Kiernan Shipka fala sobre fim de 'O Mundo Sombrio de Sabrina' e o que tem feito sua cabeça
Atriz tinha seis anos quando começou a aparecer em 'Mad Men' como Sally Draper
Atriz tinha seis anos quando começou a aparecer em 'Mad Men' como Sally Draper
Kiernan Shipka sabe uma coisinha ou duas sobre como é crescer diante das câmeras. A atriz tinha seis anos quando começou a aparecer em "Mad Men" no papel de Sally Draper, que lhe valeu seus primeiros elogios, e chegou aos 15 anos quando a série acabou, em 2015.
Agora com 21 anos, completados neste mês –a primeira bebida alcoólica que ela consumiu legalmente foi um Campari com água tônica—, Shipka percebeu que, mesmo depois de sete temporadas como a filha de Dan Draper, ela ainda tinha um pouco de crescimento a fazer diante das câmeras. A atriz dedicou os últimos anos ao papel da bruxa adolescente que protagoniza "O Mundo Sombrio de Sabrina", na Netflix, que vai se encerrar com uma quarta temporada que estreia em 31 de dezembro.
"Eu interpreto aquela personagem desde os 18 anos, e dos 18 anos aos quase 21, o período é de muita mudança”, ela disse. “Influencia muito sua formação como adulto, de inúmeras maneiras. Todos os meus amigos estavam entrando na universidade, e eu começando essa outra coisa. Foi um momento emotivo, ter de lidar com o fato de que estava me despedindo dela.”
Antes da temporada final, Shipka falou sobre 10 de suas coisas favoritas, culturais e em outros campos, em uma entrevista por telefone, de sua casa em Los Angeles. (O café e o queijo receberam duas fortes menções honrosas. “A espinha dorsal da minha felicidade”, disse Shipka, “provavelmente está nos laticínios”.) Abaixo, trechos editados de nossa conversa.
Uma das minhas artistas preferidas –nossa, ela é boa demais– é Phoebe Bridgers. Ela lançou um disco novo alguns meses atrás, e é um trabalho deslumbrante. Cresci nos mesmos círculos que ela; ela estudou com muitos de meus amigos em Los Angeles. E agora, que todo mundo a ama e de que ela se tornou uma artista incrível, completamente desenvolvida, me deixa muito feliz. Há uma canção em seu disco mais recente –é a última faixa, “I Know the End”– que é uma verdadeira obra de arte. Honestamente, se você deseja sentir que sua vida é um programa de TV e você está chegando ao episódio final da primeira temporada, essa é a canção perfeita para escutar.
Já fiz 10 mergulhos, até agora. Ainda sou bem novata. Da primeira vez, você só tenta garantir que não vai morrer, ou explodir. Mas quando descobri como funciona, mergulhar se tornou minha coisa favorita. Eu sou muito ruim em meditação – tentei, tentei e tentei, mas não consigo. O app do meu telefone fica me olhando feio o tempo todo. Mas quando você mergulha, precisa se concentrar em sua respiração atentamente, porque é isso que orienta sua postura, e a experiência se torna muito meditativa. Você tem uma cadência muito calma e meticulosa em sua respiração, e chega a um lugar muito bonito.
Acho que ela é minha escritora favorita, no momento. Li “My Year of Rest and Relaxation” no meu clube do livro, e é um trabalho escrito com um estilo tão brilhante, tão engraçado e devastador. É maravilhoso. E o livro que ela escreveu antes desse, “Eileen”, faz com que você preste atenção. Tem um lado de thriller e, nossa, é fabuloso.
Eu tenho jogado euchre, um jogo de cartas, que é uma espécie de versão modificada e facilitada do bridge. Queria que fosse mais popular. É um bom jeito de se conectar com as pessoas. Se você tem a sorte de ter uma conexão com três outras pessoas em sua vida neste momento, jogar euchre é o caminho a seguir.
Quando eu estava filmando “Sabrina” em Vancouver, descobri que o único jeito de me movimentar um pouco era levar uma minicama elástica para o set. Minha família e eu temos uma ou duas delas em casa, e em nosso mundo isso é completamente normal. Mas a cada vez que uma pessoa nova vê a cama elástica, a reação é perguntar “mas por que você tem uma cama elástica na cozinha”? Eu adoro ficar pulando nelas enquanto assisto TV, ou se estou sem nada para fazer, entediada, e quero uma injeção de energia... para mim, pular um pouco no meio do dia atende perfeitamente a essa necessidade”.
Muita gente passou por coisa parecida durante a quarentena, mas eu assisti “Família Soprano” pela primeira vez durante a quarentena, e fiquei completamente obcecado. Sigo todas as contas relacionadas aos Soprano no Instagram, todas as contas de memes dos Soprano –as conversas sobre os Soprano no Reddit me divertem demais. Assisti a todas as análises sobre o final da série no YouTube. Fiquei em lockdown com minha família e meu melhor amigo, e ele assistiu com a gente –ele me deu calças de moletom dos Soprano, e chinelos dos Soprano, com o rosto de Tony Soprano, uma pílula de Prozac, o logotipo do Bada Bing. No fim, minha vontade era a de cozinhar ziti.
Acredito que usei o mesmo sapato o ano todo –são meus sapatos de todo dia e toda noite. Tenho 1,60 metro de altura, e por isso gosto do salto plataforma sem precisar de saltos-agulha. Uso com vestidos, jeans, calças de moletom. Cai bem com tudo.
Sei que só completei 21 anos há, tipo, uns três dias. Mas em Vancouver eu já podia beber desde os 19 anos, e passei dois anos lá. Bebi muitos margaritas no pouco de tempo que tive até agora como consumidora legal de álcool. É o drinque a que eu sempre retorno. Outras bebidas são novidades legais, mas há alguma coisa na tequila, sal, limão, na doçura suave. Chova ou faça sol, é minha bebida favorita.
Na minha primeira viagem a Nova York, para promover “Mad Men”, quando eu tinha 10 anos, eu mal conseguia conter minha empolgação. Honestamente, não acho que exista experiência melhor do que olhar pela janela do avião e ver Manhattan. Há tantas camadas de vida e de recordações., naquela cidade, para mim. Sinto muita falta de lá. Adoro o Lower East Side, e sei que os nova-iorquinos nem ligam para Times Square, mas acho que existe algo de novidade lá, um elemento cinematográfico naquela parte de Nova York. E os bagels da Russ & Daughters são donos do meu coração.
Minha mãe me trouxe algumas cabeças de manequins que eu podia maquiar, quando era criança, só por diversão. E, por algum motivo, uma delas ficou lá no porão, com o passar dos anos. Quando eu tinha 14 ou 15 anos, meus amigos encontraram aquela cabeça, e queriam saber o que era, e diziam que era mal assombrada. Nós demos vida própria àquela cabeça de manequim: ela se chama Tino, e virou parte integrante da minha turma de amigos. E tem mesmo um jeito de coisa amaldiçoada.
Tradução de Paulo Migliacci
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