Paulo Miklos, músico e ator, diz que está saindo da adolescência com aniversário de 60 anos
Fãs podem vê-lo na novela das nove e em show no Sesc Belenzinho
“Estou amadurecendo, finalmente”, brinca o músico e ator Paulo Miklos, que celebra seus 60 anos hoje. O paulistano se formou na música brasileira, passou 35 anos como roqueiro da grandiosa banda Titãs e hoje está na tela da novela das nove, como o beato Jurandir, de "O Sétimo Guardião" (Globo).
Miklos acredita que artistas e, principalmente, roqueiros costumam viver mesmo uma eterna adolescência. Foi isso que o fez conseguir participar de tantos projetos diferentes em vida. Ainda nos Titãs, o músico lançou discos solos, apresentou programas de TV e estreou no cinema. Aos 60, ele continua fazendo quase tudo isso ao mesmo tempo.
"Não me veria numa novela das nove. [Ser ator] foi algo que foi acontecendo ao longo do caminho. Sempre fui muito inquieto e aproveitei as possibilidades que se apresentavam na minha frente. Fiz parte de uma banda numerosa, em que eu podia exercer várias funções dentro da banda, por exemplo", lembra Miklos.
Estar preparado a cada desafio que surge é a filosofia de Miklos. E ele encarou um brutal assassino Anísio, de "O Invasor" (2002), nos cinemas, ao um retrato da vida do instrumentista Chet Baker (1929-1988), que ele representou no teatro há dois anos.
A agenda corrida dos Titãs e os convites que não paravam de chegar levaram Miklos a abrir mão de sua banda, em 2016. "Fiquei durante muitos anos acomodando a agenda e fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Veio cinema, veio teatro, e a agenda da banda é bastante corrida. Chegou um momento em que eu realmente quis dedicar a minha carreira musical solo e à atuação", conta o artista.
Ele chegou a ter uma experiência dura quando fez parte do elenco da novela "Bang Bang" (2006), mesma época de gravação do "MTV Ao Vivo Titãs".
Agora, além de estar na novela da Globo, Miklos gravou a série "Assédio", disponível na Globoplay e filmou três longas no ano passado, conta o artista. Dois deles serão lançados ainda este ano. no meio do lançamento do disco
"Clube dos Anjos", de Angelo Defanti, é inspirado no livro de mesmo nome de Luis Fernando Veríssimo. "Esse livro fez parte de uma coleção sobre os pecados capitais, e essa história fala sobre a Gula e faz o retrato de uma confraria de amigos que se reúnem para jantar", adianta o ator. O longa tem um grande elenco com Marco Ricca, André Abujamra e Matheus Nachtergaele.
Um roqueiro dos anos 1980 é outro papel que ele fará. "É engraçado porque a cada papel você se distancia de si mesmo para viver outra pessoa, e esse foi um pouco mais difícil", brinca Miklos. O longa "O Homem Cordial" é de Iberê Carvalho.
"Ele faz parte de uma banda que fez sucesso e quer anunciar a sua volta. Nisso, acaba viralizando uma boato e ele passa uma noite toda tentando descobrir o que realmente aconteceu. Tem muito a ver com esse fenômeno das 'fake news", avalia o artista.
Todas essas experiências são consideradas importantes ao ator, que viu em cada papel algo grandioso a aprender. "O Jurandir é um personagem bastante distante de mim. Ele é muito religioso, severo e fechado, então é interessante você se colocar na pele de alguém assim, e tentar entender o olhar que o outro tem do mundo", conta Miklos.
O primeiro personagem foi marcante pela estreia e intensidade. "O Anísio de 'O Invasor' era um assassino cruel, frio, mas tive a felicidade de trabalhar junto com o Sabotage, um dos ícones do rap nacional, e quando me dei conta de que ele me servia de parâmetro para um bom personagem. Ele me despertou para muitas coisas", lembra o artista. Sabotage morreu assassinado em 2003.
'MEU DISCO REPRESENTA A DIVERSIDADE DA NOVA GERAÇÃO'
O cantor, compositor e instrumentista Paulo Miklos continua firme em meio a sua carreira de ator. A agenda de shows que ele cumpre é do álbum "A Gente Mora no Agora", que ele pode mostrar a mistura de toda a sua formação musical.
"Esse disco reflete esse momento de diversidade da música, que também está na minha formação como músico. Eu me formei pela MPB, ouvindo Caetano, Milton, Chico", conta Miklos. Só de parcerias, o álbum tem composições do roqueiro com a cantora Céu, o músico Tim Bernardes e o rappers Emicida e Lurdez da Luz. "Pude trabalhar com pessoas pela primeira vez, desde ídolos como Guilherme Arantes até ícones dessa nova geração", afirma.
O artista vê que não falta boa produção musical, mas pouco disso é realmente divulgado. " Essa nova geração traz essa marca de ter uma brasilidade muito espontânea e natural misturada às referências internacionais da música eletrônica e do próprio rock. Eles digeriram tudo isso e formaram uma geração muito vigorosa", afirma Miklos. "Só que no nosso tempo havia espaço nas rádios, hoje é tudo muito comercial".
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