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Tony Goes

Aline Barros finge que homofobia é só questão de opinião

Cantora gospel falou sobre ser 'contra gays' durante entrevista 

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A cantora gospel Aline Barros em outubro de 2017 - Ricardo Borges/Folhapress
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Aline Barros é simpática, alegre, cativante, articulada e otimista. Um doce de pessoa. Ah, e também é homofóbica.
 
Na última sexta (30), a cantora gospel foi a convidada do programa “Mariana Godoy Entrevista”, exibido pela RedeTV!. Depois de quase uma hora conversando sobre amenidades, Aline respondeu à pergunta enviada por uma espectadora: “Por um acaso —e com todo o respeito, é claro— você é contra os gays?”.
 
Aline deu uma risadinha e respirou fundo, demonstrando já estar acostumada com este tipo de questionamento. Rodeou um pouco, falou em amor e na palavra de Deus, e aí soltou a frase que rendeu manchete aqui no F5.
 
“Conheço pessoas que são homossexuais, conheço pessoas que... já fizeram meu cabelo, já me maquiaram. São pessoas queridas, que eu tenho um carinho especial, sim. Mas, em relação à prática, àquilo que eles fazem, eu não posso dizer para você que eu concordo.”
 
Mariana Godoy ainda disse que sonha com uma igreja mais inclusiva, e logo mudou de assunto, ressaltando a fofura de sua entrevistada.

O fato é que a cantora não disse absolutamente nada de novo. Muitas celebridades e políticos, ligados ou não à religião evangélica, deram para dizer que “não concordam” com a homossexualidade (isto quando não usam o termo errado, “homossexualismo”, que remete a doença).
 
Dizendo desta forma, estas pessoas acham que estão amenizando a própria homofobia. Que “não concordar” é mera questão de opinião —e afinal, em uma democracia, todas as opiniões são válidas. Assim, ninguém pode reclamar dessa “discórdia”, pois estaria violando o sagrado direito à livre expressão.
 
Acontece que “não concordar” com a homossexualidade é tão ridículo quando não concordar com o cabelo louro de alguém, ou com o nariz adunco, ou com os olhos castanhos.
 
Aline Barros também cometeu outro deslize sério ao tratar a homossexualidade como “opção”. Não, não é: ninguém escolhe ser gay, assim como ninguém escolhe ser hétero. Até dá para “discordar” da escolha de alguém, mas não de algo que é tão natural quanto um nariz adunco.
 
No Brasil, alguns setores tentam caracterizar como homofobia apenas a violência física cometida contra a população LGBT. Na verdade, atitudes homofóbicas englobam desde as piadinhas de mau gosto até a recusa de emprego. Passando também, é claro, também pela boca dos famosos que dizem “não concordar” com os gays.
 
Não espero convencer Aline Barros de nada. Ela é até mais comedida do que sua colega Ana Paula Valadão, que já se indignou até com propaganda de moda unissex.
 
Mas não adianta Aline dizer que tem Jesus no coração e muito amor para dar. “Não concordar” com a homossexualidade é homofobia. Ponto.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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