Televisão

Com trama de amor leve e solar, 'Flor do Caribe' foi marco na carreira de Grazi Massafera

Folhetim de Walther Negrão reestreia na Globo nesta segunda-feira (31)

Ester (Grazi Massafera) e Cassiano (Henri Castelli) em 'Flor do Caribe' João Miguel Júnior/Globo

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São Paulo

Para Grazi Massafera, é impossível falar de Flor do Caribe" sem mencionar sua filha, Sofia. A novela de autoria de Walther Negrão, exibida originalmente em 2013 pela Globo, começou a ser gravada logo após a atriz dar à luz sua primeira menina, e acabou sendo responsável por um dos papéis mais elogiados do início de sua carreira.

"Eu estava à flor da pele com a maternidade, havia acabado de ter Sofia", lembra a atriz em conversa com a imprensa via videoconferência, à qual o F5 participou. "E viver uma protagonista é pesado, com trabalho de segunda a sábado. Fui perdendo um pouquinho de peso. Mas fui aproveitando cada momento, curtindo e sofrendo com a rotina."

Na trama, Grazi é Esther, uma guia de turismo que vive uma grande paixão com Cassiano (Henri Castelli), piloto da Aeronáutica e seu amigo há anos, mas cujo romance é constantemente dificultado por um terceiro amigo, Alberto (Igor Rickli), que também nutre uma paixão por ela. Algumas das artimanhas levam a trama até terras internacionais, o que possibilitou que o elenco viajasse junto para a Guatemala.

Jayme Monjardim, o diretor artístico do folhetim, diz que o momento foi essencial para consolidar a relação entre a equipe, “como se fossemos um corpo único”, e permitir que realizassem um bom trabalho ao longo de um ano de gravações. Até Sofia esteve na Guatemala e pôde passar mais tempo com a mãe. “Era um 'mascotinho' da novela”, brinca Grazi.

O anúncio da reprise da trama foi uma boa surpresa para grande parte do elenco. Henri Castelli diz que ficou muito surpreso, mas feliz, por esse ter sido um trabalho que envolveu muito “coração, dedicação, alma e identidade”. “Essa volta foi um lindo presente. Vivemos um momento muito complicado e podemos assistir novamente no ar é maravilhoso”, diz ele, lembrando que sua filha também estava nascendo no momento das gravações.

Para a atriz Claudia Netto, que interpreta a socialite Guiomar, mãe de Alberto, foi um dos papéis mais importantes de sua carreira. "Eu pude cantar, praticar de tudo”. Jean Pierre Nohe, por sua vez, diz que ainda é reconhecido por seu personagem, o estelionatário Duque: "Toda vez que estou no Rio [de Janeiro], os motoristas lembram dele. Foi um dos mais marcantes que vivi, como um personagem estrangeiro".

Juca de Oliveira, que interpreta o pai de Esther, Samuel, diz que aprendeu informações importantes com seu personagem, que é órfão de pais mortos no regime nazista e foge para o Brasil, onde vive traumatizado.

"Fui tocado pela tragédia daquele menino. Como, depois disso, ele poderia ter uma cena de solidariedade, amizade, fraternidade e alegria, principalmente?", questiona. "A construção desse personagem foi difícil. Consultei judeus egressos no Brasil, que sobreviveram. Consultei também psiquiatras, para saber como seria o comportamento dele."

Já Luiz Carlos Vasconcelos, que interpreta o mestre-pescador Donato, personagem essencial do núcleo da Vila, diz que se sentiu impactado. A novela, para ele, foi um lugar de aprendizado "muito bacana, novo e prazeroso". “Donato me levava a lugares muito dolorosos. Vivi ao longo da novela cenas muito fortes”, diz ele, lembrando que sofreu um acidente de moto quando precisou descer um barranco no Rio Grande do Sul para cena. “Cheguei a sangrar [...], foi uma cena de confronto comigo mesmo."

Sua esposa na trama, Cyria Coentro, diz que a cozinheira Bibiana foi um dos personagens mais interessantes de sua carreira justamente por destoar da carga dramática e densa que costuma ter em outros papéis. “Foi mais solar, bem feliz”, lembra. "Experimentei esse lugar mais doce. Foi uma novela que amava fazer, que eu não sofria. [...] Depois dessa novela, foi uma tragédia atrás da outra."

A história é muito diferente da de Doralice (Rita Guedes), a governanta da casa de Dionísio Albuquerque (Sérgio Mamberti) e esposa de Quirino (Aílton Graça). “Meu personagem sofreu muito a novela inteira. Era uma mulher que queria a todo custo engravidar. Ela foi passando por vários obstáculos até conseguir isso. Foi um dos personagens mais distantes da minha visão de mundo, porque ela tinha desejos muito diferentes. Ela me ensinou muito e me deu um outro olhar sobre família e maternidade."

José Loreto também está na trama como o ingênuo Candinho, que vive em um sítio. “Nunca fiz um personagem tão leve, tão puro. Foi muito importante para mim, em termos de carreira, e como humano. Se não foi o mais importante, foi o mais delicioso de fazer. É o único personagem que eu fiz e que eu mostro para a minha filha sem medo”, brinca o intérprete.

A trama, que teve média geral de 21 pontos de audiência em São Paulo quando foi exibida originalmente, tem a missão de manter ou superar a reexibição de sua antecessora, “Novo Mundo”, que somou 19 pontos de média parcial até sua penúltima semana de reexibição.

Mas, segundo Loreto, a meta é possível. “A reprise veio mais forte do que foi o lançamento”, diz ele. Juca de Oliveira completa: “O espectador vai adorar ver essa novela, vai se reconciliar com o ser humano, a despeito de um período tão trágico que estamos vivendo”.

Por conta da curta experiência até então, Grazi diz que “sofreu” para criar veracidade em algumas cenas da trama, como a do retorno de Cassiano, após ele ter sido dado como morto. “Quando a cena não era minha, eu ficava do lado para assistir e aprender. Foi lá que aprendi a trabalhar e resolver o meu dia a dia. Independentemente das minhas emoções pessoais. Dei uma ‘graduada’”, diz.

"Em 'Flor do Caribe', meu ego ainda estava em primeiro lugar. O ego me fazia produzir. Hoje consigo me descolar mais de mim, estudar para chegar na emoção que meu personagem precisa [...] De lá para cá, eu me apaixonei pela profissão. Hoje eu me divirto como atriz. Trabalho, mas tenho paixão pelo que faço."

Agora, a protagonista se anima para, finalmente, poder assistir à trama com mais maturidade e ao lado da filha. "Vou assistir pela primeira vez com minha filha, então vou rir, me criticar, mas me divertir", diz Grazi.

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