruna. A personagem de Miá Mello, Lara, é uma jovem pobre e interesseira que sonha em encontrar um marido "bem rico e bem velho" para sustentar seus luxos. Já Matheus (Kim Riccelli) é um diretor teatral que seduz as atrizes iniciantes.

Soltando a voz

À lá Woody Allen em "Todos Dizem Eu Te Amo" (1996), Bruna decidiu que o filme seria também um musical. Cada personagem tem uma canção original, todas compostas pela família.

Quando cantam, eles transcendem seus sentimentos, explica a autora. "Um dia eu estava escrevendo e falei 'Ri, você não sabe o que está acontecendo: os personagens estão cantando!'", lembra ela. "É porque tudo que eu faço é muito orgânico, esses personagens foram surgindo naturalmente. Não sou uma pessoa muito racional".

De todo o elenco, os únicos que já cantavam profissionalmente eram Michele Mara e Tiago Abravanel. Mas todo mundo tem seu momento "The Voice". As canções são todas de Riccelli: "Eu mesmo compus, não tínhamos orçamento para pagar um compositor", revela. Bruna também não teve ajuda para escrever os diálogos: tudo saiu de sua cabeça.

Poder transformador

Dona de uma página no Facebook com 1,9 milhão de seguidores, a atriz se orgulha de inspirar pessoas —principalmente as mulheres, aponta.

Autora do livro "O Jogo da Felicidade", ela acredita que a resposta para tudo —até para um corpão de cair o queixo aos 63 anos, muito bem explorado no filme, aliás— está no autoconhecimento.

"Eu incentivo as pessoas a se conhecerem, buscarem sua essência, sua transparência. A beleza está na nossa verdade, na nossa relação com as pessoas. A beleza começa na gentileza. Uma pessoa que maltrata a empregada, não é bonita, por exemplo. Pode ter o rosto que tiver", defende.

Otimista em relação à cidade e ao país, Bruna espera com serenidade uma repercussão positiva do filme. "Em meio a uma crise, a injeção de ânimo é tudo o que a gente precisa. Temos que trazer coisas transformadoras, é preciso ser otimista. Recebo recados de gente falando que saiu de uma depressão ajudada pelas coisas que eu escrevo na minha página. Tenho esse tipo de depoimento".

 
 
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