Celebridades

Livro reúne fotos inusitadas de mais de 140 celebridades

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Não são rostos quaisquer. Jairo Goldflus fotografa celebridades, gente que de tão retratada virou quase uma grife e teve tempo de cultivar cacoetes na hora de posar. É desses maneirismos que ele tenta fugir. O resultado está em "Público", livro que o fotógrafo acaba de lançar.

Godflus fez Cauã Reymond se vestir como a roqueira Courtney Love, transformou Marília Gabriela em Rainha de Copas, deu os brincos de Tarsila do Amaral a Bete Coelho, ressuscitou Marlene Dietrich numa imagem de Christiane Torloni e tirou a pose de galã de Reynaldo Gianecchini, retratado como
um velhinho grisalho.

"Não é tão complicado, o que eu quero é naturalidade", diz Goldflus à Folha, em seu estúdio em São Paulo. "Mas o fato de ser o rosto de uma celebridade tem apelo maior que o de um desconhecido."

Também tem apelo maior as imagens mais cruas das 142 reunidas no volume. Livres da cenografia pesada e excessos de maquiagem, seus retratos em preto e branco de gente como a pianista Maria João Pires, o fotógrafo Sebastião Salgado e a atriz Cleyde Yáconis conseguem ser um tanto mais contundentes.


Talvez tenha a ver com o fato de essas serem personalidades que Goldflus fez questão de retratar, ao contrário de outras que ele aproveitou para fotografar enquanto fazia um projeto publicitário.

Ele foi a Bruxelas ver um ensaio de Maria João Pires -e conta que ela tocou 40 minutos de Brahms e Chopin para ele sozinho- e capturou um raro retrato de Salgado, avesso a posar para fotografias.

São essas imagens que revelam algumas das influências no trabalho de Goldflus, de fotógrafos que também ajudaram a eternizar celebridades como Richard Avedon, Helmut Newton ou Irving Penn, de quem diz "sentir um sopro" em seu trabalho.

"Goldflus lida com algo delicado, que é a questão da celebridade", observa Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo. "É o limite entre uma imagem para consumo e um retrato definitivo."

Na opinião de Moura, são definitivas as imagens de Yáconis, sentada na cabeceira de uma mesa, duplicada pelo reflexo fosco sobre o tampo, e de Fernanda Montenegro, no mesmo livro.

"Tem toda a sua história e as memórias naquele olhar deslumbrante e no sorriso", diz Moura sobre o retrato de Montenegro. "Tudo está ali."

A cumplicidade no olhar entre fotógrafo e retratado aparece em várias imagens, algo que parece se dever ao método de Goldflus. Ele retrata seus personagens enquanto conversa com eles, sem se esconder atrás da câmera, usando um disparador remoto e olhando nos olhos dos retratados quando clica.

"Eu criei um método: vou conversando e, quando acho que tem um momento, eu paro", conta Goldflus. "Sou falastrão e gosto de quem gosta de falar. São horas de conversa e minutos de cliques." (silas martí)

PÚBLICO
AUTOR Jairo Goldflus
EDITORA Livre
QUANTO R$ 250 (238 págs.)

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