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Fãs denunciam racismo e violência policial em show de Ludmilla em Porto Alegre

OUTRO LADO: Polícia Civil do Rio Grande do Sul afirma que ainda está apurando o caso

Ludmilla fez show em Porto Alegre no último domingo (11) e fãs reclamaram da segurança - Folhapress

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Rio de Janeiro

Fãs de Ludmilla denunciaram recentemente nas redes sociais casos de violência e racismo ocorridos durante o show de pagode da cantora, realizado no Parque Harmonia, em Porto Alegre, no último domingo (11). Muitos relatos criticam e questionam a atuação da Polícia Civil, que estabeleceu uma delegacia no local para garantir a segurança do evento.

Uma das primeiras pessoas a denunciar a violência foi Eriane Pacheco, mestra em Serviço Social e Políticas Sociais. Em entrevista ao F5, nesta sexta-feira (16), ela relatou ter sido abordada ao sair do evento e acusada de "comportamento suspeito". "Primeiro, uma policial à paisana se aproximou, disse algo que não entendi de imediato, e então um homem apareceu e mostrou seu distintivo da Polícia Civil. Entendi que estava sendo abordada e, de repente, oito policiais me cercaram e confiscaram meu celular", começou ela.

Eriane relatou também ter sido empurrada e machucada durante a revista, e a intimidação só cessou depois que um policial verificou sua documentação. Ela acabou se identificando como membro da Bancada Negra da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, uma vez que é chefe de gabinete da deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB). "Só fui saber o nome de alguns deles, o que é meu direito, quando minha amiga, que é branca, chegou e perguntou. Eles responderam a ela e não a mim. Tenho certeza de que fui vítima de racismo."

Ativista social, Eriane deixou o local e foi direto registrar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima do evento. Lá, ela encontrou uma longa fila com várias pessoas reclamando de roubos de celulares e dois homens algemados. "Foi um horror e um desses homens algemados era é Henrique Lunkezs, dono de uma postagem, que viralizou, e também denunciou ter sido vítima de racismo."

Eriane Pacheco registrou um boletim de ocorrência contra os policiais - Reprodução/Instagram

A reportagem procurou Henrique Lunkezf, mas ele não obteve resposta. Em post nas redes sociais, o artista contou ter sido retirado do evento e levado algemado para uma sala. "Fui agredido com chute e tentaram me enforcar. Meu amigo chegou para tentar me ajudar e também detiveram ele. Ficamos mais de cinco horas algemados, e nos colocaram para dentro do camburão", contou.

O delegado Vinicius Nahan, titular da 2ª DP de Porto Alegre, estava trabalhando no evento e afirma que o amigo de Lunkezf foi levado ao posto após ter agredido uma menina e um segurança privado. Segundo Nahan, na viatura, ele e Henrique "proferiram injúria racial contra policiais negros, chamando-os de 'negrão de merda'".

A pedagoga Tássia Amorim também registrou boletim de ocorrência por violência e fez exame de corpo de delito para mostrar as agressões. "Aconteceu comigo também. Fui retirada como marginal da área vip. Meu braço tem lesões pela truculência. Estou triste, mas estou buscando justiça".

O delegado Nahan afirma que a ocorrência registrada por Tássia relata violência dos seguranças privados, não por parte de policiais. "A vítima relata que foi humilhada e constrangida por seguranças enquanto estava aguardando pelo espetáculo 'Numanice', ocorrido em Porto Alegre", diz trecho da ocorrência compartilhado ao F5 por Nahan. O texto fala também que ela foi orientada a registrar nova ocorrência, para novos encaminhamentos.

O F5 procurou a assessoria da cantora Ludmilla, que informou que o assunto estava sendo respondido pela Polícia do Rio Grande do Sul. A 2ª Delegacia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, responsável pela investigação do caso, afirmou estar apurando os detalhes sobre o ocorrido.