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Mural gigante homenageia Niemeyer na av. Paulista; veja fotos

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Para presentear a cidade de São Paulo, que completa 459 anos nesta sexta-feira (25), o artista Eduardo Kobra entrega o mural gigante em homenagem a Oscar Niemeyer (1907-2012). Quem passa pela praça Osvaldo Cruz, no início da av. Paulista (centro), já consegue ver a obra com 52 metros de altura e 16 de largura.

Kobra conta que algumas pessoas o questionaram sobre o fato de o arquiteto ser carioca. "Tem essa coisa meio de SP x Rio. Mas eu penso que ele não é um cidadão apenas carioca ou paulistano. Ele é um cidadão do mundo e, acima de tudo, brasileiro", diz. "Ele já nos presenteou com tantas obras aqui. Achei que agora ele também merecia um espaço grande e nobre", completa em entrevista à sãopaulo, concedida na sacada da Casa das Rosas, do lado oposto ao mural. "Aqui consigo sentar e observar os detalhes, o que eu preciso arrumar", explica.


O painel a céu aberto, iniciado em 14 de janeiro, também contempla alguns dos projetos feitos por Niemeyer em todo Brasil. "No primeiro momento, as pessoas vão passar e ver o 'coloridão'. Depois elas poderão perceber que as formas não são aleatórias, tem uma mensagem subliminar", conta o artista, que deseja que o público visualize marcos como a Pampulha (Belo Horizonte), o Copan (São Paulo) e o Planalto (Brasília).

Para conseguir realizar o serviço, contou com a ajuda dos moradores do prédio, que arcaram com as despesas da tinta, e com apoio da Galeria André (zona oeste), a qual ajudou a conseguir os equipamentos de segurança.

Com diversas pinturas e grafites espalhados pela cidade, Kobra tem em mente outras personalidades brasileiras que podem ser reproduzidas --casos Adoniram Barbosa e Vinicius de Morais. Em abril, ele parte para São Francisco (EUA), onde vai retratar Martin Luther King e Malcolm X.

ABAIXO, LEIA ENTREVISTA COM EDUARDO KOBRA:

sãopaulo - Quando teve a ideia de homenagear o Niemeyer?
Eduardo Kobra- O Oscar Niemeyer é uma figura importante. Algumas pessoas me questionaram sobre o fato de ele ser carioca, essa coisa meio de 'SP x Rio'. Penso que ele não é um cidadão apenas carioca ou paulistano. Ele é um cidadão do mundo e, acima de tudo, brasileiro. A decisão de pintá-lo aqui também se dá pela importância das obras que ele fez na cidade. Ele nos presenteou com diversas obras aqui. Pela importância das obras dele, achei que ele merecia receber esse espaço tão grande aqui na avenida Paulista.

Qual a maior dificuldade nessa grande produção?
Demoramos uns quatro meses com o processo todo: conseguir autorização do prédio, da prefeitura, a montagem dos andaimes, definir o projeto, comprar tintas. A parte burocrática domina. Se eu conseguisse chegar com tudo resolvido e já pintar...

Além disso é muito caro. O pessoal do prédio nos deu as tintas no fim das contas, a galeria André nos ajudou com os equipamentos, tem um hotel aqui perto que nos hospedou e um restaurante que nos forneceu alimentação. Foi um grande apoio cultural. A obra aconteceu por causa disso. Senão nem faríamos. Nesse trabalho não embolsamos nenhum centavo de ninguém. Estamos fazendo pelo prazer de elaborar um trabalho aqui na Paulista, a avenida mais importante.

Crédito: Amon Borges/Folhapress
Vista da Casa das Rosas para o mural em homenagem a Niemeyer; de lá, o artista Kobra consegue pensar em detalhes

Os trabalhos de Oscar Niemeyer influenciam a sua arte?
Eu fui fazer um trabalho em Brasília, um projeto em 3D só com obras dele. Nunca tinha ido lá. Quando cheguei, eu fiquei espantado, me marcou muito. Parecia mais uma galeria de arte contemporânea do que um monte de prédios comuns. Cada prédio tem uma peculiaridade. Com certeza, essa liberdade do Oscar Niemeyer influencia não só arquitetos. Não penso nele como um simples arquiteto. Considero o Niemeyer um artista, na verdade, assim como Burle Marx.

Qual o próximo ponto de SP que vai colorir? O qual tem vontade de pintar?
Um lugar que eu gostaria de pintar, mesmo que só ficasse três meses, são as colunas do Masp. Eu sei que é uma viagem grande, mas eu gostaria de fazer uma arte naquelas colunas, mesmo que depois elas voltassem a ser vermelhas de novo. Em São Paulo, é o meu maior sonho. Elas são bonitas, mas, por ser um museu de arte, acho que merecia uma intervenção.

Já tenho um muro reservado na esquina da avenida Santo Amaro com a Hélio Pellegrino, mas não sei ainda o que farei. Queria pintar algo relacionado ao meu projeto Green Pincel, mais voltado para o meio ambiente e proteção do animais.

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