Colo de Mãe
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A forma como o mercado de trabalho encara a maternidade não se alterou na pandemia

Mães, especialmente as que vão voltar da licença-maternidade, precisam estar preparadas

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A pandemia de coronavírus e o home office são realidades em muitos lares. No entanto, há mães que estão em licença-maternidade e que devem voltar ao mercado em breve. E, além do sentimento normal de não saber o que irá ocorrer na futura rotina, essas mulheres estão ainda mais ansiosas com a pandemia.

A primeira lição sobre o tema é: ser mãe e seguir no mercado de trabalho é uma das escolhas mais difíceis que você vai enfrentar na vida. Não, as noites maldormidas, o desespero em meio ao choro de um filho quando a gente não sabe o que fazer, as quedas, a primeira vez na escolinha e as despedidas não são tão duras quanto imaginamos se as compararmos ao dia a dia do mercado de trabalho.

Sei que muitas escolheram outro caminho, que também não é fácil, e abandonaram ou mudaram de profissão, mas para quem optou por seguir no mercado de trabalho, eu tenho um recado importante: prepare-se.

Se você está no fim da licença-maternidade ou se vai voltar ao trabalho após um ou alguns anos cuidando de um filho, o recado é o mesmo: prepare-se. Paramente-se para uma guerra. Bombas virão. De todos os lados.

E não. Não há compaixão. Mesmo aquelas pessoas mais doces, que se colocam no lugar do outro (ou tentam se colocar, e você vai encontrar muita gente assim) podem não ser capazes de entender as dificuldades da maternidade.

Prepare-se porque, em geral, o mercado de trabalho é dominado por homens, muitos sem filhos, outros com, o que não faz muita diferença. Mas o fato é que o mercado é dominado principalmente por quem não tem filhos.

Se, para mulheres sem filhos é difícil chegar em postos de chefia, fica mais difícil para mães. Ser ouvida também é algo que não rola muito.

Mas se você tem certeza de que quer ser mãe e profissional, que isso te completa, vai na fé.
Vai preparada. Sal grosso, oração para o santo, pimenteira, chás calmantes, ansiolíticos, apoio psicológico e uma boa dose do mantra: “o que importa é a saúde do meu filho” funcionam bem.

O resto é resto. O resto você encara. O resto você contorna. Só não crie expectativas. Crie unicórnios coloridos, mas não tenha expectativas sobre facilidades. Ser mãe, gostar de ser mãe, dedicar-se a ser mãe e trabalhar ainda não são atividades compatíveis na sociedade em que vivemos. Isso não é uma crítica. É apenas uma constatação.

E segue a última lição: ignore a tripla jornada que irá viver. Desde que, lá nos tempos das cavernas, brigamos para caçar e plantar também, assim como faziam os homens, a gente já tinha dupla jornada. Não seria após 2020 anos d.C. (depois de Cristo) que a humanidade teria evoluído a tal ponto de sermos todos considerados iguais (contém ironia). Mas vai na paz!

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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