Celebridades

Filme sobre a lenda do pornô Linda Lovelace perturbou elenco

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"Lovelace", a esperada adaptação para o cinema da biografia de Linda Lovelace (1949-2002), protagonista do clássico pornô "Garganta Profunda" (1972), parece ter um efeito perturbador nos seus envolvidos.

A atriz Amanda Seyfried precisou brigar com seus agentes para conseguir o papel da estrela pornô involuntária dos anos 1970, a mulher que serviu de imagem para toda uma revolução sexual nos EUA naquele período.

"As pessoas subiram na cadeira quando disse que faria o filme. Elas ficaram assustadas", revela Seyfried, que virou morena no drama dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman.

"Há muita gente que espera certas coisas de mim. Me sinto explorada quando me pedem que fique calada ou pegue papéis de menina boazinha. Mas preciso me proteger e ser eu mesma. E eu precisava desse papel", disse ela à Folha, ontem, após a exibição do filme no Festival de Berlim.

De exploração, Chuck Traynor (Peter Sarsgaard), o namorado (e cafetão) de Linda Lovelace, conhece bem. No filme, baseado em diversos livros escritos pela estrela pornô, Traynor é retratado como um sujeito violentíssimo, que enchia a namorada de pancada e a forçou a fazer pequenos vídeos eróticos e, depois, produções como "Garganta Profunda".

Crédito: Johannes Eisele/AFP A Amanda Seyfried no Festival de Berlim
A Amanda Seyfried no Festival de Berlim

NUNCA MAIS

Sarsgaard ficou tão abalado pelo papel que não conseguiu apresentar o longa na première mundial no Festival de Sundance, mês passado.

"Pela primeira vez eu vi as pessoas aplaudindo meu trabalho e aquilo me emocionou, porque eu não queria fazer o filme no começo", comentou o ator à Folha.

"Não queria o papel porque tenho filhas e Traynor é um personagem terrível. Aquilo me fez muito mal. Por sorte, passei os 28 dias de filmagens longe da família, em Los Angeles", diz o ator.

Ele é casado com a atriz Maggie Gyllenhaal ("Batman - O Cavaleiro das Trevas"), com quem tem duas filhas. "Nunca mais quero fazer o papel de um estuprador."

Os diretores Epstein e Friedman não ficaram incólumes a uma história repleta de personagens secundários (James Franco faz uma personificação assustadora de Hugh Hefner, dono do império da "Playboy") e dramas.

Lovelace ficou viciada em tranquilizantes nos anos 1970 e depois liderou uma cruzada antipornô nos anos 1980, além de ter escrito livros que distorcem certos fatos de acordo com a sua tendência moral daquele momento.

Os diretores precisaram refazer cenas para o final, que iria além da década de 1980, e deixou outras tantas no chão da montagem para concentrar-se nos bastidores de "Garganta Profunda".
"Não queríamos explorar uma personagem abusada na vida real", diz Friedman.

"Lovelace" é um retrato limitado de um certo período de uma personagem real interessante. O filme não descamba para o mau gosto, porém não tem a ousadia necessária que o período exigia --como mostrou o diretor Paul Thomas Anderson no filme "Boogie Nights" (1997).

As cenas de nudez são mínimas e as de sexo sugerem mais do que revelam."Eu falei que tiraria toda minha roupa para esse filme", diz Seyfried.

"Nosso objetivo era humanizar aquela mulher e mostrar o período em que ela foi abusada por Traynor", diz Epstein. "Não queríamos fazer um filme pornô."

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