'Malhação': 1ª protagonista, Juliana Martins diz que novela precisou evoluir
Atriz que viveu Bella é dona de produtora hoje e dedica-se ao teatro
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A atriz Juliana Martins, 47, marcou a história de “Malhação” interpretando a protagonista da primeira temporada, Isabella. Ela era uma bailarina que namorava Romão (Luigi Baricelli) e acabou se apaixonando por Héricles (Danton Mello). Mais de 25 anos depois, a artista vê que a novela precisou evoluir e se adaptar, assim como sua carreira.
Ela relembra que o início de “Malhação” foi como uma tentativa, algo experimental. “Se desse certo até teria uma segunda temporada, e agora está aí há anos e anos no ar”, compara em entrevista ao F5. Martins avalia que a novela adolescente trazia uma linguagem nova e foi um dos primeiros meios que os jovens tiveram para se identificar.
“Naquela época, em 1995, não tinha Google nem Internet, então era de alguma maneira uma fonte de reconhecimento”, afirma. A artista conta que o elenco todo era jovem, apesar de não serem tão novos quanto os personagens. “Era um programa feito por jovens para jovens”, explica. Recentemente, a trama entrou no catálogo do Globoplay.
Martins destaca o profissionalismo de toda a equipe de produção e elenco, e relembra que o clima nas gravações era de muita amizade e trabalho duro. Para ela, a novela funcionou justamente por saberem focar em fazer algo profissional e novo, dentro de uma grande emissora como a Globo.
Para a artista, com o passar dos anos a novela precisou evoluir e se modernizar em conjunto com a Internet e a cada geração de jovens. Martins pontua que, maior do que a mudança externa, foi a mudança do cenário de uma academia para um ambiente escolar, “o que é muito melhor: queremos cérebros e não músculos”.
Ela também comenta que os jovens estão cada vez mais livres, espertos e conseguem se sentir representados em outros lugares além da televisão. “Quando eu fiz, poderia ser a primeira vez que os jovens se vissem representados, e hoje não é mais isso”, fala. “Acredito que ‘Malhação’ se reinventa, se moderniza e acompanha cada juventude.”
Além da novela adolescente, Martins possui outros títulos no catálogo do Globoplay como “Riacho Doce” (1990), “Vamp” (1991) e “A Gata Comeu” (1985), que marcou seu primeiro trabalho televisivo, aos 11 anos. A artista comenta que gosta de rever seus trabalhos para estudo e evolução, no entanto, em títulos do início da sua carreira ela prefere focar na “fofurice”.
Para a atriz, estudo e versatilidade são importantes para quem for seguir carreira no mundo das artes. Dona de uma produtora desde 2004, ela afirma ser necessário ter algo além da carreira de ator, seja como diretor, dublador ou até mesmo roteirista, para alcançar maior liberdade artística e financeira.
Após seu último trabalho na televisão com “Geração Brasil” (2014), a atriz se dedica a peças de teatro e, em 2020, precisou se adaptar para lançar o monólogo “O Prazer É Todo Nosso” totalmente on-line. “É muito difícil, porque não é televisão. Estou num palco com movimentação cênica”, explica.
A artista comenta ter ficado feliz por ter feito o projeto, mas conta que foi uma experiência tensa. Produzido por Bel Kutner, o monólogo fala sobre experiências sexuais de forma leve e bem-humorada. A atriz quis contar coisas que aconteceram com ela após terminar um casamento de 19 anos e aproveitar a juventude que não teve, por ter se casado muito nova, aos 20.
O fato de a peça falar apenas sobre sexo, sem a parte do afeto, chocou muita gente, segundo Martins. “Imagina a Bella, aquela mocinha de ‘Malhação’, falar sobre sexo? Uma pessoa tão delicada e feminina”, diz, em tom de brincadeira.
Ela diz que viu muitos que se identificaram com as histórias contadas no monólogo, e ainda acrescenta que “o mais legal mesmo é que eu falo sobre liberdade! É poder viver tudo isso e continuar sendo uma mulher romântica, uma boa mãe, uma boa filha, profissional”, comenta, “uma coisa não interfere a outra.”
Martins afirma que pretende apresentar o monólogo presencialmente, ainda em 2021, com a evolução da vacinação no Brasil. A atriz costuma se posicionar nas redes sociais e comentou que essa ação é natural. “Eu não consigo ficar quieta. Eu até seguro a onda, eu até pego leve, queria falar mais.”
Para ela, personalidades influentes devem se posicionar para “abrir a cabeça de muita gente para que em 2022 tenhamos um país melhor. E fora Bolsonaro”.
A artista afirma que não consegue tirar saldos positivos do período da pandemia. “A relação com a minha filha foi ótima”, exemplifica, “mas poderíamos ter chegado nesse lugar sem estar vivendo uma pandemia".
A atriz se vacinou recentemente. “Não é só uma pandemia, além disso, é um desgoverno que temos. A pandemia está difícil para geral, para o mundo inteiro, para nós um pouco pior”, diz.
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