A treinadora Monica Aldama, Jerry Harris, Gaby Butler e La'Darius Marshall

A treinadora Monica Aldama, Jerry Harris, Gaby Butler e La'Darius Marshall Divulgação

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Sarah Bahr
The New York Times

No mês passado, a Netflix anunciou de surpresa uma segunda temporada da série documental "Cheer", premiada com o Emmy, que acompanha a equipe de animadores de torcida do Navarro College, uma faculdade comunitária de uma cidadezinha do Texas que ganhou o campeonato americano de cheerleaders.

Embora a segunda temporada vá mudar seu foco para uma nova leva de animadores de torcida, o nome de um formando recente do Navarro College continua no noticiário: Jerry Harris, 22, cujo otimismo constante e palestras inspiradoras fizeram dele um dos queridinhos da audiência na primeira temporada da série, veio a lançar uma sombra sobre a reputação do programa.

Dois gêmeos adolescentes processaram Harris em setembro de 2020, acusando-o de abuso sexual. Ele também foi detido naquele mês, por acusações federais relacionadas a imagens de abuso sexual infantil, e continua encarcerado.

A nova temporada, de nove episódios, trata do caso desde o começo e inclui um episódio de 60 minutos que traz entrevistas de antigos colegas de equipe de Harris em Navarro; da treinadora dos cheerleaders, Monica Aldama; dos irmãos que estão processando Harris; da mãe deles; e dos repórteres do jornal USA Today que primeiro publicaram notícias sobre o caso.

Eis o que sabemos sobre as acusações contra Harris, a situação do caso, e o que acontece na temporada dois da série.

De que Jerry Harris está sendo acusado?
Em setembro de 2020, os gêmeos, então com 14 anos, abriram um processo no Texas acusando Harris de lhes enviar mensagens sexualmente explícitas via mídia social e mensagem de texto, exigindo que lhes enviassem fotos que os mostrassem nus; e o acusam também de ter pedido sexo oral a um deles em uma competição de animadores de torcida em 2019. Harris fez amizade com os meninos quando eles tinham 13 anos e ele 19, noticiou o USA Today. Harris, de Naperville, Illinois, foi preso pelo FBI (Serviço Federal de Investigações) americano em setembro de 2020 e acusado de produzir pornografia infantil.

Em uma entrevista voluntária com o FBI depois de sua detenção, Harris reconheceu ter trocado foto sexualmente explícitas via Snapchat com pelo menos 10 ou 15 pessoas que admitiu serem menores de idade; ter feito sexo com um menor, de 15 anos, em uma competição de animadores de torcida em 2019; e que pagou a um menino de 17 anos para lhe mandar fotos que o mostravam nu.

Nos meses seguintes, agentes federais americanos obtiveram depoimentos de outros menores que disseram ter tido relações com Harris. Em dezembro de 2020, acusações adicionais foram apresentadas contra ele, entre as quais quatro por exploração sexual de crianças, uma por receber e tentar receber pornografia infantil, uma por viajar para tentar se engajar em conduta sexual com um menor, e uma por aliciamento –um total de sete acusações relacionadas a cinco meninos menores de idade. O indiciamento afirma que esses atos aconteceram entre agosto de 2017 e agosto de 2020, na Flórida, Illinois e Texas. Se condenado, Harris pode ser sentenciado a pena entre 20 e 30 anos de prisão em uma penitenciária federal.

Como Harris respondeu às acusações?
Em dezembro de 2020, ele se declarou inocente de múltiplas acusações criminais. Todd Pugh, o advogado de Harris, não respondeu a pedidos de comentários, no início do mês.

Em que ponto começa a nova temporada de "Cheer"?
No ponto em que deixamos o Navarro College no final da primeira temporada, depois de sua vitória na divisão "junior college" do National Cheerleaders Association and National Dance Alliance Collegiate National Championship, em Daytona, Flórida. Em seguida vieram um convite para o programa matutino de TV "Today", uma participação no "Ellen DeGeneres Show" e uma paródia em "Saturday Night Live".

A temporada dois começou a ser gravada em janeiro de 2020, mas foi paralisada pelos lockdowns da pandemia. O campeonato nacional americano de animadores de torcida de 2020 foi cancelado por causa da Covid-19. As gravações foram retomadas em setembro de 2020, para acompanhar a jornada da equipe rumo ao campeonato de 2021, em abril. (Não vamos revelar os resultados aqui, mas se você quiser descobrir como eles se saíram, bem, nós não o impediremos.)

Na nova temporada, a série acompanha a nova equipe de animadores de torcida em sua preparação para competir contra o rival regional Trinity Valley Community College. Também acompanha alguns integrantes do elenco na primeira temporada (Gabi Butler, La’Darius Marshall, Lexi Brumback e Morgan Simianer retornam.)

O programa mostra os novos desafios que a equipe enfrentou depois de conquistar o título de 2019, que incluem a saída de sua treinadora, Aldama, convidada a competir no programa "Dancing With the Stars", em Los Angeles. Ela chegou à sétima das 11 semanas da disputa, e estava a 2.500 quilômetros de distância de sua equipe quando as acusações contra Harris se tornaram públicas, em setembro de 2020.

Como é que "Cheer" trata as acusações contra Harris?
Depois que a ausência dele é mencionada no episódio um, a série dedica quase uma hora inteira no episódio cinco a examinar o caso. Inclui entrevistas com os gêmeos, que discutem sua decisão de ir a público, e as consequências das acusações.

O episódio também inclui entrevistas com antigos colegas de equipe de Harris, que enfrentam dificuldades para conciliar a personalidade positiva e animada do cheerleader que acreditavam conhecer e os crimes que ele é acusado de cometer. Aldama revela que Harris lhe escreveu uma carta na qual expressa a esperança de um dia se tornar palestrante motivacional.

A única pessoa que não aparece é Harris. No material de imprensa da série Greg Whiteley, diretor de "Cheer", disse não ter se comunicado com ele, e acrescenta que os advogados de Harris impediram que isso acontecesse. A Netflix informou que os advogados de Harris tinham se recusado a comentar para a série.

Onde está Harris agora?
Ele está preso, sem direito a fiança, no Centro de Detenção Metropolitano de Chicago, desde que foi detido em setembro de 2020; um juiz decidiu que ele representaria um perigo para o público caso fosse libertado. A data de seu julgamento ainda não foi marcada.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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