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Descrição de chapéu The New York Times

Gorila que se comunicava por linguagem de sinais morre aos 46 anos

Koko se comunicava por gestos e compreendia cerca de 2.000 palavras em inglês

Koko, que nasceu em um zoológico nos EUA, é capaz de entender palavras em inglês e na língua de sinais. Em 1984, ela "pediu" um gato de estimação a sua treinadora Francine Patterson e ganhou All Ball, que aparece com a gorila na foto
Koko, que nasceu em um zoológico nos EUA, é capaz de entender palavras em inglês e na língua de sinais. Em 1984, ela "pediu" um gato de estimação a sua treinadora Francine Patterson e ganhou All Ball, que aparece com a gorila na foto
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Niraj Chokshi

 Koko, a gorila cuja aparente aptidão para a linguagem de sinais conquistou fãs em todo o planeta, morreu dormindo na manhã de terça-feira, de acordo com a Gorilla Foundation, que respondia por seu cuidado. Ela tinha 46 anos.

Koko se tornou uma celebridade instantânea quando era jovem, graças à facilidade com que aprendeu a se comunicar via linguagem de sinais americana. Sua fama cresceu com o passar dos anos, e Koko, uma gorila do oeste da África, encantou figuras famosas do entretenimento, como Fred Rogers e Robin Williams, e suas audiências.

"Koko esteve presente nas vidas de milhões de pessoas, como embaixadora dos gorilas e ícone da comunicação e empatia entre espécies", afirmou a Gorilla Foundation em comunicado. "Ela era muito amada, e fará muita falta."

Aos quatro anos de idade, Koko já tinha um vocabulário de mais de 170 palavras e mostrava a capacidade de usar a linguagem criativamente, disse Penny Patterson, que por muito tempo foi sua treinadora e cuidadora, ao The New York Times, em 1975. ​

"Ela ocasionalmente inventa palavras [sinais] novas e espantosamente apropriadas, e é capaz de combinar palavras de maneira inovadora e significativa", disse Patterson. "Koko também tem senso de humor, e brinca com as palavras."

As capacidades linguísticas de Koko lhe valeram a capa da revista National Geographic em 1978 e 1985, e ela foi tema de muitos documentários. Quando morreu, o vocabulário de Koko havia crescido para mais de duas mil palavras, de acordo com a fundação.

Mas logo depois que ela ganhou fama, membros da comunidade científica começaram a questionar a dimensão de sua capacidade, sugerindo que ela na verdade respondia a dicas, ou que Patterson e outros haviam superestimado sua competência, projetando em suas ações aquilo que desejavam ver.

O debate continuou por décadas, mas pouco fez para diminuir o interesse por Koko. Em suas aparições públicas, ela parecia experimentar emoções como felicidade, frustração e desgosto. Koko manteve amizades duradouras com outros animais, e exibia muita gentileza para com os gatos. O relacionamento dela com uma gatinha chamada All Ball inspirou "Koko's Kitten", um livro infantil muito popular.

A celebridade de Koko também foi alimentada ao menos em parte por suas interações com seres humanos famosos, como Rogers, cuja série "Mister Roger's Neighborhood" teve Koko como convidada em um episódio de 1998. Foi um dos momentos mais memoráveis do programa, disse Margy Whitmer, que foi produtora da série por muito tempo.

Koko não demorou a se familiarizar com Rogers, brincando com seu suéter e dizendo que o amava."Ele aceitou Koko e estava sempre relaxado ao lado dela, sem demonstrar qualquer medo", disse Whitmer ao The New York Times este ano.

Três anos mais tarde, Koko conheceu Robin Williams, e não demorou a se aproximar do ator e comediante. Williams falou da experiência com carinho em entrevistas, e usou o encontro como tema em seus especiais de stand-up. Quando ele morreu, em 2014, surgiu a informação de que Koko ficou chateada.

Ela nasceu em 4 de julho de 1971 no zoológico de San Francisco, e recebeu o nome de Hanabi-ko, ou "filha dos fogos de artifício, de acordo com a Gorilla Foundation.

Patterson, que estava fazendo seu doutorado em psicologia na Universidade Stanford, começou a trabalhar com ela no ano seguinte. Em 1979, Patterson criou a Gorilla Foundation e a transferiu para as montanhas Santa Cruz. 

Gorilas vivem em média entre 30 e 40 anos, na natureza, enquanto os gorilas que vivem sob o cuidado de seres humanos podem passar dos 50 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Zoologia e Conservação Zoológica da Smithsonian Institution.

Os gorilas das terras baixas do oeste da África, como Koko, são uma espécie severamente ameaçada. 

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 
 
The New York Times
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