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Operador de escavadeira diz que não curtiu memes sobre navio encalhado em Suez

Abdullah Abdul-Gawad, de 28 anos, diz ainda não ter sido pago pelo trabalho

Operador de escavadeira tenta liberar navio em Suez - Autoridade do Canal de Suez
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São Paulo

Os memes sobre o navio Ever Given, que ficou atravessado no mês passado no canal de Suez, no Egito, fizeram muita gente rir, mas não agradaram a quem estava trabalhando no local. Abdullah Abdul-Gawad, 28, o operador da escavadeira que tentou liberar a embarcação disse que a situação não tinha nada de engraçada.

Em entrevista ao site Business Insider, ele contou que o que ele viveu naqueles dias envolveu muitos riscos para ser encarada como brincadeira. "A questão é que eu estava com medo de que o navio pudesse inclinar-se muito para um lado ou para o outro", afirmou. "Porque se ele cai do meu lado, então é adeus para mim, e adeus para a escavadeira."

"Quando você vê o tamanho do navio e vê o tamanho da escavadeira, é absolutamente assustador", lembra. "Não pode ser realmente engraçado para mim porque eu não sabia se este navio ia sair ou não, e eu estava no meio da situação."

O operador disse ainda que os memes deram a ele a sensação de que "todo mundo estava apenas tirando sarro". "Eu estava sentindo que, em vez de zoar, as pessoas poderiam realmente fazer algo para me ajudar a acreditar que conseguiria tirar este navio", reclamou.

Porém, a repercussão o ajudou, de certa forma, a continuar trabalhando. "Foi isso o que me deixou tão determinado", contou. "Eu estava tipo: 'Você está tirando sarro de mim?'. Então, com certeza vou provar que posso fazer isso."

Abdul-Gawad disse que ele e os colegas ficavam 21 horas sem dormir enquanto estavam na missão. Eles só descansavam por cerca de 3 horas por noite em um quartel que ficava próximo ao local.

"Eles sabiam que, se fôssemos para casa, não nos veriam em pele ou cabelo por mais oito ou nove horas", afirmou. Ele disse que todos da equipe estavam "quase mortos de exaustão" quando o navio finalmente desencalhou no dia 29 de março.

"Tínhamos sido forçados ao nosso limite", contou. "[Porém,] por mais cansados que estivéssemos, quando vimos o navio partir, foi como se o cansaço tivesse evaporado, por causa da sensação de realização."

O operador contou ainda não ter sido pago pelo trabalho nem ter recebido qualquer reconhecimento oficial pela atuação até o momento. Mesmo assim, não se arrepende de ter participado da empreitada.

"É uma conquista para o Egito primeiro, mas é uma conquista para mim também", avaliou. "Isso é algo que acontece talvez uma vez na vida ou, você sabe, talvez duas vezes. É algo para se orgulhar."

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