'Tudo era melhor antes, mas é preciso nos adaptar', diz Jacquin sobre MasterChef em queda
Jurado avalia de forma positiva formato criado durante a pandemia
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O MasterChef (Band) encerra nesta terça-feira (22) sua mais inusitada temporada, após implantar uma série de mudanças devido à pandemia do novo coronavírus. Para os jurados, a expectativa agora é pelo retorno do formato anterior. Ainda assim, eles apontam como positiva a temporada que acaba agora.
“Essa pandemia mudou a sociedade, mudou a vida. Tudo é completamente diferente agora. Eu prefiro tudo como era antes da Covid-19, claro. Tudo era melhor antes. Mas é preciso nos adaptar. E nós nos adaptamos no MasterChef. Fizemos um formato bem diferente dentro do que era possível”, afirma Erick Jacquin.
Apesar das adaptações terem sido necessárias, o reality culinário termina com audiência em queda brusca, com 2 pontos de média. Ainda assim, o programa ganhará duas edições especiais de fim de ano, uma já nesta terça (23) e outra na próxima semana, no dia 29, sempre às 22h45.
No dia 23, será a vez do MasterChef Especial de Natal, com uma disputa entre Marília Mendonça, César Menotti, Maraisa, Péricles, Joel Datena e Zeca Camargo, em prol de instituições de caridade. No dia 29, acontece o MasterChef A Grande Final, com todos os vencedores da temporada 2020 disputando o título de MasterChef Supremo.
“Todo mundo gosta muito do MasterChef, é um formato que tem em vários países do mundo, alguns com mais temporadas outros com menos. O que posso dizer é que o MasterChef é um sucesso, é o programa de gastronomia preferido dos brasileiros”, afirma Jacquin.
Para o também jurado Henrique Fogaça, MasterChef ainda tem muito a surpreender em edições futuras. “O programa tem bastante vida. Nós temos 7 anos, 13 ou 14 temporadas, cada vez mais pessoas falam que aprendem, que se inspiram. Tomara que dure mais anos e que o brasileiro continue mudando sua visão em relação à gastronomia”, reforça.
Sobre o formato apresentado neste ano, Fogaça avalia que deixou a atração mais democrática. “Gostei desse novo formato de pandemia que teve de ser feito, pois deu mais chance a mais pessoas se descobrirem e traçarem um novo caminho na vida.” Ao todo, foram 22 vencedores diferentes, um para cada episódio.
Entre as mudanças da atual temporada estão as estações de trabalho separadas, mezanino maior para evitar aglomerações e menos participantes. Nos bastidores havia uma comissão multidisciplinar formada por médicos do trabalho, infectologistas e profissionais da área atuando na implementação e nas orientações das normas de saúde e prevenção.
AUDIÊNCIA EM QUEDA
O MasterChef começou a última temporada em 14 de julho, ainda no auge da pandemia, com média de 4 pontos no Ibope. Apesar de ser um índice baixo em relação aos 7 pontos que costumava dar nos momentos mais áureos do programa, o número não rendeu dores de cabeça para a cúpula da Band.
Porém, sobretudo depois da estreia de A Fazenda 12 (Record), em 8 de setembro, os números começaram a cair e atingiram 3 pontos. No mês de dezembro, os índices caíram ainda mais, para 2. A Fazenda registra sempre dois dígitos de audiência e às terças-feiras apresenta a formação da roça que define o destino dos competidores.
A diretora Marisa Mestiço, no entanto, traça um balanço positivo do reality. “Eu acredito que repercutimos bem, demos oportunidade para pessoas que sempre estiveram conosco assistindo ao programa, mas que no pente fino normal da atração provavelmente não conseguiriam chegar até a nossa cozinha. Tivemos histórias lindas e muita identificação, empatia, dialogamos sobre comida de uma forma menos mágica e falamos de cultura e de realidade”, diz.
De acordo com ela, apesar de o público estar acostumado a um outro nível de competição, o que se viu na cozinha do MasterChef foi algo mais honesto e real. “Se fosse chamado de missão, acredito que cumprimos tudo o que precisava. Foi uma força-tarefa conseguir entregar os episódios. Quando olho o MasterChef no ar, fico muito orgulhosa e aliviada porque conseguimos fazer 26 episódios em um ano tão difícil de viver.”
Para ela, o reality é multiplataforma e dialoga bem com a internet. Por isso, resumir a performance à audiência televisiva, segundo Mestiço, seria ignorar a história do programa. A ideia para 2021 é voltar ao DNA do MasterChef, com uma temporada cheia e com os mesmos candidatos em todas as edições. Porém, isso depende da pandemia.
“Já estamos trabalhando para o próximo ano com nosso planejamento e aguardando as diretrizes de segurança e saúde para definir quantas temporadas teremos e por quais caminhos seguiremos.”
ESPECIALISTAS AVALIAM TEMPORADA
De acordo com especialistas em TV, o novo formato do MasterChef teve seus pontos positivos e negativos. Para eles, a atração tem fôlego para mais alguns anos, porém, precisa abrir o olho, pois o ibope já não vem correspondendo.
“O ponto negativo desta sétima edição talvez esteja no perfil dos candidatos que são, na maioria, pessoas com pouca experiência gastronômica. Alguns se atrapalham com pratos e processos simples. Resumindo: o grau de exigência baixou. Em comparação com o Top Chef [Record] e o Mestre do Sabor [Globo], os candidatos do MasterChef são menos preparados”, avalia o especialista em TV Dirceu Lemos.
Ele ainda completa: “Talvez a versão atual funcione como um descanso para o retorno do formato clássico no período pós-pandemia, que possivelmente poderá ser recebido com mais entusiasmo pelo público. A pandemia mudou os processos de produção audiovisual e entendo como válida a tentativa de inovar. Se a Band não arriscar mudanças pontuais, aí sim, o formato pode cansar”, opina ele que afirma ainda que a maior virtude é manter o mesmo corpo de jurados e a apresentadora Ana Paula Padrão.
Para o também especialista em TV Claudino Mayer, o programa conversa bem com o momento atual da sociedade. “Os participantes negros como protagonistas de uma das edições [Dia da Consciência Negra] demonstram as raízes do povo brasileiro através de cada participante. Estes trazem historias de vida que são comum à de todos os brasileiros”, afirma Mayer que também faz uma ressalva para a falta de preparo dos candidatos.
Para ele, a queda de audiência está atrelada à ascensão de A Fazenda 12. “Os dois programas têm estilos bem diferentes. Na Fazenda, os conflitos são os fortes elementos para atrair o público. No MasterChef, existem conflitos, mas mais contidos”, avalia.
“Apesar da queda no Ibope, o programa tem fôlego, pois atende a um segmento de público e de mercado. O que deve se feito para a audiência aumentar? Colocar jogos lúdicos nas competições para despertar interesse. Ou seja: devem ser inseridas competições que tenham ações de conflitos”, afirma.