Marília Mendonça faz terapia coletiva contra dor de cotovelo em show em São Paulo
Rainha da Sofrência se apresentou no Credicard Hall neste sábado
Marília Mendonça avisa depois de cantar as primeiras músicas: "Nesse show só não pode três coisas: vomitar, chorar e mandar mensagem para o ex!”. E emenda com um dos seus maiores hits "Amante não tem lar", acompanhada pela plateia do Credicard Hall, na noite deste sábado (28), na zona sul de São Paulo.
O vômito –consequência do excesso de álcool– era fácil de evitar. Comprar bebida exigia paciência e bastante dinheiro para quem quisesse afogar as mágoas na casa de show. Os bares tinham fila e a latinha de cerveja saia por R$ 15 nos bares da casa de show. A dose de uísque, que a cantora diz tomar três para a dor de cotovelo passar na música "Até o Tempo Passa", custava R$ 40 cada.
Já o choro, esse era livre para quem pagou entre R$ 120 e R$3 00 no ingresso. A sofrência comeu solta entre a plateia majoritariamente feminina –muitas delas com os cabelos loiros mechados como o de Marília– durante a apresentação de duas horas.
Antes das músicas, a cantora dava conselhos. "Vocês já deram certo com alguém nessa vida? Vou dizer: Eu nunca dei certo com ninguém. De quem é a culpa? A culpa não é minha! Sabe de quem é a culpa? Do meu cupido." E canta "O Meu Cupido é Gari" (porque só traz lixo) em seguida.
Em suas entrevistas, Marília Mendonça conta que foi traída pela primeira vez aos 12 anos. Ela completou 23 no domingo passado (22). O último relacionamento amoroso da cantora acabou há cerca de um ano. Ela rompeu com o noivo para focar na carreira, segundo informou sua assessoria na época.
No show, ela afirma que perdeu as contas de quantas vezes foi "chifrada". "Deus me deu o dom de transformar chifre em música. É um ramo, um negócio, muito bom." Antes de cantar, ela compôs para sertanejos João Neto e Frederico, Cristiano Araújo e Henrique e Juliano. Suas letras também já foram cantadas por Joelma, Wesley Safadão e Cesar Menotti e Fabiano.
Desde que ficou solteira, Marília comprou uma chácara de R$ 2 milhões em Goiânia, sua cidade natal, e perdeu 20 kg. Depois de atingir a meta da dieta, ela tirou os apliques loiros e agora usa o cabelo um pouco acima dos ombros.
Durante a apresentação, o vestido preto com paetês que refletiam as luzes do palco, abriu. Sem deixar o microfone, pediu para que amarrassem. "Agora está muito apertado, estou parecendo uma pamonha amarrada. Brincou!". Um dos seus assistentes foi lá e afrouxou o vestido, enquanto ela ainda fazia piadas de si mesmo. "Sabe como que é, já estou comprando roupa menor que o meu tamanho", brincou.
De volta às músicas que falam de amores não correspondidos e mensagens sem resposta, Marília cantou seus hits "Infiel" (que tem 444 milhões de visualizações no YouTube) e "Eu seu de Cor", num grande karaokê com a plateia.
Lançada recentemente, a canção "Ausência" foi um dos pontos altos da terapia coletiva para os que sofrem de amor. A plateia cantou em coro com direito a caretas e mãozinhas para cima: "Preocupa não, que eu não vou bater no seu portão/Não vai ver o meu nome em nenhuma ligação/ Para um bom entendedor, meia ausência basta".
E nem só de coração partido se faz um show de sertanejo. Antes de cantar "A Culpa Dela", Marília contou a história da música. "Sabe quando você vai para a balada com uma amiga e lá fica com um boy. E depois, sem saber, a amiga vai lá e fica ele também. Ele sabe que ela é sua amiga, mas ela não sabe dele!"
No refrão, a goiana canta: "Eu não vou deixar de ser sua amiga por causa de um qualquer, que não respeita uma mulher". Antes da próxima música, a goiana avisa que "se for marido, a coisa é diferente".
FUNK E PABLLO VITTAR
No intervalo, os "backing vocals" cantaram funks cariocas do início dos anos 2000 –Bonde do Tigrão e Tati Quebra Barraco. Um deles, mais magricelo, rebolou com uma fantasia tosca de mulher (peruca loira e shortinho rosa). A piada pareceu anacrônica em tempos de discussão sobre gênero e identidade.
Ao voltar para o palco, Marília cantou músicas da cantora e drag queen Pabllo Vittar ("Sua Cara" e "K.O") e a apresentação anterior ficou ainda mais deslocada. Usando óculos escuros do "thug life" (meme), Marília também cantou, com os backing vocals, "Só quer Vrau" (funk baseado no hino antifascista Bella Cia e que virou hit por causa da série "Casa de Papel").
A sofrência retorna mais uma vez, junto de um piano que é carregado ao palco. O pianista se une aos outros dez músicos que compõem a banda da cantora, e ela canta "Estranho". O F5 deseja, assim como Marília Mendonça, que ninguém tenha mandado mensagens para o/a ex depois da apresentação. E nem vomitado, é claro.
UMA SOFRÊNCIA PARA CADA MOMENTO
Quando o crush não responde mais: "Ausência"
Quando o mozão em potencial não sabe que você existe: "De Quem é a Culpa?"
Quando o namoro/casamento está acabando – "Eu sei de cor"
Quando o namoro/casamento acaba: "Estranho"
Para os casos enrolados, aquele vaivém conhecido: "Parece Namoro"
Em caso de traição (1) – "Como faz com ela"
Em caso de traição (2) – "Infiel"
Em caso de traição (3) – "Amante não Tem Lar"
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