Televisão

Reprise de 'Novo Mundo' cria ponte natural para estreia de 'Nos Tempos do Imperador'

Caio Castro, Chay Suede, Isabelle Drummon e Letícia Colin protagonizam a história

Chay Suede em cena gravada na nau cenográfica de 'Novo Mundo' Divulgação/Globo

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São Paulo

Em março de 2017, Caio Castro, Chay Suede, Isabelle Drummon e Letícia Colin eram os protagonistas de "Novo Mundo", novela das 18h na Globo, que terminou com média de 22 pontos de audiência em São Paulo –na época, 1 ponto do Ibope equivalia a 71.855 domicílios.

O sucesso da aventura romântica ambientada no Brasil colonial, período marcado pela chegada da família real portuguesa, fez com que a Globo encomendasse aos autores Thereza Falcão e Alessandro Marson, um novo folhetim. Os escritores decidiram dar continuidade à história e desenvolveram "Nos Tempos do Imperador", que traz dom Pedro 2° e o Segundo Reinado como pano de fundo.

Com avanço da pandemia do novo coronavírus, a Globo decidiu suspender as gravações de todo seu núcleo de dramaturgia e adiou a estreia de "Nos Tempos do Imperador", que substituiria "Éramos Seis", que terminou nesta sexta. Essa é a segunda vez que a trama é postergada. A previsão incial era que a novela estreasse no final de setembro de 2019, mas a emissora decidiu antecipar "Éramos Seis", que terminou nesta sexta (27).

"Nos Tempos do Imperador" ainda não tem data de estreia, mas a Globo aproveita a oportunidade para exibir uma versão especial de "Novo Mundo" e, assim, criar uma ponte natural para o novo folhetim. A partir da próxima segunda (30), as aventuras e amores de dom Pedro 1° (Caio Castro) voltam para a faixa das 18h.

"Foi uma novela marcante pra mim por vários motivos", diz Caio Castro ao F5. "Um deles, foi interpretar dom Pedro e contar parte da história do nosso país. Isso realmente foi especial, me emociono sempre que lembro da cena da declaração da Independência e de tantas outras."

O ator diz ainda que a trama fez com que ele se conectasse ainda mais com a cultura portuguesa. "Faz parte da minha história, porque parte da minha família é de Portugal. É uma novela linda e com uma narrativa leve, histórica e com elenco e profissionais incríveis. [Estou] Feliz que o público terá a oportunidade de rever."

Isabelle Drummond diz que adorou saber que a novela seria reprisada, pois apesar do momento difícil, a arte consegue curar. Para ela, sua personagem Anna foi muito importante para a sua carreira. "É uma personagem forte e a história do Brasil é super importante também de ser contada. O enredo é lindo. O diário da Anna Millman é super poético também, assim como o olhar dela sobre essa história toda."

"A repercussão da notícia está muito boa, os fãs clubes [estão] respostando mil coisas. Fico super feliz. A novela chega em um momento difícil no país e no mundo. É bom falar sobre nossa cultura e entender de novo por que somos quem somos", completa.

Já Letícia Colin afirma que a trama mostra como sua personagem, Leopoldina, foi uma governante admirável, inspiradora e importante para o desenvolvimento do país, especialmente por se voltar à educação, cultura e ciência. "Era uma humanista. Estamos vendo hoje o quanto é importante ter pesquisadores e cientistas. Ela trouxe pesquisadores e estudiosos da Áustria para o Brasil para mapear a fauna e a flora, e investigar e pesquisar todo o potencial do nosso ecossistema, que é abundante e era ainda mais na época dela."

Ela concorda com os colegas sobre a importância de conhecer mais sobre a história do Brasil, e diz que isso pode ser feito com essa novela que é "muito atraente, leve, divertida, bem-humorada e honesta com os episódios históricos".

Ainda estão no elenco Ingrid Guimarães, Gabriel Braga Nunes, Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Júlia Lemmertz, Rômulo Estrela e até o atual participante do Big Brother Brasil 20, Babu Santana, que fez uma participação como o capataz de Sebastião, Jacinto.

DIA DA INDEPENDÊNCIA

Os cenários de "Novo Mundo" também são destaque. Na época das gravações, a Globo criou em tamanho real uma embarcação para reproduzir as naus da época. "Nem Hollywood fez uma nau tão grande. Na nossa ignorância fizemos uma nau gigante”, comentou o diretor artístico, Vinicius Coimbra, na época.

Antes do início das gravações, a emissora providenciou aulas de história para o elenco entender melhor sobre o período retratado na trama. Chay Suede ainda teve de frequentar a academia e aulas de circo e parkour (modalidade em que se praticam corridas e saltos pelas paredes), por causa das cenas de ação de seu personagem, o ator luso-brasileiro Joaquim Martinho (Tinga).

Um dos momentos mais marcantes aconteceu no dia 7 de Setembro de 2017, quando foi ao ar a cena em que dom Pedro 1° (Caio Castro) declara a Independência do Brasil. A gravação do momento demandou nada menos do que 160 atores e figurantes, 80 figurinos diferentes e cerca de 30 armas.

"Eu sabia que o dia da Independência era o ponto maior. Esperei como se fosse um filho que estivesse para nascer", disse Castro, na época. "Queria sentir o que foi para o príncipe estar diante de tantas pessoas, uma nação tão grande, e dizer que a partir daquele momento elas não eram mais dependentes. Tentei imaginar o que ele estava pensando e sentindo na hora."

Os autores, no entanto, afirmam que procuraram fugir do didatismo para que a trama não virasse “uma aula do segundo grau". "É como se a gente estivesse olhando por trás das cortinas. O acontecimento é o quadro de Pedro Américo, com aquele tanto de gente, mas e os bastidores daquilo? São coisas assim que queremos contar", disse Thereza Falcão, no período de exbição da trama.

OPRESSÃO ÀS MULHERES

O folhetim ainda retrata a opressão sofrida pelas mulheres no século 19, fazendo com que a espinha emocional da trama ficasse majoritariamente a cargo de Leopoldina e Anna Millman, personagens de Letícia Colin e Isabelle Drummond. A primeira realmente existiu, e recebe o título de imperatriz do Brasil no capítulo final; a segunda é invenção dos autores, inspirados na personagem do livro "Anna e o Rei" de Margaret Landon.

"Os autores foram muito corajosos e sensíveis. Abordaram questões muito femininas, falaram da subserviência da mulher da época. Considero essas personagens figuras feministas, porque eram fortes e determinadas dentro de suas realidades", diz Colin. "Minha personagem viveu histórias trágicas verídicas. No início da novela, eu a construí solar e alegre para chegar a essa frustração. As princesas eram tristes, viviam à revelia de decisões políticas", completa.

Ao longo da trama, a união entre Leopoldina e Anna se torna um dos pontos centrais e elas passam a enfrentar as adversidades juntas, se tornando irmãs, segundo a atriz. Colin e Drummond concordam ao dizer que a novela teve grande relevância histórica. "Somos carentes de conhecer nossa própria história e na novela vimos coisas intrincadas na raíz da nossa sociedade, como a lei de que o mais forte oprime", diz Colin.

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