Televisão

Globo busca agradar agronegócio em 'Renascer' com menos críticas políticas

Temas considerados delicados perderão força no remake, com estreia prevista para janeiro

Cenas da versão original de "Renascer", em 1993: remake da novela terá teor menos político na Globo - Acervo/Globo

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Aracaju

Na versão original de "Renascer", produzida em 1993 pela Globo, o autor Benedito Ruy Barbosa pesou a mão em críticas ao regime latifundiário na cultura da criação do cacau, no interior da Bahia, onde se passa a história.

Na nova versão, Bruno Luperi, neto de Benedito, vai reduzir o tom e fará, sempre que possível, elogios ao agronegócio atual.

No original, as pautas sociais e políticas eram materializadas através das conversas e sermões do padre Lívio, feito por Jackson Costa, que vivia peregrinando pela região da novela.

Entre os temas que ele falava, eram citados a precariedade da saúde, desfalques na educação, sonegação de impostos e a corrupção política.

O padre também falava de pobreza e concentração de terras. Haverá, sim, crítica política, agora focada na pobreza (como um todo) e no fato de que muitos brasileiros continuam sem ter o que comer.

Mas a discussão latifundiária, que era discutida especialmente com José Inocêncio, interpretado por Marcos Palmeira na nova versão e feito por Antônio Fagundes originalmente, vai perder força.

Assim como ocorreu com "Pantanal" (2022), os temas políticos e discussões mais delicadas perderão espaço em nome de passar uma imagem melhor do agronegócio e de fazendeiros. Empresas que investem nesta área estão entre os maiores patrocinadores da televisão brasileira atualmente.

Outro ponto é que a Globo deseja ter uma linguagem mais próxima do popular. Aprofundar tantas críticas políticas não é algo considerado um chamariz de audiência.

O foco será nos entrechos mais clássicos de telenovela, e a relação do trio principal, composto por José Inocêncio, João Pedro (Juan Paiva) e Mariana (Theresa Fonseca).

A adaptação da novela já está bastante adiantada, e as gravações vão começar em outubro. A nova versão da história terá gravações em Ilhéus, no interior da Bahia, e estreia em janeiro de 2024, no lugar de "Terra e Paixão" no horário das 21h.