Televisão

Fim da greve dos trabalhadores da RedeTV! depende de assinatura da emissora

Paralisação continua até quarta-feira (8), prazo final para a conciliação

Grevistas na frente da RedeTV! - Divulgação

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São Paulo

Os funcionários da RedeTV! aceitaram nesta sexta-feira (3) a proposta de aumento de 17% feita em reunião de conciliação entre advogados do sindicato da categoria e da emissora, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Mas o fim da greve, iniciada dia 31 de agosto, depende da assinatura do acordo pela empresa, que tem até quarta-feira (8) para aceitar a proposta.

A proposta de conciliação prevê o reajuste em três vezes: 7% em outubro, 5 % em janeiro e 5% em abril de 2022. O reajuste será aplicado sobre o salário, vale-refeição, auxílio-creche e demais benefícios. A emissora também deve pagar 50% dos dias parados para os trabalhadores e compensar o restante.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiofusão e Televisão no Estado de São Paulo, o acordo deve preservar todas as cláusulas sociais da última convenção coletiva 2016-2018. Além disso, nenhum trabalhador pode ser demitido até o fim do parcelamento do reajuste em abril.

​Egberto Paschoa Balboni, diretor do sindicato, disse que os advogados da emissora pediram para estudar a proposta até dia 13 de setembro, mas o juiz conciliador considerou o prazo muito longo. Caso a Rede TV! não assine o acordo, os trabalhadores continuam em greve até julgamento do TRT.

“A proposta é no mínimo justa. Todas as outras emissoras médias e grandes deram reajuste aos trabalhadores que são índices de inflação”, diz Paschoa.

A greve abrange trabalhadores da RedeTV! de diferentes áreas como câmeras, operadores de vídeo, produtores, editores de imagem, advogados, secretários, seguranças, entre outros. Jornalistas não fazem parte da mobilização, já que são representados por outro sindicato.

Segundo o sindicato, a adesão até a noite desta sexta-feira (3) era de 200 pessoas, a maioria da área técnica que coloca a emissora no ar. O diretor do sindicato acusa a Rede TV! de ter contratado produtores e assistentes para substituir os trabalhadores durante a paralisação.

Paschoa explica que muitos casos os pagamentos estão defasados. Segundo ele, um operador de câmera ganha em média na RedeTV! R$ 2.200, abaixo do valor praticado em outras empresas.

Também há reclamações sobre atrasos em benefícios como vale-transporte e o não pagamento de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados). “O salário não atrasa, mas todo o resto, sim.”

Procurada para comentar o caso, a RedeTV! soltou a seguinte nota. no dia 31 de agosto. “A RedeTV! lamenta que o sindicato tenha realizado assembleia na qual não estava presente a maioria de seus milhares de colaboradores para decretar o estado de greve. Isso prejudica o trabalho dos demais colaboradores que não concordam ou apoiam tal movimento”, começa.

De acordo com o canal, “a argumentação apresentada pelo sindicato é totalmente desvinculada da realidade, sabendo que o setor de comunicação foi um dos mais gravemente afetados pela pandemia de Covid-19 e que a RedeTV!, ao contrário de outras empresas do meio que notoriamente praticaram grandes cortes de folha de pagamento durante o período, não o fez”.

O canal não entrou em detalhes com relação a eventuais transtornos para colocar a programação no ar pela falta de profissionais nem sobre uma possível abertura de negociações.

Em conversa com o F5, o dirigente sindical diz que os trabalhadores também estão revoltados com o comportamento do apresentador do Alerta Nacional (RedeTV!), Sikêra Jr., 55, que, segundo eles, fez “chacota” da paralisação dos trabalhadores no programa de quinta-feira (2).

No vídeo, Sikêra chama a equipe do programa ao estúdio segurando enormes CPF cancelados e canta: “Ei você que está na porta da Rede TV!”. Em seguida, para a música e diz: “Acaba com isso gente, vamos trabalhar.”

O apresentador fala ainda que este é um momento de trabalho e que tem muita gente desempregada. “Muitos querendo tomar o teu lugar, não é hora para isso”, diz. Ele continua justificando que as pessoas falam que ele ganha bem. “Demorou 35 anos para chegar, tem um pessoal magoado”, fala o apresentador, que volta a cantar a música.

“Foi um desaforo aquilo que [o Sikêra Jr.] fez, todo mundo considerou como um assédio moral coletivo. CPF cancelado é gíria de miliciano para falar que uma pessoa morreu. Ele fica de chacota com a música dizendo para voltar a trabalhar. Volta a trabalhar ou vão ser mandados embora?”, questiona o dirigente sindical.