Televisão

'Novo Mundo' narra fatos históricos que abrem caminho para 'Nos Tempos do Imperador'

Autores apontam cenas para se atentar na trama antes de assistir à continuidade

Pedro ( Caio Castro ) e Leopoldina ( Letícia Colin ) Tata Barreto/Globo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Desde que a pandemia do novo coronavírus avançou pelo Brasil, a Globo decidiu pausar as gravações de suas novelas e reprisar sucessos antigos, como "Fina Estampa" e "Totalmente Demais". Uma escolha inteligente para o horário das 18h foi a reprise de "Novo Mundo" (2017), que foi a base para a criação da novela que estrearia neste horário se as produções não fossem interrompidas: "Nos Tempos do Imperador".

Se na obra de três anos atrás Caio Castro interpretava dom Pedro 1° em um cenário de luta pela Independência do Brasil, a nova produção é protagonizada por Selton Mello como dom Pedro 2°, um viajante imperador, querido pelo povo, que trabalha pelo progresso do país e para ampliar os horizontes da população ao investir na educação.

A nova história começa em 1856, 34 anos após a Independência, em um Brasil que busca sua identidade. Desta forma, "Novo Mundo" cria uma ponte natural para a nova trama, que inclusive tem os mesmos autores de sua antecessora --Thereza Falcão e Alessandro Marson.

"É interessante notar que ambas as histórias acontecem no Rio de Janeiro. Em 'Novo Mundo' vemos ruas mal calçadas, um comércio precário, escravizados sendo açoitados em praça pública e desfilando acorrentados rumo aos mercados. Em 'Nos Tempos do Imperador' já não há tráfico de escravos há alguns anos, e essa imagem desumana já não é vista pelas pessoas, embora ainda exista de forma clandestina. Veremos muitos escravizados trabalhando nas ruas como vendedores, barbeiros e quituteiros”, diz Falcão, em entrevista ao ​F5.

Os autores afirmam que em "Nos Tempos do Imperador" o cenário é de europeização do Brasil, com mais parques, ruas arborizadas, comércio refinado e salões de chá e de dança. Um exemplo claro será a personagem de Vera Holtz, Lota Pindaíba, que sonha ter o título de nobreza e se prepara para acompanhar os novos hábitos.

Ao contrário de "Novo Mundo", que já iniciava com a chegada da missão austríaca que acompanhou Leopoldina (Letícia Colin), a nova novela tem poucos estrangeiros --especialmente, poucos portugueses, que eram majoritariamente donos dos negócios.

"Em 'Novo Mundo' mostramos uma grande preocupação de dom Pedro 1° em manter a unidade do Brasil, proclamando a Independência. Muitas províncias, no entanto, continuavam obedecendo a Portugal. Após a Independência eclodiram muitas revoltas", afirmam os autores.

"Em 'Nos Tempos do Imperador' vemos dom Pedro 2° ainda lutando com a mesma questão, e, por isso, empreendendo viagens pelo país, para se fazer conhecido e ter o país unido sob sua figura. A viagem que ele e a imperatriz fizeram ao Nordeste, em 1859, será retratada no fim do primeiro mês. Nesta viagem, reencontraremos alguns personagens queridos de 'Novo Mundo'", adiantam.

E se em "Novo Mundo" há apenas um personagem negro que completa seus estudos, se torna livre e jornalista, em "Nos Tempos do Imperador" a grande maioria dos personagens negros é livre e tem estudo. O protagonista do novo folhetim, Samuel (Michel Gomes), se formará em engenharia sob o patrocínio de dom Pedro 2°.

"Mostramos uma classe média negra que começa a emergir. Cidadãos pensantes que lutam pela abolição. Mostramos uma grande diferença entre os dois Pedros: enquanto Pedro 1°, o pai, pouco estudou, Pedro 2° foi preparado para ser um homem das ciências e da cultura, da educação e do progresso. Veremos o seu trabalho e o da imperatriz Teresa Cristina (Leticia Sabatella) para enviar promissores artistas e cientistas para fora do país, como é o caso de Pilar (Gabriela Medvedovski)", dizem os autores.

Outro fator que mudará entre as novelas é a caracterização: os figurinos leves de "Novo Mundo" dão lugar ao veludo nas roupas e nas cortinas, segundo os autores. "As casas agora são assobradadas. Ou seja, existe uma diferença visual muito rica entre as duas novelas", afirmam.

Um cenário importante e inédito, que será retratado na nova novela, é a Câmara dos Deputados. Neste momento da história, o Brasil faz suas leis através do voto de deputados e senadores --dom Pedro 2° é o Imperador, mas apenas reina, não governa, e precisa se submeter à vontade dos políticos.

"Veremos o Imperador impotente diante da escravidão. A Câmara será palco de discursos contundentes e também de negociatas, como as armações do vilão Tonico (Alexandre Nero) para sabotar o governo de dom Pedro 2°", afirma Marson.

Os espectadores que pretendem assistir às duas histórias, na sequência, podem tomar nota desde já sobre alguns fatos históricos que se passam em "Novo Mundo", e que são essenciais para o entendimento do enredo por completo.

Dia do Fico: o momento em que dom Pedro 1° decide permanecer no Brasil e é aclamado pela decisão, em janeiro de 1822, realmente aconteceu. Na novela, dom Pedro 1° (Caio Castro), Joaquim (Chay Suede), Chalaça (Romulo Estrela), Libério (Felipe Silcler), Diara ( Sheron Mennezes) e Wolfgang (Jonas Bloch) celebram a vitória contra o general Avilez (Paulo Rocha) e as cortes portuguesas, que exigiam a volta do príncipe para Portugal.

Assinatura do decreto da Independência do Brasil: assim como mostrado na novela, foi a princesa Leopoldina quem assinou o decreto no dia 2 de setembro de 1822 que declarou a separação do Brasil de Portugal. Ela convocou os ministros, votou e assinou o decreto ao lado de José Bonifácio.

Proclamação da Independência do Brasil: após assinar o decreto, Leopoldina enviou uma carta que chegou a dom Pedro 1° no dia 7 de setembro, para que ele proclamasse a Independência do Brasil, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo. Em 2017, quando a novela foi exibida, a cena da Proclamação foi ao ar no dia 7 de setembro, e Caio Castro até hoje se emociona ao lembrar dela.

"Queria sentir o que foi para o príncipe estar diante de tantas pessoas, uma nação tão grande, e dizer que a partir daquele momento elas não eram mais dependentes. Tentei imaginar o que ele estava pensando e sentindo na hora", contou ele ao F5.

Maldição dos Braganças: apesar de parecer fictício, a família de dom Pedro 1° realmente foi amaldiçoada por um frade. O caso aconteceu durante o reinado de dom João 4°, quando ele teria agredido um franciscano que pedia esmolas. O religioso teria jogado uma praga de que um primogênito do rei nunca viveria o bastante para chegar ao trono. A partir de então, todos os primogênitos varões morreram antes de reinar –o irmão mais velho de dom Pedro 1°, e o primeiro filho homem dele, faleceram.

Romance de dom Pedro 1° e Domitila: "Novo Mundo" mostra o desenrolar de um romance paralelo entre dom Pedro 1° e Domitila de Castro Canto e Melo (a Marquesa de Santos, interpretada por Agatha Moreira), com quem ele teve cinco filhos. Assim como na vida real, Leopoldina (Letícia Colin) sofreu quando descobriu as traições do marido.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem