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Copa do Mundo: Jornalista americano morto durante jogo reclamou de dor no peito

Grant Wahl era crítico do Qatar e conheceu Ronaldo dias antes de morrer

Jornalista americano Grant Wahl, que morreu durante jogo na Copa do Mundo - Mike Lawrie/AFP

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São Paulo

Quatro dias antes de morrer enquanto fazia a cobertura da Copa do Mundo, o jornalista americano Grant Wahl, 48, encontrou-se com Ronaldo Fenômeno no Qatar para receber um prêmio da Fifa (Federação Internacional de Futebol) pela cobertura de oito torneios mundiais. A entrega do troféu foi postada na página oficinal de Wahl no Instagram e foi sua última publicação na rede.

Sobre o encontro, o jornalista escreveu em seu site oficial chamado "Futebol com Grant Wahl": "Tive a sorte de ser um dos 82 jornalistas homenageados que cobriram oito ou mais Copas do Mundo masculinas. Minha primeira Copa (de oito no total) foi a de 1994 nos Estados Unidos", disse. "A maior surpresa veio quando o brasileiro Ronaldo chegou para entregar a todos nós os troféus", completou.

A carreira de Grant inclui passagens pela revista esportiva Sports Illustrated e pelas emissoras Fox Sports e CBS. Na revista, ele foi o responsável por escrever a primeira reportagem de capa sobre o jogador de basquete LeBron James, em 2002. Na época, James ainda estava no ensino médio.

Wahl também é autor do livro "The Beckham Experiment", que fala sobre os anos que o futebolista David Beckham atuou na Major League Soccer (principal campeonato de futebol profissional dos Estados Unidos).

Mesmo com a carreira extensa no futebol e a premiação, Grant foi um crítico da Fifa diante da postura do governo do Qatar. Em 21 de novembro, ele foi impedido de entrar em um estádio por usar uma camiseta com arco-íris — um dos símbolos LGBTQIA+.

"Os seguranças se recusaram a me deixar entrar, me detiveram por 25 minutos e exigiram com raiva que eu tirasse minha camiseta. Disseram que era política e que eu deveria tirá-la", comentou.

Neste site, Wahl escreveu que nos últimos dias não estava se sentindo bem devido à falta de sono e ao estresse do trabalho. Ele postou que seu corpo estava sentindo o efeito das três semanas do Mundial e que recorreu a uma consulta em um hospital.

"O que tinha sido um resfriado nos últimos 10 dias se transformou em algo mais severo na noite do jogo EUA e Holanda, e eu sentia um desconforto e uma pressão na parte superior do meu peito. Fui hoje à clínica médica e disseram que provavelmente tenho bronquite", disse.

Em uma das últimas postagens sobre a Copa, em 8 de dezembro, o jornalista novamente criticou o país sede pela "apatia" diante da morte de um trabalhador filipino na fase de grupos do campeonato.

"Ele sofreu um golpe fatal na cabeça durante uma queda em uma empilhadeira. Sabemos que o Comitê não se importa porque seu CEO, Nasser Al-Khater, disse que 'a morte é uma parte natural da vida, seja no trabalho, seja durante o sono'", escreveu.

O irmão de Grant, Eric Wahl, disse acreditar que o irmão tenha sido assassinado. "Meu irmão estava saudável. Ele me disse que estava recebendo ameaças de morte, não acredito que meu irmão apenas morreu", afirmou, implorando por ajuda.