Televisão

Série documental que culminou com prisão de João de Deus chega à TV aberta

Primeiras denúncias contra o médium foram feitas no Conversa com Bial em 2018

Xuxa fala sobre João de Deus no documentário 'Em Nome de Deus' - Reprodução/Globoplay

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

A série documental "Em Nome de Deus", com a investigação que culminou com a prisão de João de Deus, 78, vai ganhar exibição na TV aberta. Produzidos originalmente para o Globoplay, os três episódios serão exibidos pela Globo a partir de quarta-feira (3), a partir das 23h45.

Conduzida por Pedro Bial e a jornalista Camila Appel, a produção aborda desde a infância dele no interior de Goiás até a prisão por crimes sexuais, passando pelo sucesso como médium de anônimos e famosos, como Xuxa e Marcos Frota. Ambos dão depoimentos também.

O ponto central são as investigações que levaram às primeiras denúncias contra ele, feitas no Conversa com Bial (também da Globo) em 2018. Diversas mulheres revelaram que buscaram tratamento espiritual com ele, mas acabaram sendo abusadas sexualmente.

Na ocasião, a única a mostrar o rosto foi a coreógrafa holandesa Zahira Mous. Após a exibição do programa, o caso ganhou ampla repercussão e outras centenas de denúncias foram registradas. O médium foi indiciado e condenado pouco tempo depois.

"Toda reportagem e investigação tem um começo, mas não necessariamente tem um término ou, pelo menos, um término em um horizonte imediatamente visível", disse Pedro Bial em entrevista cedida pela Globo. "Quando pusemos no ar o programa que expôs as denúncias relatadas pelas mulheres em relação ao João de Deus, ainda não sabíamos, mas começamos a perceber, logo após a exibição, que a história tinha outros capítulos e outros episódios, e que a atividade criminosa de João de Deus não se restringia ao abuso sexual de pessoas vulneráveis."

"O documentário surgiu como uma consequência natural do trabalho de reportagem, que continuou", afirmou. "Quando você começa a cavar um túnel, você vai percebendo que vai chegando em algum lugar e vai descobrindo também novos caminhos, e a história vai crescendo...Foi isso que aconteceu e essa história está contada no documentário."

O apresentador destacou o papel de Camila Appel, que é roteirista do programa dele, nessa investigação. "A Camila Appel é uma protagonista dessa história, não só por ter sido a repórter que iniciou, levou adiante e conduziu a investigação, assim como foi a alma da inspiração para o programa", afirmou. "A Camila, já com o acréscimo de toda a equipe que dividiu com ela esse trabalho, foi decisiva também para a série documental."

O documentário conta com depoimentos inéditos de outras sete vítimas, entre as quais está a filha do próprio João de Deus. Elas, que nunca haviam se encontrado antes, se reúnem em uma roda para falar de suas experiências em conversa mediada pela jornalista.

"Foi um momento marcante na minha vida, sem dúvida alguma", afirmou Appel. "Elas chegaram lá a partir de uma conexão de confiança pré-estabelecida. Eu já havia me encontrado com elas e as entrevistado para a série. Além de inúmeras conversas no telefone. Eu as conhecia bem, suas histórias, e elas também me conheciam. Isso foi importante para se sentirem acolhidas naquele momento e para que eu estivesse mais preparada para conduzi-lo."

"Eu lembro de entrar no estúdio, me sentar e buscar preparar aquele espaço mentalmente", disse. "Recebê-las com total abertura, acolhimento e respeito. Tivemos a preocupação de evitar que se conhecessem antes daquele momento."

"Não havia câmera alguma entre nós. Era uma equipe mínima e muito bem preparada", elogiou. "Muitas mulheres me disseram que se esqueceram que estavam sendo filmadas. Ficamos mais de oito horas ali, em dois dias diferentes."

"Foi uma experiência emocionante e, apesar do nível de terror de tudo aquilo, uma experiência muito mais bonita do que triste. De esperança", garantiu. "Torço para que a tragédia exposta pelas pessoas nesta série documental seja catalisadora e que algo bom e bonito surja para cada um que a assista. O abuso sexual e a violência são injustificáveis e inaceitáveis."