Foi preciso não reconhecer a própria imagem numa capa de revista para Manu Gavassi, 23, se dar conta do quanto a edição de fotos está cada vez mais exagerada e banalizada.

Se há alguns anos só as celebridades eram vítimas do Photoshop descontrolado nas revistas, agora meninas de 14 anos usam aplicativos como o Facetune para retocar as próprias fotos nas redes sociais.

Na semana passada, a atriz e cantora se envolveu em uma polêmica ao boicotar a própria capa da revista "Vip", por não gostar do resultado das fotos. Em resposta, ela refez o ensaio na própria casa, sem nenhuma edição, e compartilhou tudo na web.

"Aumentaram minha perna, fiquei mais bronzeada, mexeram na minha cara... Sei lá, causaram", contou Manu ao "F5", durante o lançamento da coleção C&A inspirada nas "Meninas Superpoderosas", na última quinta (5).

"Me perguntaram porque eu estava tão diferente e eu fui só sincera, realmente não parecia eu. Não me senti confortável com aquilo e resolvi refazer meu ensaio", justifica.

A polêmica desencadeou uma campanha na internet, com o uso da hashtag #MeSintoLindaComoSou, criada pela atriz. Em 15 minutos, ela recebeu mais de 3 mil fotos de meninas e mulheres se sentindo lindas como são.

"A gente vive num mundo em que até no Instagram editamos nossas próprias fotos, que dirá uma capa de revista", contesta Manu, que admite já ter editado fotos na rede social, mas agora abriu os olhos para a questão.

"Depois desse baque, comecei a rever algumas atitudes. Nunca fui muito pirada nisso de Instagram, mas eu achava normal, porque tinha amigas blogueiras e sabia que as pessoas usam esses artifícios de edição. E aí quando eu me vi não representada por aquilo, eu falei 'caraca, isso não é normal! Isso é muito feio, muito grave'".

Em relação à revista, Manu preferiu "não comprar essa briga". Segundo ela, a publicação não entrou em contato para se desculpar ou reclamar, nem ela. Assunto encerrado.

"Para mim, isso foi uma deixa para a gente conversar sobre um lance que é tão presente, não só nas revistas mas em todos os lugares. Todo mundo busca essa perfeição editando suas próprias fotos, meninas de 14 anos já fazem isso e é uma grande bobagem. A gente tem que se gostar do jeito que a gente é e parar de 'noiar' com essa perfeição que não existe", sentencia.

Ídola de um público majoritariamente adolescente e infanto-juvenil, a cantora afirma se atentar à responsabilidade de influenciadora perante esse público.

"Eu uso minha responsabilidade para o bem. Acho que se eu conseguir plantar uma sementinha na cabeça de meia dúzia de meninas eu já estou fazendo meu trabalho, já estou tranquila com a minha consciência", conta ela, que se disse feliz com o resultado final do ensaio e da campanha.

Girlpower

Mestre de cerimônias do lançamento da coleção inspirada nas "Meninas Superpoderosas", Manu acredita que a volta da animação à grade do Cartoon veio em boa hora.

"Essa volta das 'Meninas' vem num momento 'girlpower' muito forte, de empoderamento feminino muito presente. Na época do desenho a gente nem percebia isso, mas são três protagonistas femininas muito fortes", elogia a atriz, que tinha como personagem favorita na infância a Florzinha. "Eu era a Florzinha e meu pai era o Macaco Louco", brinca.