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Cliente do McDonald's ataca funcionária após discussão por canudo plástico, e vídeo viraliza

Imagem feita por cliente ajudou na identificação do suspeito de ataque

Cliente ataca funcionária do McDonald's, que revida - Reprodução
Amy B. Wang

​Brenda Biandudi normalmente não vai a restaurantes de fast food, mas era véspera de Ano-Novo e ela precisava de um lugar onde pudesse usar o banheiro e comprar algo para beber. Por isso, ela parou em uma loja do McDonald's em St. Petersburg, Flórida, na tarde do último domingo (30).

Viu que a casa estava vazia, exceto por um sujeito de meia-idade que tinha acabado de receber seu pedido e estava a caminho do balcão onde ficam os condimentos. Quando ele percebeu que não havia canudos plásticos, no entanto, ficou irritado, e caminhou de volta à frente de caixas para insultar a operadora do caixa, disse Biandudi.

"Ela disse que agora era lei que as lojas não tivessem mais canudinhos disponíveis no balcão de condimentos", disse Biandudi ao jornal The Washington Post, em entrevista por telefone na quarta (1°). "E ele respondeu que essa lei não existia."

O Legislativo municipal de St. Petersburg votou no mês passado pela proibição de canudos plásticos, a partir de 2020, com um período de carência iniciado em 2019 durante o qual os clientes interessados poderão pedir canudos, nos estabelecimentos da cidade. 

Biandudi viu a escalada da discussão, repleta de insultos e palavrões, entre o cliente, um homem branco alto, e a operadora de caixa, uma jovem negra. E foi então que apanhou seu celular. "Eu pensei que a coisa estava esquentando demais", disse Biandudi. "E que seria melhor preparar a câmera caso alguém precisasse saber o que aconteceu."

Tão logo Biandudi começou a gravar o vídeo, a discussão virou agressão física. No vídeo que ela gravou, o homem é mostrado agarrando a operadora do caixa, do outro lado do balcão, e a puxando em sua direção. Por um instante ela perde o equilíbrio, mas depois se recompõe e começa a socar o agressor.

Ouve-se outras pessoas gritando "largue-a" e "pare!". Depois de cerca de 15 segundos outro trabalhador do McDonald's sai de trás do balcão e puxa o cliente para trás, até ele largar a operadora do caixa. A trabalhadora continua gritando, enquanto um colega a tira de lá, e um homem em uniforme do McDonald's vai ao balcão e se dirige ao cliente. Momentos depois da altercação, a operadora do caixa volta ao balcão, para procurar seu celular. 

O cliente aponta para ela e grita, aparentemente para alguém que ele pensa ser o gerente: "Senhor, quero a demissão dessa [palavrão]". Isso leva a operadora do caixa a responder: "Não, é você que vai para a cadeia". O homem volta a gritar palavrões para ela. Por fim, um empregado do McDonald's diz: "O senhor precisa sair."

Biandudi disse que parou de gravar depois disso e foi buscar sua filha no estacionamento. Ela logo retornou, sabendo que alguém da loja poderia chamar a polícia, e decidiu ficar por lá caso os policiais quisessem ver o vídeo que ela gravou.

Àquela altura, o cliente enfurecido estava agredindo o gerente verbalmente, uma cena que ela não registrou em vídeo, disse Biandudi. "Ele voltou para dentro da loja, e foi para o outro lado do balcão, gritando com o gerente", disse Biandudi. "E outro cara do McDonald's, um sujeito maior, agarrou o homem, o expulsou da loja e trancou a porta". ​

Quando a polícia chegou, o sujeito já tinha saído do local, ela disse. Biandudi disse que falou com a polícia e mostrou o vídeo a pessoas de sua família. Seu filho e filha pediram permissão para postá-lo online, e Biandudi concordou, esperando que isso ajudasse alguém a identificar o cliente.

"Fiquei decepcionada por o cara ter escapado", disse Biandudi. "Era a coisa certa a fazer. Algumas pessoas dizem que o freguês sempre tem razão. [A operadora do caixa] era uma menina jovem. Eu queria que ela mantivesse o emprego. Queria que o cara fosse preso."

O vídeo atraiu milhões de visitas, quando os filhos de Biandudi o postaram no Facebook e depois que foi reproduzido pela revista online Atlanta Black Star. Na noite de domingo, a polícia deteve o morador de rua Daniel Willis Taylor, 40, de acordo com registros do departamento de polícia de St. Petersburg.

Ele não portava armas, e havia indicações de que estivesse alcoolizado, de acordo com a polícia. Taylor responderá a duas acusações de agressão, e foi instruído a não se aproximar do restaurante e a evitar contato com a trabalhadora. Ele aguarda julgamento na cadeia do condado de Pinellas, de acordo com os registros da polícia.

Os registros indicam que houve outros atos de violência, não registrados no vídeo. "A vítima levou um chute no estômago, dado pelo acusado, e se queixou de dor", afirmou a polícia. "O acusado estava sendo retirado do estabelecimento pela gerência por agredir uma trabalhadora e causar distúrbio. O acusado chutou a vítima no estômago quando ela estava em pé perto da porta de saída."

Telefonemas ao McDonald's de St. Petersburg não foram respondidos, na manhã de quarta. Um representante da rede de comida não respondeu a perguntas específicas encaminhadas por e-mail, inclusive sobre o protocolo que os empregados devem seguir caso um cliente recorra à violência, e se limitou a dizer que a empresa estava "cooperando plenamente" com a polícia.

"Nossa maior prioridade é sempre a segurança e bem-estar de nossos trabalhadores e dos clientes de nossos restaurantes", afirmou o McDonald's, em comunicado.

Biandudi, de sua parte, disse estar contente por seu vídeo ter ajudado a registrar o acontecido. Ainda que algumas pessoas tenham criticado os demais empregados do McDonald's por não fazerem mais para conter o cliente fisicamente, Biandudi diz que em sua opinião eles fizeram tudo que podiam, sem arriscar sua segurança.

"Não tenho critica alguma à maneira pela qual o pessoal da loja lidou com o acontecido", disse Biandudi. "Não quero colocar ninguém em uma encrenca... Espero que [o cliente] receba ajuda e que seus problemas de raiva sejam resolvidos."

The Washington Post

Tradução de PAULO MIGLIACCI