Astrologia

Madama Br000na diz que Mercúrio retrógrado em Leão pede escutar mais do que falar

Astróloga Bruna Paludo afirma que julho terá ainda dois eclipses

A astróloga Bruna Paludo, mais conhecida como Madama Br000na

A astróloga Bruna Paludo, mais conhecida como Madama Br000na Mathilde Missioneiro/Folhapress

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São Paulo

O mês de julho terá dois eclipses e Mercúrio está em movimento retrógrado, mas a astróloga Bruna Paludo, 31, conhecida como Madama Br000na, desmistifica um pouco o pânico criado em cima desses movimentos astrológicos.

"Acho que, neste momento, nós podemos fazer um exercício coletivo de refletir. Já que esse mundo moderno é tão corrido, ter um planeta ‘andando para trás’ –o que não existe, é só uma ilusão de ótica– é uma simbologia para a gente dar um tempo. Pare, reflita, revise, diminua o ritmo. Escute mais do que fale", aconselha a astróloga.

Paludo recebeu a Folha em sua casa para falar sobre seus métodos de leitura, crenças e comentar o mês de julho, que começa na próxima segunda (1°), no qual tem o Poder Judiciário como principal tema no mapa do Brasil. "Tem como não acreditar em astrologia?", brinca ela, fazendo referência aos recentes acontecimentos do cenário político brasileiro.

Para Paludo, a astrologia precisa ser vista como um GPS para a vida. "Você não precisa seguir à risca o caminho que ele te dá, mas serve como guia para tomar decisões."

Há dois anos Paludo trocou Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul, para tentar a sorte em São Paulo como astrologia. Formada em direito, profissão que exerceu até há pouco tempo, ela afirma que foi apenas no início deste ano que ele abraçou seu lado místico e hoje já conta com mais de 150 mil seguidores nas redes sociais que acompanham seus "horoscopinhos", que mesclam astrologia e tarô como guias e memes para tornar tudo mais leve.

Com tanta visibilidade, Paludo fala sobre a responsabilidade de um astrólogo que serve de guia e oráculo aos seus clientes e explica porque adora falar de política em seus canais. Confira trechos da entrevista.

ASTROLOGIA E TARÔ “É correto dizer que astrologia e tarô são coisas totalmente diferentes. É outra simbologia e uma outra origem, não dá para confundir. O que eu faço é uma análise conjunta. Analiso os símbolos astrológicos do momento e os trânsitos e, para complementar, tiro arcanos do tarô em um ritualzinho. Eles servem de conselho para lidar com aquele trânsito astrológico. É o que faço nos meus atendimentos e nos "horoscopinhos" na internet, que é o que o pessoal mais gosta. Isso foi meio intuitivo. Estudei astrologia antes de aprender tarô, e quando comecei a estudar tarô, eu usei a experiência de tirar cartas como conselho ao trânsito. Assim nasceu o "horoscopinho" há dois anos.

NÃO FAÇO PREVISÃO Há pessoas que são médiuns, mas eu não sou. Acho que tenho uma sensibilidade maior só porque pratiquei e desenvolvi. Gosto de aumentar a minha sensibilidade e isso se conquista com a prática, é como meditação. E, mesmo assim, eu vejo a astrologia como um modo GPS. Você quer colocar ordem no caos. Você vai consultar um tarô, uma astróloga porque você precisa de uma guia. Entendo essa minha função de guia e tento fazer isso. Mas, primeiro, eu observo bem o presente antes de olhar as possibilidades de futuro. Não tem nada a ver com ‘vai acontecer tal tragédia’, imagino possibilidades de futuro. Foi para isso que a astrologia surgiu.

ASTRÓLOGO NÃO É PSICÓLOGO Amo atender. É um dos trabalhos de que mais gosto. Faço leitura de mapa astral, revolução solar, técnicas de progressão e, também, tiro o tarô. Às vezes, faço tudo junto, mas é preciso ter responsabilidade. Amo esse papo porque as pessoas, às vezes, veem a astrologia como uma fuga. As pessoas precisam assumir a responsabilidade de seu destino.
Minha professora de tarô sempre me disse: ‘se o cliente aparecer todo o mês, manda ele embora, porque isso aqui é um oráculo, não se faz pergunta o tempo todo’. Claro, tem astrólogos e tarólogos que misturam seus métodos com psicologia, de tratamento contínuo, mas não é meu caso e não quero ter a pretensão de ser psicóloga.
Gosto de fazer o meu papel, reconhecendo meus devidos limites. Até porque tem gente que não está disposta a fazer terapia de fala que é algo desconfortável e demorado, mas querem ir toda a semana em cartomante e astróloga. Aí uma coisa que era para ser boa faz a pessoa se estacionar e se enrijecer. Não é prometer milagres, nem dar respostas prontas. É uma responsabilidade que depende dos dois lados.

​FAÇO MEMES, LIDE COM ISSO Alguém na internet disse que a pior coisa que aconteceu à astrologia e aos memes foram os memes astrológicos. Tudo precisa ter limite, mas a galera não tem muito discernimento e acaba esvaziando um pouco essa ciência que é milenar por causa de uma piada. Uso meme para contextualizar meus textos astrológicos na intenção de fazer rir. Não é para levar aquilo tão a sério. Rir é muito potente, pois tira a tensão das coisas. A parte engraçada é a mais terapêutica. Para mim, meme é arte contemporânea, é uma forma nova de poesia. Tenho responsabilidades, mas não dá para ficar tudo nas minhas costas, né? As pessoas precisam ter discernimento.

JEITINHO BR000NA É bem mais fácil alguém de fora definir o que a gente é. A [revista] Vice me chamou para fazer um programa em vídeo e fui sendo eu mesma. No mesmo mês, a revista Elle me convidou para fazer a previsão mensal por escrito. Só que a Elle fechou, e o contrato com a Vice acabou, mas fui percebendo que levo o jeito que eu falo para a escrita. Sempre gostei muito de escrever e minha intenção, desde o início, era relaxar, porque eu só escrevia coisas sérias como advogada e aquilo bloqueou a minha criatividade. Gosto quando as pessoas leem meu texto e escutam a minha voz porque esse é o objetivo, que a coisa seja fluida, do jeito que eu falo mesmo.

ESPIRITUALIDADE TÓXICA Essa é a coisa mais relevante que posso falar nesse momento. Faz um tempo que estou no meio astrológico e, como tive certo destaque, começaram a me procurar na internet para relatar sobre gente que diz: ‘sua avó vai morrer’ ou de pessoas que atendem fazendo um julgamento prévio da outra pessoa. Ouvi casos de racismo e transfobia de amigas que trabalham com espiritualidade. E teve a questão do João de Deus... acho que ainda que vai vir mais bomba sobre isso. Também sou jovem, mas tem guru na internet com 20 anos dando conselho de vida. É um jeito meio irresponsável. Falar de espiritualidade não é estar acima do bem e do mal. É preciso refletir sobre esse assunto.

EXISTE BRUXA BOA E BRUXA MÁ? Leio muito sobre isso e tenho várias ideias do que é ser bruxa. Gosto do livro "Calibã e a Bruxa", da Silva Federici, no qual ela fala em vários contextos, da feminista, da mulher perigosa e etc. Acho que bruxa é mais um símbolo do poder feminino e é um resgate dessa intuição de usar ervas, de fazer parto humanizado, de fazer a própria comida, de usar aromaterapia. Tudo isso aí é bruxaria. Tem a parte forte da política em que os homens a transformaram naquela mulher feia com verruga no nariz.
Minha mãe morreu jovem, aos 42 anos, então eu me sinto carente de mulheres mais velhas e tenho muitas amigas em diversas idades. Percebo que quanto mais velhas elas ficam, mais poderosas elas se tornam. E, claro, os homens vão vilanizar as mulheres mais velhas porque elas já não estão mais dispostas a fazer o que as novinhas fariam.
Ser bruxa tem um pouco a ver com esse poder e com trabalhar nas sombras –aquela parte que ninguém quer encostar. Essas bruxas de Instagram que são "good vibes" e só pode falar positivo com a voz doce é mais próxima de uma freirinha. Como não pode canalizar a raiva? A bruxa é aquela que não joga nada para baixo do tapete, que traz tudo à tona. Bruxa é pra botar medo!

VIBE POLÍTICA Trabalhei no Ministério Público e, depois, com casos de violência doméstica e homofobia. Quando eu migrei para a astrologia, simplesmente continuei falando sobre isso. Não dá para não falar sobre política porque até na religiosidade há política –já que a religião molda uma conduta de vida. As pessoas gostam disso e pedem para eu falar sobre isso. Tiro cartas para o Brasil, mas eu tomo cuidado para não achar que sou cientista política. Faço com todo o cuidado do mundo, porque estamos em época que tem gente acreditando em terra plana, né? Meu sonho é fazer uma faculdade de história para falar com mais propriedade. Perdi uns mil seguidores nas eleições, mas foi uma limpa necessária, não chegou a ponto de eu ser perseguida.

MERCÚRIO RETRÓGRADO EM JULHO Teremos dois eclipses e Mercúrio retrógrado no signo de Leão –todo mundo adora falar sobre isso! Acho que a culpa é um pouco de Susan Miller. que aqueles textos longos quando tem Mercúrio retrógrado: ‘não assine contratos!’ Meu sonho é ser rica e tirar três férias por ano, sempre que tem um Mercúrio retrógrado. Mas é tudo meio exagerado. Fiz até um trabalho na Coca-Cola que minha fala é ‘dê um gás no seu Mercúrio retrógrado’! Acho que nesse momento podemos fazer um exercício coletivo de refletir. Já que esse mundo moderno é tão corrido, ter um planeta ‘andando para trás’ (o que não existe, é só uma ilusão de ótica) é uma simbologia para a gente dar um tempo. Pare, reflita, revise, diminua o ritmo. Escute mais do que fale. Mercúrio retrógrado é em Leão, que tem muito ego envolvido, é muito dono da verdade e, por isso, essa fase pega bem nesse ponto.

ECLIPSES EM JULHO! Teremos um eclipse solar da Lua Nova em Câncer, no dia 2 de julho, e um eclipse lunar no dia 17 de julho com Lua Cheia em Capricórnio. Eclipse é uma coisa que nem sempre todo o mundo vai sentir. Na antiguidade, eclipse era sinal de imprevistos, de coisas que surgem do nada, então sempre tem o caráter de fazer emergir coisas ocultas, de se livrar do passado.
Acho que os eclipses de julho nos ajudam a entender que o movimento pelo qual o Brasil passa é algo coletivo e que não começou no ano passado, mas ocorre há anos. Pensar que ele está ligado a outros momentos da história e eclipses só reforçam a ideia de que é importante estudar os processos históricos no pais e na nossa própria vida também. Tirar lições do passado.
Eclipses em Câncer e Capricórnio pedem revisão de nossas prioridades. Câncer fala de memória, de humanidade, de vulnerabilidade, de cuidado, de feminilidade, de buscar nutrir o corpo e a alma. Capricórnio fala das nossas necessidades materiais, como: o que estamos dispostos a sacrificar? Que tipo de energia vital a gente quer? E, num âmbito coletivo, faz pensar na natureza, na sustentabilidade da nossa vida.
No mapa do Brasil, Capricórnio está na casa do Judiciário. A série brasileira é a melhor produção de todas e ainda terão muitas reviravoltas. O conselho é lidar com o desconforto e encarar as consequências!

INSTAGRAM, YOUTUBE, BLOG: ONDE ESTÁ A BR000NA? Sou estagiária de mim mesma ainda e estou entendendo do que eu gosto. Uma das coisas que curto é a produção de vídeos. Tenho YouTube, IGTV (Instagram), o podcast Mercúria [tem nas plataformas digitais], um programa na Obvius e uma coluna mensal na revista Glamour. E essa é legal porque sai na revista impressa e o meu pai fica feliz!

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