Obra que deu origem a filme de Daniel Filho apresenta detetive célebre de Garcia-Roza
Romance 'O Silêncio da Chuva' traz caso de mistério no Rio de Janeiro
Quando o romance “O Silêncio da Chuva” (R$ 59,90, 268 págs., Cia. das Letras) começa, o leitor tem a impressão de que acompanhará de maneira onisciente a história publicada em 1996 pelo famoso escritor carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza (1936-2020). Mas a impressão logo é desfeita. O que se torna o ponto de partida para um enredo imprevisível e bem amarrado.
O livro é uma obra-prima e deu origem a um filme dirigido por Daniel Filho e que estreou na semana passada com atores globais. E, em ambas as produções, o que dá tom é o mistério com que a narrativa, pouco a pouco, vai envolvendo o espectador.
Tudo começa com a morte de um executivo no centro do Rio de Janeiro. O homem, Ricardo de Carvalho, é encontrado morto com um tiro na cabeça, recostado em cima do volante, e sem sinais de violência.
O crime coloca em cena pela primeira vez o principal personagem de Garcia-Roza, com o qual este clássico do romance policial levou duas congratulações importantes, um ano após chegar às livrarias: o Prêmio Jabuti, na categoria romance, e o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira. É o bibliófilo Inspetor Espinosa. Um aficionado por literatura que tem o hábito de fantasiar acontecimentos com os personagens dos casos com os quais se envolve.
E nesse caso, ele tem um prato cheio. Mulher de Carvalho, Bia Vasconcelos é uma designer bonita e refinada, filha de uma família de classe alta, que tem um envolvimento com o professor universitário boa-pinta Júlio de Azevedo. Este, por sua vez, mantém um relacionamento com a espontânea e igualmente bela Alba, sócia de uma academia de ginástica em Ipanema. Espinosa aos poucos se deixa envolver pelas duas mulheres, o que apimenta a trama.
A segunda morte do livro, diferentemente da primeira, é executada com requintes de crueldade, o que tira Espinosa do eixo.
Tendo como principal característica usar mais a massa cinzenta do que os músculos, o inspetor aos poucos vai adentrando o psicológico de cada personagem e também a mente de quem ele imagina que possa ser o assassino. Aí está também um dos mais marcantes elementos do romance policial de Garcia-Roza: tentar explicar o ponto de partida da sordidez do crime a partir de motivos sociais
.
Enquanto perambula pelos bairros do Rio de Janeiro, o romance aborda ainda o desaparecimento de Rose, secretária do primeiro morto, Ricardo de Carvalho. Ela some logo depois de ligar para Bia Vasconcelos, dizendo ter assuntos importantes para tratar com a patroa.
Só que Bia logo encontra mais motivos com os quais se preocupar: nos capítulos seguintes, ela e Júlio começam a ser ameaçados por alguém que diz ser da polícia e só confiam em Espinosa para ajudá-los, um aliado acima de qualquer suspeita.
Nessa toada, o romance fica marcado por apresentar um herói que, longe de ser um gênio da dedução, é esforçado e ético. Cativante.
MAIS VENDIDOS
FICÇÃO
1 “A Garota do Lago”, de Charlie Donlea (Faro)
2 “Corte de Espinhos e Rosas (Vol. 1)”, de Sarah J. Maas (Galera)
3 “O Homem de Giz”, de Alexandre Raposo e C.J. Tudor (Intrínseca)
4 “O Clube do Crime das Quintas-Feiras”, de Richard Osman (Intrínseca)
5 “Teto para Dois”, de Beth O’Leary e Carolina Selvatici (Intrínseca)
NÃO FICÇÃO
1 “Mulheres que Correm com Lobos”, de Clarissa Pinkola Estes (Rocco)
2 “Vade Mecum 2021 Saraiva” (Saraiva)
3 “Escravidão - Volume 2”, de Laurentino Gomes (Globo)
4 “Em Busca da Alma Brasileira”, de Jason Tércio (Estação Brasil)
5 “Falando com Estranhos”, de Malcolm Gladwell (Sextante)
AUTOAJUDA
1 “Mais Esperto que o Diabo”, de Napoleon Hill (Citadel)
2 “A Coragem de ser Imperfeito”, de Brené Brown (Sextante)
3 “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie (Sextante)
4 “Minutos De Sabedoria (Simples)”, de Carlos Torres Pastorino (Vozes)
5 “Aonde Quer que Você Vá, É Você que Está Lá”, de Jon Kabat-zinn (Sextante)
Fonte: Livrarias Saraiva (de 13 a 19.set.2021)
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