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Apesar do ano difícil por causa da pandemia do novo coronavírus, Patricia Carla de Farias Teixeira, 46, diz que nem chegou a cogitar deixar de enfeitar o apartamento onde mora em São Paulo para o Natal. Mesmo não passando a festa aqui –ela costuma celebrar com a família em Natal (RN), cidade onde nasceu– a professora fez questão de montar a árvore de 2 metros de altura e encher o espaço de artigos natalinos. No banheiro tem até papel higiênico com estampa divertida de Papai Noel.
"É uma época mágica. É um momento de reflexão, de pensar em tudo que eu fiz, de tudo que aconteceu na minha vida. A árvore e o presépio simbolizam tudo isso para mim", diz. O diferencial é que desta vez ela não conseguiu ir até a 25 de março para comprar itens novos. Também não contou com a ajuda de uma decoradora para ornar a árvore. Fez todo o trabalho sozinha –e economizou R$ 500, valor que diz ter pago no ano anterior pelo serviço.
"Mas está tão linda quanto ano passado. Ela [a decoradora] foi me dando as orientações pelo celular." Para Teixeira, o encantamento pela celebração é uma herança familiar, já que seus pais também são fãs da data. Neste ano, ela diz que decorar a casa teve um significado ainda mais especial como uma forma de melhorar o seu ânimo diante da pandemia e de agradecer pela sua saúde, dos seus parentes e amigos. "Conheço famílias que vão passar o Natal sem emprego ou sem algum ente querido, que faleceu pela Covid. É uma graça divina poder passar essa ocasião ao lado dos meus familiares", afirma.
É assim também com a fisioterapeuta Talita Oliveira de Paula, 32. Para ela, o Natal remete à sua infância e à comemoração ao lado da avó Natalina, que fazia aniversário no dia 25 de dezembro. Em 2018, com o falecimento da avó, ela relata que a celebração ficou diferente. Aos poucos, porém, ela diz que vem conseguindo ressignificar a data ao lado de seus pais e parentes.
Com o nascimento das filhas, Esther, de dois anos, e Heloísa, de cinco meses, ela e o marido, o professor Klaus Merschbaher, 37, passaram a se esforçar para transmitir esse sentimento "mágico" da festa às meninas. A mais velha até a ajudou a montar a árvore deste ano. "Sempre me traz boas recordações [...] A Esther ama, ela chama de 'ho ho ho'. Está sendo bem gostoso ver ela curtir." Como a decoração natalina não é barata, a fisioterapeuta afirma que compra os enfeites ano a ano.
Com as duas meninas pequenas e uma cachorrinha em casa, ela conta que ainda não dá para ter uma árvore de Natal grande no apartamento. Mas o objetivo é que, ao longo dos anos, a casa fique toda enfeitada.
NADA CLEAN
Três presépios, duas árvores de Natal de 2 metros de altura e oito papais-noéis, além de muitos anjos e velas com glitter. Esses são apenas alguns dos itens natalinos da psicóloga Elizabeth Barrientos Nickel, 51, outra apaixonada pela celebração. E isso porque ela doou muitos dos artigos quando mudou de cidade neste ano, de Guarulhos, na Grande São Paulo, para São José dos Campos (SP).
"A minha casa parece o ateliê do Papai Noel. E aqui não tem nada clean não", relata ela, aos risos. Nascida no Chile, Nickel mora no Brasil há 30 anos. De família católica, ela conta que se lembra dos Natais em família na infância. "Minha mãe, mesmo com os recursos humildes, sempre fez questão de celebrarmos. Quando criança, eu lembro de pensar: 'Um dia, eu vou ter uma árvore bonita como a dos filmes americanos", diz. E assim tem feito.
A psicóloga conta que gosta de enfeitar a casa já logo após o Dia das Crianças e deixa toda a decoração natalina até por volta de março. Neste ano, pelo fato de ter mudado de emprego, está atrasada com o serviço que, embora seja trabalhoso (leva em torno de quatro dias), Elizabeth Nickel garante que vale a pena. "Fica tão bonito e me remonta à infância, à minha família, à gratidão pelo ano e à beleza", conclui.
Para o padre Boris Agustín Nef Ulloa, diretor da faculdade de teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP, o Natal é para os católicos e, até para pessoas de outras religiões ou ateus, uma oportunidade de se recuperar a esperança. "De se fortalecer na alegria mesmo em meio ao sofrimento ou às dificuldades."
NEGÓCIO DE FAMÍLIA
Alicia, 74, e Ariela Tabacnik, 45, são judias e não comemoram o Natal. Curiosamente, porém, mãe e filha descobriram nas guirlandas natalinas uma fonte extra de renda. Há cinco anos, elas começaram a produzir lembrancinhas e objetos de decoração em feltro. Em 2017, surgiu a ideia de fazer o enfeite natalino com um diferencial: personalizado com bonequinhos representando cada membro da família.
A iniciativa foi um sucesso. "A gente pensou: 'O que podemos fazer para o Natal, que seja uma coisa diferenciada e tenha um significado importante para as famílias?' Hoje, as guirlandas são o nosso carro-chefe", relata Ariela. O preço do produto começa a partir de R$ 230.
Designer gráfico, Ariela trabalha em uma empresa, e usa seu tempo livre para se dedicar ao negócio artesanal ao lado da mãe. Alicia é a responsável pela produção das guirlandas, e a filha cuida da parte criativa e comercial da marca, que ganhou o nome de Domdari (@domdari, no Instagram).
Com um número grande de pedidos por guirlandas neste ano, Ariela conta que já teve de recusar mais de 50 encomendas. "As pessoas estão muito voltadas para a família." Ela também diz ter observado que as decorações natalinas nas residências começaram mais cedo "justamente por estarem mais em casa".
Para 2021, elas já pensam em produzir artigo que seja semelhante à guirlanda natalina, mas voltado para a celebração do Ano Novo judaico.