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Luta de Francisco Camargo pela carreira dos filhos bateu recorde nos cinemas

'2 Filhos de Francisco' também ficou entre os favoritos dos leitores do New York Times

Cena do filme "2 Filhos de Francisco", de Breno Silveira, que narra a vida da dupla formada por Zezé Di Camargo e seu irmão Luciano
Cena do filme "2 Filhos de Francisco", de Breno Silveira, que narra a vida da dupla formada por Zezé Di Camargo e seu irmão Luciano - Divulgação
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São Paulo

Deu no New York Times. Em sua crítica no jornal sobre o longa "2 Filhos de Francisco", o jornalista Neil Genzlinger afirmou que "mesmo Joseph Jackson [patriarca do grupo musical infantil Jackson 5, de Michael Jackson] e Murry Wilson [dos Beach Boys] deveriam ficar impressionados com a maníaca persistência de um homem no Brasil chamado Francisco Camargo".

Era julho de 2006. Após conquistar os brasileiros um ano antes, batendo recorde de bilheteria com 5,3 milhões de espectadores, a história de um obstinado matuto brasileiro para impulsionar a carreira dos filhos Zezé Di Camargo e Luciano entrava também no ranking dos favoritos dos leitores da edição online do New York Times. Chegou a superar na lista superproduções como "Superman - O Retorno" e "Piratas do Caribe". Para calcular a preferência dos leitores, o jornal levava em conta o número de acessos às críticas, ao trailer e às páginas detalhadas sobre o filme.

Francisco Camargo, o protagonista real dessa trajetória, morreu na noite desta segunda (23) aos 83 anos.

A ideia inicial de "2 Filhos de Francisco" surgiu dos próprios cantores Zezé Di Camargo e Luciano, que apostavam que a vida deles tinha potencial para o cinema. Breno Silveira estava a ponto de filmar seu primeiro longa, uma outra história de amor sobre "meninas da classe média do Rio que se apaixonam por bandidos", quando chegou à Conspiração a encomenda do longa sobre os sertanejos.

Em reportagem à Folha, o cineasta contou que, de súbito, se viu apaixonado pela trama. E sozinho. "Meus amigos não me reconheciam quando entravam no carro e viam CDs da dupla. Eles me olhavam estranho", afirmou, na ocasião. O ator Ângelo Antônio interpreta o patriarca da família Camargo na telona.

A trilha sonora foi assinada por Zezé e Caetano Veloso –uma estratégia do sertanejo que temia o preconceito do público que os achavam "brega". "A gente sabia que não podia apostar tudo num público direcionado, no segmento sertanejo", relatou Luciano.

De fato, não é preciso gostar da dupla para se encantar com o longa, como escreveu José Geraldo Couto, em crítica publicada na Folha. Como em tantos outros filmes, "2 Filhos de Francisco" se centra na história do menino (no caso Mirosmar Camargo, o Zezé) nascido na roça que, depois de muitos percalços, vira cantor e conquista fama e fortuna.

Os diferenciais são, segundo Couto, justamente o "foco inicialmente voltado para o pai dos futuros cantores", além do "olhar atento e caloroso, isento de maniqueísmo, a todos os personagens; a maneira sutil como se conta, nas entrelinhas, o avanço da urbanização brasileira".

Em 2005, "2 Filhos de Francisco" tomou de "Carandiru" (2003 - 4,6 milhões de espectadores) o lugar de filme nacional mais visto no país desde 1995, início do período chamado "retomada" do cinema nacional. No mesmo ano, o longa foi o escolhido brasileiro para concorrer a uma vaga no Oscar. Acabou, porém, fora da disputa.

O recorde do longa de Silveira só foi superado em 2009 com a comédia "Se Eu Fosse Você 2", de Daniel Filho, que conquistou 6,1 milhões de espectadores.

Após o grande sucesso da produção, o ex-lavrador e ex-pedreiro Francisco Camargo contou à Folha que estava adorando a vida de celebridade. "Eu gosto, eu gosto." Só tinha um problema, afirmou ele: "Não sei dar autógrafo. Como eu faço? Não tem jeito de fazer isso não. Não mexo com isso, não dou conta. Agora o Emanuel [seu filho] vai me ensinar a dar autógrafo."

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