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Música
Descrição de chapéu The New York Times

Billie Eilish diz que documentário sobre sua trajetória é 'dolorosamente honesto'

'Eu assisto e fico me mandando calar a boca', afirma a cantora

Billie Eilish Magdalena Wosinska -14.mar.2019/NYT

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Sarah Bahr
The New York Times

Billie Eilish não consegue parar de fazer listas. "Eu fico procurando maneiras de curtir a vida”, diz a cantora e compositora, em uma conversa com a reportagem. "Gosto de arrumar meu quarto, e de mudar coisas de lugar."

Ela também está trabalhando em um novo disco, para dar sequência a “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”, de 2019, que a ajudou a conquistar os quatro principais prêmios Grammy –melhor artista nova, disco do ano, canção do ano e álbum do ano– e fez dela a pessoa mais jovem, e a primeira mulher, a conquistar essa distinção.

Foi o mais recente marco em uma ascensão meteórica registrada em um novo documentário, “Billie Eilish: The World’s a Little Blurry”, lançado pela Apple+ TV em 26 de fevereiro. Mas isso não significa que é fácil para Eilish assistir à sua rápida ascensão.

"Assisto e fico me mandando calar a boca", diz. "É brutal. Fico pensando que não gosto de que o filme fale sobre aquilo." (Ela acrescentou, sobre o filme “dolorosamente honesto”, que é “muito bom me ver passar por todas aquelas coisas maravilhosas do ponto de vista de outra pessoa”.)

Dirigido por R.J. Cutler, o filme acompanha uma carreira que parece um conto de fadas: as canções que Eilish gravou em casa foram ouvidas mais de um bilhão de vezes em plataformas digitais, e ela tem mais de 75 milhões de seguidores no Instagram. O documentário acompanha a criação do premiado álbum, e acompanha a trajetória de Eilish de 2018 ao começo de 2020.

Ela passou os últimos 12 meses desfrutando de outras conquistas recentes, entre as quais votar, dirigir e pedir, por engano, 70 caixas do cereal Froot Loops, online. Também compôs uma canção com Rosalía, "Lo Vas a Olvidar", que estreou durante um episódio especial da série “Euphoria”, da HBO.

Na entrevista, gravada em Los Angeles no final de janeiro e pontuada pelos latidos ocasionais de Pepper, o enérgico pitbull da cantora, Eilish falou sobre sua lista de preferências culturais, o que inclui a música que ela ouviu durante o lockdown, e sobre seu primeiro encontro ideal. Abaixo, trechos editados da conversa.

1. The Strokes, “The New Abnormal”

Quando descobri esse disco pela primeira vez, eu costumava sair muito de bicicleta. Tocava o disco todo nos alto-falantes da minha mochila enquanto pedalava ao acaso pelos bairros, e os dias estavam sempre ensolarados, bonitos, com muita brisa e verde.

Julian Casablancas é um gênio –quando ouço suas letras, sempre penso que "isso é algo que eu nunca pensaria em dizer". É o que eu amo sobre a banda– eles são muito inesperados, mas ao mesmo tempo é fácil gostar do que fazem. E todas as canções do disco são boas.

2. Qualquer coisa aromática

Quando eu era criança, todo mundo dizia que eu era dona de um “superfarejador”, que é um termo da série “Psych” e quer dizer que a pessoa tem um olfato muito bom. Mas não sei como, na verdade, porque meu nariz é muito pequeno!

Meu olfato é extremo, porque tenho sinestesia –é o que acontece quando o cérebro emparelha duas coisas automaticamente. Cada cheiro tem uma cor, um número e corresponde a um dia da semana. Devo ter cem perfumes, e rotulo os vidros com pedacinhos de papel para me lembrar de seus aromas.

Alguns rótulos são muito específicos, por exemplo, “cheiro daquela aula de balé que eu fazia”, ou “esse tem o cheiro daquele dia em que fomos à casa de tal pessoa e ela disse isso e aquilo”. Outros são mais vagos, tipo “esse perfume Hawaiian Punch que comprei por US$ 1 na CVS tem o cheiro de 2015”, do ano todo de 2015. Alguns são tão fortes que nem posso cheirá-los mais, porque fico afogada em lembranças.

3. Crossroads Kitchen

Jamais tive um encontro –ninguém nunca me apanhou para um [palavrão] de um encontro– mas se eu um dia tivesse um encontro, o Crossroads seria o lugar dos meus sonhos. É um restaurante vegano em Los Angeles, e é ótimo.

A comida mais deliciosa de todos os tempos. O sanduíche de almôndegas e o waffles de frango são minha escolha permanente. Os dois são entradas, e por isso quando vou e me perguntam o que quero, digo que quero o sanduíche de almôndega; e o garçom está saindo para anotar o pedido de outra pessoa mas eu acrescento “e o waffle de frango”. E como os dois inteiros. Não sobra coisa alguma no prato.

4. “In The Mood for Love”

A primeira vez que ouvi a canção foi em "Os Batutinhas", minha série favorita quando era menina. Eu queria ser parte do programa e queria muito beijar Alfalfa! Há uma cena em que Darla canta “I’m In the Mood for Love”, e lembro-me de ter pensado já naquela época que era uma canção linda. E aí, anos e anos mais tarde, comecei a perguntar para as pessoas qual era aquela canção de que eu gostava tanto quando era pequena.

Descobri uma versão realmente linda, mas de baixa qualidade, cantada por Frank Sinatra, no SoundCloud, e a ouvia sempre em minhas viagens de turnê pela Europa. Mais recentemente, encontrei uma versão de Julie London, e ela mata. Tem uma das vozes mais lindas que já ouvi. É uma canção de amor completamente perfeita. Sempre que a ouço, não importa o que esteja sentindo, fico com vontade de amar.

5. Baralho

Em turnê, passamos muito tempo em espera –sim, turnês, aquela coisa do passado– e não posso sair à rua porque há sempre fãs cercando o lugar. Nosso jogo preferido é Speed, um jogo de cartas que minha gerente assistente de produção, Lauren Miller, me ensinou a jogar em uma longa viagem de ônibus pela Rússia. Jogamos por duas horas sem parar, naquele dia. Começou como um jeito de matar o tempo, e terminou como uma coisa que fazíamos quando, na verdade, deveríamos estar ocupados com outras coisas.

6. “Precisamos Falar sobre o Kevin”

É o filme com a cinematografia mais linda que já vi – tudo nele é perfeito, do enquadramento às cores. O filme é uma das minhas maiores inspirações para meus vídeos de música. Sempre que assisto, vejo algo de novo e genial na forma pela qual ele foi filmado.

7. Dirigir

Assim que aprendi a dirigir, só queria fazer isso. É uma atividade em que me sinto livre e anônima. Dirijo um Dodge Challenger preto, que era o carro dos meus sonhos quando eu era criança. Guardei dinheiro por anos e anos para comprá-lo, e sempre dizia que não queria que ninguém comprasse o carro para mim, porque minha ideia era comprá-lo com o meu dinheiro.

Mas aí Justin [Lubliner], da minha gravadora, me perguntou o que eu queria de presente, dois meses antes do meu aniversário, e eu respondi, como piada, “um Dodge Challenger preto fosco”. E acrescentei: “Estou brincando, claro, não precisa me comprar um carro”. Mas na noite anterior ao meu aniversário, estávamos fazendo uma sessão de fotos para a capa do disco e no fim do dia Justin chegou com o carro dos meus sonhos. Chorei três horas sem parar.

8. Cobertor com peso

Minha mãe ganhou um quando eu tinha nove ou dez anos, porque ela não consegue dormir sem algo pesado a cobrindo –quando era mais moça, ela um dia acordou e descobriu que estava dormindo entre o estrado e o colchão! Eu usava o cobertor dela, e acabei comprando um para mim. Durmo muito melhor com ele, é um bom instrumento de afeto físico se você não tem isso à mão.

9.“New Girl”

Já assisti à série umas seis vezes, e comecei a assistir tudo de novo recentemente. É muito divertida, e estúpida; eu amo. Estava assistindo literalmente dez minutos atrás, antes de nossa conversa. Não me canso dela, porque os atores são hilários. Max Greenfield é uma das minhas pessoas favoritas –ele é tão engraçado e tão especificamente ele mesmo. Mas Nick Miller é o máximo, e o melhor personagem. Ele está nos trending topics do Twitter, agora, não sei bem o motivo. Mas não culpo o Twitter. Nick Miller é o máximo.

10.Frank Ocean

“Blonde” é meu disco de referência, para tocar a qualquer hora e a toda hora, mas especialmente se preciso relaxar. Mandei fazer um modelo de gesso de minha cabeça para uma foto de capa para a revista Garage, alguns anos atrás. Toquei Frank Ocean o tempo todo para evitar ter um ataque de pânico, enquanto faziam o modelo. Ainda não fui apresentada a ele, mas nem espero que ele um dia chegue perto de mim. Ele pode continuar a ser Deus, lá no alto.

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