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Quando a pandemia faz vibrar o mercado dos brinquedos sexuais

Pessoas de diferentes países afastam preconceito e se rende a eles

Vibradores em promoção em sex shop - Leandro Colon - 12.jul.14/ Folhapress
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Alexandra del Peral
Paris
AFP

Muitos o tinham em mente, sem ousar dar o passo. Mas o distanciamento social imposto pela pandemia mudou as coisas e fez as vendas de brinquedos sexuais dispararem, integrando-se naturalmente à vida íntima de solteiros e casais.

Paris, Sydney, Berlim, Tóquio... Milhões de pessoas compraram pelo menos um brinquedo sexual desde o início da pandemia da Covid-19, de acordo com as marcas consultadas pela AFP.

Sofía*, uma jovem solteira de 29 anos, decidiu pela primeira vez adquirir um com o confinamento de março de 2020 na França, apesar de seus "preconceitos" e "barreiras psicológicas".

"Sabia que era uma boa hora, que estávamos entrando em um período louco em que eu iria cortar todos os laços sociais e amorosos. Agora acho que comprar um vibrador é uma coisa normal", disse à AFP.

"Foi o nosso investimento do ano!", contou Ariane*, que vive em casal. Como Sofia, esta mulher de 33 anos "não teria comprado um brinquedo sexual se a Covid não tivesse existido". Mas o desejo por "novas descobertas" venceu sua relutância.

"BEM-ESTAR SEXUAL"

O grupo berlinense Wow, que comercializa sete marcas, teve um ano excepcional, especialmente graças ao seu popular Womanizer, um estimulador do clitóris, cujas vendas triplicaram no ano passado, atingindo mais de 4 milhões de unidades desde o seu lançamento.

O mesmo acontece com a marca do mesmo grupo We Vibe, que vende brinquedos sexuais conectados para casais. Suas vendas aumentaram 40% em um ano. O mercado europeu da marca sueca LELO cresceu 10% apesar do fechamento de suas lojas, segundo seu chefe na França, Quentin Bentz.

Para Christophe Manceau, diretor da divisão de mídia do gabinete Kantar, autor em 2018 de uma reportagem sobre o mercado do sexo, esses números são explicados sobretudo pela "invasão da pornografia na sociedade" nos últimos anos.

De acordo com seu estudo, o mercado do sexo está avaliado em US$ 50 bilhões (R$ 270 bi), dos quais metade equivaleria apenas aos brinquedos sexuais. "A sociedade ocidental entrou na era da banalização do bem-estar sexual. Agora, comprar um brinquedo sexual não é mais tabu, pelo contrário", analisa.

"LÚDICO E TRIVIAL"

"Os brinquedos sexuais se democratizaram completamente", confirma a historiadora da sexualidade Virginie Girod. "Há vários anos, não é mais percebido como algo de que se envergonhar, mas como um objeto lúdico e trivial".

Uma "democratização" que se deve sobretudo ao fato de já ser possível falar abertamente do prazer feminino, graças à mobilização do público e das celebridades.

É o caso da cantora britânica Lily Allen, imagem de uma marca de brinquedos sexuais femininos, e da atriz Emma Watson, que promove um site que enaltece a masturbação feminina.

Ao mesmo tempo, as empresas começaram a repensar esses objetos: adeus às formas fálicas e pouco ergonômicas. Agora o brinquedo sexual pode ser colorido, conectado, quase como um objeto de decoração, como o da novíssima marca Biird, que também funciona como abajur de cabeceira.

O objetivo comercial é claro: atrair um público de "comprador de primeira viagem". Patrick Pruvot, fundador de várias sex shops na França, corrobora que nos últimos meses vendeu principalmente para novos clientes: mulheres e homens, entre 20 e 60 anos.

* Os nomes foram alterados.

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