Matheus Ribeiro pede demissão da afiliada da Globo e faz carta aberta: 'Me sinto desrespeitado'
Jornalista apresentou edição especial do Jornal Nacional em 2019
Após se tornar conhecido por ser o primeiro âncora assumidamente gay a apresentar o Jornal Nacional, na edição especial de 50 anos, Matheus Ribeiro pediu demissão da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás, nesta quarta-feira (8).
O jornalista, que ocupava o lugar de âncora da 2ª edição do Jornal Anhanguera há quatro anos, pediu demissão em uma troca de emails com a chefia, na qual declarou não concordar com certas condutas da empresa de comunicação nem com seu salário.
Ribeiro chegou a enviar uma carta explicando os motivos de sua saída à chefia da TV Anhanguera. O conteúdo foi divulgado pelo colunista Leo Dias, do UOL, e confirmado ao F5 pelo jornalista. Procurada, a Globo não se manifestou sobre o assunto.
Em nota oficial, a afiliada em Goiás declarou que "o apresentador Matheus Ribeiro não faz mais parte do quadro de colaboradores da empresa. O desligamento do jornalista foi motivado por incompatibilidade entre os projetos pessoais do profissional e o que rege o código de conduta dos jornalistas da TV Anhanguera e TV Globo."
Uma das divergências do jornalista era relacionada à forma que ele interagia nas redes sociais. No Instagram, Ribeiro é seguido por 444 mil pessoas.
"Tenho o maior número de seguidores entre os nossos colegas, minhas redes superam as da própria emissora, tenho uma relação legal com o meu público, converto isso em resultados para o jornal... Me proibir de fazer uma live para conversar com meus amigos e bater papo com os seguidores beira a censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder", escreveu.
Ribeiro também apontou sua infelicidade com o ambiente de trabalho proporcionado pela empresa. "Me sinto desrespeitado, menosprezado e subutilizado", reiterou.
Antes de se tornar âncora, o jornalista atuou como repórter por dois anos na afiliada goiana da Globo. Ele também chegou a fazer diversas participações na GloboNews.
Em sua conta no Instagram, Ribeiro fez um post de despedida, afirmando que tem carinho e agradecimento enormes pela TV Anhanguera. "Foi a casa que me deu condições de mostrar meu trabalho, informar milhões de goianos e viver experiências incríveis", afirmou ele, deixando desejos de sucesso aos colegas e um até logo ao seu público.
"Na vida é preciso saber o momento de fechar ciclos e iniciar novos desafios. É com este sentimento que tomei minha decisão. Ressalto que não há nenhum relação entre meu pedido de demissão e a crise provocada pela Covid-19."
PARTICIPAÇÃO NO JORNAL NACIONAL
Em entrevista ao F5, Matheus Ribeiro comentou sobre o convite para apresentar o Jornal Nacional, na edição especial exibida no dia 9 de novembro de 2019. “Jamais imaginava [que isso ocorreria]. É uma alegria enorme ter a oportunidade de representar Goiás nesse projeto que mostra a diversidade do nosso país e reforça o compromisso do JN com o bom jornalismo", disse.
Na vida pessoal, Ribeiro namora o militar Yuri Piazzarollo há cerca de um ano. Na época, o comunicador também falou sobre o relacionamento. "Namoramos há oito meses e isso nunca foi um segredo para as pessoas que convivem comigo. Todas as pessoas possuem atributos e competências que vão muito além da orientação sexual, por isso devemos tratar todos com naturalidade e respeito."
Defensor das causas do público LGBTQ, Matheus Ribeiro não tem medo de levantar a bandeira.“Enquanto cidadão, sou veementemente contra o preconceito, seja ele qual for, e levanto a bandeira do respeito, da democracia e das liberdades individuais. Valores, aliás, que têm extrema relação com o jornalismo ético."
O radialista Luiz Gama foi afastado da rádio BandNews por fazer comentário homofóbico nas redes sociais sobre Matheus Ribeiro. Em novembro do ano passado, Gama usou o Twitter para fazer comentários homofóbicos contra Ribeiro, após ele ter sido o primeiro homem assumidamente homossexual a apresentar o Jornal Nacional (Globo).
Segundo o advogado de Matheus Ribeiro, Ricardo Sidi, a comunicação do crime foi dirigida ao Ministério Público Federal de Goiás tendo em vista a competência da Justiça Federal daquele estado para julgar o crime.