Televisão

'Estupro não tem nada a ver com sexo, tem a ver com poder', diz Mônica Iozzi sobre série 'Assédio'

Inspirada em Roger Abdelmassih, obra estreia dia 21 na Globoplay

Monica Iozzi dá vida a Carmen, paciente e vítima de Roger em 'Assédio'
Monica Iozzi dá vida a Carmen, paciente e vítima de Roger em 'Assédio' - Fabiano Battaglin/Gshow
 
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Fabiana Schiavon
Rio de Janeiro

Um elenco de atrizes emocionadas e com vozes embargadas comentou a série “Assédio”, após assistir ao primeiro episódio da produção, que estreia dia 21 de setembro só para assinantes do  Globoplay–ainda não há previsão de estreia para a TV aberta. Entre elas estavam Paolla Oliveira,  Monica Iozzi e Mariana Lima. 

De autoria de Maria Camargo, a minissérie terá dez capítulos e é inspirada na história real do médico Roger Abdelmassih. Condenado a 181 anos de detenção pelo estupro de 48 pacientes, Abdelmassih ficou conhecido como "médico das estrelas" e chegou a ser considerado um dos principais especialistas em reprodução assistida do país, antes de ser acusado por dezenas de pacientes por abuso sexual.

Com trailer pesado e primeiro episódio com cena de estupro, as atrizes deixam claro o tom que a série dará à história. "É sobre dor, não é sobre sexo. Não tem peito aparecendo, não tem nada erotizado. É frio, é doloroso, e a Maria e a Amora foram geniais ao retratar isso tão bem”, dispara Paolla Oliveira, que será Carolina, a amante do médico Roger Sadala (Antonio Calloni).

Para a diretora Amora Mautner, as cenas de estupro são duras pelo tempo que dura. "A imagem dele [do personagem Roger Sadala] também nunca é totalmente mostrada, mas a dor do ato é retratada pelo close no rosto da mulher."

A atriz Monica Iozzi rememora que a maioria das cenas de estupro em filmes são construídas a partir do olhar do homem e sempre tem uma erotização. "Na verdade, estupro não é sexo, mas tem a ver com poder. É um crime de ódio e essa série retrata muito bem isso."

"Minha técnica é entrar na situação e foi bem difícil estar nessa situação, sabendo que era uma história real. Minha personagem é uma das vítimas e é a primeira cena em que aparece a personagem de Adriana Esteves, e não foi simples. Por tudo isso, é o papel mais difícil e importante de toda a minha vida", disse Iozzi. 

Inspirada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”, de Vicente Vilardarga, a autora Maria Camargo afirma que foram criados personagens ficcionais a partir da história real. "Todos os nomes foram trocados, mas também não criamos nada além do que aconteceu. Não poderíamos mostrar que ele enforcou um paciente, se ele nunca fez isso."

"Como ele é condenado, não houve problemas jurídicos em produzir a série, apesar de ele estar em casa e acho que vai assistir à série”, lembra Amora. O ator Antonio Calloni foi escolhido para viver Roger e afirma que ter sido difícil porque "tive que acreditar nele, mas nada que é humano é estranho". "Há todas as possibilidades dentro da gente. Tirei perversão, ódio e até amor das gavetas da minha personalidade", acrescenta.

A atriz Mariana Lima interpreta Gloria, mulher de Roger, e Paolla Oliveira vive a amante Carolina. O terror das atrizes foi ter que amar o grande vilão da história. "Eu e Paolla tivemos que amar e respeitar um cara como um Roger. Foi bem difícil, porque nenhuma de nós se identificava com o amor que essas personagens sentem", afirma Lima.

No entanto, a Mariana Lima diz estar feliz por trazer o assunto do assédio à tona. “A gente tem um candidato à presidência que promove o racismo e o assédio como modo de vida. Dá uma sensação de atualidade terrível. Não dá mais para virar a cara para isso. O assédio faz parte dessa cultura."

A jornalista viajou a convite da emissora. 

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