Tonico Pereira comemora 50 anos de carreira com peça em São Paulo sobre liberdade de expressão
Ator revê sua carreira no cinema, TV e teatro e faz planos
Com recém-completados 70 anos de vida —ele nasceu em 22 de junho—, o ator Tonico Pereira celebra também a marca de 50 anos de carreira. O artista, de Campos dos Goytacazes (RJ), tem na bagagem mais de 50 filmes, peças importantes de teatro e personagens icônicos da TV brasileira.
Vendo-se diante dessa variedade de papéis, portanto, Pereira considera ser difícil eleger um destaque de sua trajetória. “Todos eles são importantes. Pode ser lugar-comum dizer isso, mas a minha satisfação é estar em cena. Esta é, justamente, a hora em que eu mais vivo”, declara.
Ainda assim, o ator faz questão de citar Zé Carneiro, lendário personagem de “Sítio do Picapau Amarelo” (Globo), sucesso nos anos 1970. “No quesito repercussão, o público o nomeia. Eu o interpretei há mais de 40 anos, e até hoje ele é lembrado.”
Sobre o trabalho como um todo, ele se diverte fazendo uma analogia: “Eu, na verdade, tenho uma quadrilha que obedece às minhas ordens: eu sou o chefe, e os personagens são essa quadrilha bonita”.
Após dar vida a Abel, na novela “A Força do Querer” (Globo, 2017), o ator revela, sem dar pistas, que deve voltar à TV em breve. “Sou um ator de aluguel, espero convites. Não tenho projetos pessoais, penso só na necessidade da suficiência”, dispara. “O meu privilégio é nunca ter ficado sem trabalho."
Enquanto isso, continua em cartaz com o primeiro monólogo de sua carreira, que estreia em São Paulo neste sábado (21), "O Julgamento de Sócrates". A peça debate a liberdade de expressão e é uma adaptação livre de “Apologia de Sócrates”, do pensador grego Platão (428-348 a.C.).
No palco, o ator faz o filósofo Sócrates (469-399 a.C.), também da Grécia antiga, no contexto de sua sentença à morte _ele acabou envenenado. “É um texto marcante nos campos político, jurídico e social. As palavras de Sócrates se adaptam à realidade de hoje, são atemporais. Serão discutidas opiniões”, diz Pereira.
No cinema, o artista anuncia estar no elenco de pelo menos três filmes saindo do forno –um deles, a comédia “Compro Likes”, de André Moraes. "Até aqui, o trabalho de ator me sustentou. Montei outros negócios e fali oito vezes. A atuação continua me mantendo! Sou agradecido", diz. "A arte tem uma importância grande na vida”, finaliza.
Amigos de longa data, Pedro Cardoso e Tonico Pereira já trabalharam algumas vezes juntos. A parceria mais recente de ambos foi no seriado “A Grande Família” (2001-2014), no qual interpretavam, respectivamente, o taxista Agostinho e o mulherengo Mendonça. “É impossível falar dele sem chorar”, emociona-se Cardoso. “O seriado durou anos. O Tonico é tudo o que sintetiza o ator brasileiro”, complementa.
Cardoso conta que, ainda jovem, encantou-se com Tonico Pereira ao vê-lo atuar na peça “Papa Highirte”, em 1979. “É um dos maiores atores que já vi representar na vida”, diz. A atriz Guta Stresser, que fazia a Bebel na série de humor global, fala da boa convivência com Pereira. “Ele é um cara de humor ácido bem-vindo, divertido. É único.”
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