Sikêra Júnior chega à RedeTV! para tentar bater Bacci e Datena na TV: 'Se não der certo, tchau'
'O que é velho não cola mais, se a TV não se renovar, vai perder', diz apresentador
Para rivalizar com Luiz Bacci, no Cidade Alerta (Record), e com José Luiz Datena, no Brasil Urgente (Band), a RedeTV! vai transmitir em rede nacional, a partir desta terça-feira (28), o Alerta Nacional, programa policial, tal qual os concorrentes do horário, mas que se difere pelo humor.
Sucesso na TV A Crítica de Manaus e com boa repercussão nas redes sociais, o jornalístico comandado por Sikêra Júnior, 53, e seu elenco de apoio, vai manter a mesma estrutura e forma de apresentação, mas mudando o nome de Alerta Amazonas para Alerta Nacional. E, claro, as notícias que anteriormente abrangiam apenas a região Norte , agora terão foco por todo o país com mais repórteres.
Autêntico e sem papas na língua, Júnior diz que está com medo de aparecer para o Brasil inteiro. Nunca, com quase 35 anos de experiência, ele havia tido essa chance, e a nova oportunidade o assusta um pouco, mas diz que tem muito respeito pelos concorrentes.
"Vou chegar pianinho. As pessoas não têm ideia da pressão que eu sinto. Estou aperreado, com medo mesmo. Tem gente falando que vou derrubar a Globo, ganhar do Datena, do Bacci. TV, para mim, é hábito, leva tempo. E esses caras são consolidados. Não tenho meta na RedeTV!”, diz o apresentador.
Para ele, a melhor estratégia nesse começo é galgar espaço aos poucos. "É um início. Se não der certo eu sei voltar para casa, o gps está pronto. Agradeço ao Brasil e tchau. Não vou passar por cima de ninguém", completa.
A atração é exibida há seis meses na TV A Crítica, que é uma emissora independente e que até 2019 era afiliada da Record, em Manaus. Ela pertence a um grupo que agora é dono da afiliada da RedeTV!, no estado.
Desde o começo, ou melhor, desde o primeiro dia em que Sikêra Júnior pisou no estúdio, o Alerta Amazonas tem notícias policiais com brincadeiras no palco. É uma forma de levar a informação dura, mas de uma forma que prenda o telespectador e o faça rir após um dia cansativo de trabalho.
PARA FRENTE DAS CÂMERAS
Para Sikêra Júnior, de nada adiantaria fazer o mesmo programa que várias outras pessoas já fazem. Ele precisava de um diferencial. Por isso, em vez de contratar humoristas e atores, pinçou algumas pessoas da produção e deu apelidos a todos eles.
Naquele momento, auxiliares, ajudantes, câmeras e contrarregras ganhavam nomes, rostos e novas funções na empresa. Todos entram na brincadeira, seja ela para dançar no ar, fazer um merchan com tinta caindo na cabeça, pintar o cabelo ao vivo ou fazer uma corrida de patins com um foguete implantado nas rodinhas. O que vale é o entretenimento.
"Acredito que o cara de casa preste atenção nos dois [notícias e zoeiras]. Na TV canso de ver gente remoendo desgraça. O brasileiro já tem muito problema, ele quer se divertir”, opina Júnior. "Quando tem de falar sério, a gente fala, mas logo volta a diversão", pondera.
No elenco de apoio os personagens mais conhecidos do público e que sempre dão as caras em vídeos compartilhados nas redes sociais são: Michelle Obama, Thammy Gretchen, Toalha Podre, Samurai e Jumento (um deles se veste como o animal).
O jeito descontraído no estúdio e até fora dele, como em um quadro de desafios propostos pelos internautas, às sextas, vai continuar, agora para todo o Brasil, no Alerta Nacional. Mas tudo o que é feito, diz Júnior, é conversado previamente com cada integrante para que ninguém se sinta humilhado.
"Tenho receio de perder a linha, sim, tanto que já perdi várias vezes. Já errei a mão. E quando eu erro, eu peço desculpas no ar. Mas depois que cai na internet, esquece. A internet é meu pior juiz”, diz Júnior.
O elenco, aliás, já consegue colher frutos da fama –eles conseguiram patrocínios e já colecionam fãs nas redes sociais. Até shows, eles fazem junto com o próprio Sikêra Júnior. 'O que eu ouço deles é que estão muito felizes. Houve uma mudança grandiosa na vida de cada um. Eram todos auxiliares de câmeras, com exceção do Samurai", diz o apresentador.
"Thammy Gretchen [que leva esse nome por ser parecido com o filho da rainha do rebolado] tinha sido contratado para abrir portas, e hoje é um dos mais famosos, está ganhando uma grana, celular. Eu só peço a eles que sejam inteligentes e não troquem tudo isso por pizza ou sanduíche”, completa Júnior.
E o jeito descontraído atingiu até os patrocinadores do programa. De um tempo para cá, Sikêra Júnior começou a usar o elenco para anunciar os produtos. Em vez de falar o texto da propaganda previamente combinado, ele adaptou o texto à sua maneira. Se a propaganda é sobre biscoitos, o elenco deve comer os biscoitos até não aguentar mais; se é de tinta, o elenco é todo pintado, ao vivo, por exemplo.
“Não temos roteirista, é tudo na hora que acontece. A gente inventa, pede opinião ao internauta, aprimora uma ou outra brincadeira que deu certo. Só estamos conquistando a moçada por causa da linguagem da gente. O que é velho não cola mais. Se a TV não se renovar, vai perder.”
CARREIRA
Natural da cidade de Palmares (PE), Sikêra Júnior começou a trabalhar em 1982 no rádio. Depois, ele passou por outros empregos em outros municípios do Nordeste até ser chamado para fazer reportagens policiais na Band.
Quando migrou para o SBT local, um apresentador enveredou para carreira política e ele assumiu uma atração por oito anos. Mais recentemente, ele aceitou o convite da TV em Manaus e, desde então, é sucesso no canal e na internet com sua equipe de apoio que entra em muitas brincadeiras no estúdio.
O primeiro vídeo de Sikêra que viralizou foi em 2016, quando ele mandou uma mensagem para usuários de maconha, no ar. Ele dizia que quem usava drogas “iria morrer antes do Natal”. Dois meses depois ele mesmo sofreu um infarto e ficou alguns dias se recuperando. A volta dele ao programa, mais uma vez, repercutiu. Saiu de dentro de um caixão e disse: “Achou que eu tinha morrido, não foi?”.
“Meu sonho é fazer um programa de auditório aos domingos. Já namoramos essa ideia aqui na TV, mas ainda não saiu do papel. Tudo tem seu tempo. Homenagearia ícones como Chacrinha [1917-1988], Flávio Cavalcanti [1923-1986]. Sendo sincero, se eu pudesse sair do programa policial eu sairia, não me agrada”, conclui.