Celebridades

'Se acabar a Lei Rouanet, acaba tudo', diz Falabella sobre futuro dos musicais

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Depois de levar a Madri de Pedro Almodóvar para São Paulo com o musical “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, Miguel Falabella estreia a temporada carioca da peça neste fim de semana.

Adaptação do filme homônimo de 1988, o musical narra os problemas amorosos da atriz Pepa (Marisa Orth), seu amante, Ivan (Juan Alba), e a mulher dele, Lúcia (Stella Miranda). Responsável pelo texto e pela direção da comédia, Miguel Falabella buscou manter-se fiel ao original.

Não tentou abrasileirar Almodóvar por acreditar que as brasileiras entenderiam bem as loucuras das protagonistas, ao contrário do que acontecia na versão americana do espetáculo.

“Assisti ao musical lá e percebi que não chegava às pessoas por uma razão muito simples: a mulher média americana não sai de madrugada atrás de um homem, nem vai fazer simpatia de amor. É outra relação com a vida. A loucura das personagens do Almodóvar atrapalhava o entendimento da obra pelos americanos. As atitudes dos personagens são extremadas e muito latinas”, analisou Falabella em entrevista ao “F5”, na coletiva de lançamento do musical.

O autor não sabe afirmar se o tema central de “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” soaria retrógrado em tempos de discussão ativa sobre feminismo e politicamente correto. Para Falabella, a comédia não admite esse tipo de classificação.

“É burro tentar colocar a comédia dentro de politicamente correto ou não. Isso é coisa de gente ignorante. O Chris Rock arrebentou no Oscar e foi absolutamente politicamente incorreto com a situação dos negros e de todo o movimento que o Will Smith estava fazendo. Mas isso é inteligente. O cara vai lá, esculhamba, mas tem uma discussão saudável, não vira uma caça às bruxas”, argumentou.

Chris Rock apresentou o Oscar no último domingo (28), e foi mordaz em sua crítica ao racismo e à discriminação da premiação. O apresentador, porém, não poupou nem mesmo os protestos, liderados pelo ator Will Smith e pelo diretor Spike Lee, que promoveram um boicote à cerimônia.

Lei Rouanet

A crise econômica não afetou a captação de patrocínio do espetáculo, iniciada em 2015, mas Falabella se preocupa com o futuro de outras produções musicais após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) negar patrocínio via Lei Rouanet para projetos artísticos com “alto potencial de lucro”.

“O musical brasileiro ainda engatinha. Se acabar a Lei Rouanet, acaba tudo. A geração dos netos de vocês é que vão ver um musical”, afirmou o ator, que também alertou para o risco de se perder o know-how conquistado na última década.

"Uma peça musical emprega mais de cem pessoas. Sem a Lei Rouanet, você tira o emprego de muita gente. Se tem oito projetos em cartaz, são 800 pessoas empregadas. Demoramos tanto tempo para aprender e ter o know-how. Há uns dez anos atrás, nós tivemos que comprar os cenários da Argentina. Hoje em dia, fazemos nossos próprios cenários. Houve um grupo de técnicos que se aprimorou. Fico preocupado com a continuidade, por que aí tem um retrocesso. Até melhorar e retomar tudo, olha o tempo que vai ser. É uma sensação depressiva, parece que não chega a lugar nenhum", desabafa.

“Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” estrou no Rio de Janeiro no sábado (5), no Teatro Oi Casa Grande.

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