Televisão

Matheus Ribeiro, 1º gay assumido do JN, afirma que competência vai além da orientação sexual

'Levanto a bandeira do respeito, da democracia e das liberdades individuais'

O jornalista Matheus Ribeiro, 26 - Kleverton Carvalho/Divulgação

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São Paulo

Primeiro jornalista assumidamente gay a sentar na bancada do Jornal Nacional em 50 anos, Matheus Ribeiro, 26, terá a chance de mostrar o seu talento a partir deste sábado (9), na Globo. Para ele, é uma honra alcançar um dos postos de maior destaque do jornalismo em sua carreira tão jovem.

“Jamais imaginava [que isso ocorreria]. É uma alegria enorme ter a oportunidade de representar Goiás nesse projeto que mostra a diversidade do nosso país e reforça o compromisso do JN com o bom jornalismo", diz Ribeiro, que é editor e apresentador do Jornal Anhanguera 2ª Edição, da TV Anhanguera de Goiânia.

Desde 31 de agosto, a Globo faz um rodízio especial aos sábados na bancada com dois jornalistas de afiliadas da emissora em comemoração ao aniversário de 50 anos do telejornal, cuja a estreia foi em 1° de setembro de 1969. São 27 jornalistas de afiliadas dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal que vão se revezar até o dia 30 de novembro. 

Natural de Piracanjuba (GO), Matheus Ribeiro ficou conhecido não apenas por integrar o time de apresentadores do cinquentenário do JN, mas pelo fato de ter se assumido homossexual. O jornalista namora o militar  Yuri Piazzarollo há cerca de oito meses. 

"Namoramos há oito meses e isso nunca foi um segredo para as pessoas que convivem comigo. Todas as pessoas possuem atributos e competências que vão muito além da orientação sexual, por isso devemos tratar todos com naturalidade e respeito", destaca.

Nas redes sociais, Ribeiro costuma ser muito ativo. E de um tempo para cá, ele começou a aparecer mais vezes com Piazzarollo. Embora não escondam o relacionamento, eles não colocam a relação deles em pauta. Para ele, é algo natural. Só que foi algo que deu muita repercussão ao próximo comandante do JN.

O jornalista também destacou, em algumas entrevistas, que é natural as pessoas terem curiosidade, mas que algumas situações chegaram ao desrespeito. "Alguns comentários envolvendo religião, Deus, dizendo que não éramos corretos. Sou um cara que tem uma fé muito viva. É preciso respeitar a liberdade religiosa. Estou muito bem com Deus. Ao postarmos aquela foto [dois dois juntos], nós tiramos o poder de qualquer pessoa de dizer maldades. Isso me aliviou", disse à Veja. 

Com a repercussão, Matheus Ribeiro viu saltar o número de seus seguidores em seu perfil no Instagram para mais de 340 mil. "Vejo como uma curiosidade natural [o aumento de fãs antes da estreia] pelo momento, por causa da apresentação do JN. Agradeço a oportunidade que o jornalismo me deu de ouvir as pessoas, conhecer as diferenças sociais e de trabalhar para que elas fossem ouvidas em seus anseios."

Para Ribeiro, não tem essa de fazer mais sucesso ou de ter maior status do que outros colegas escolhidos para a bancada. Ele afirma que os 27 colegas que fazem parte desse projeto são referência em suas emissoras e estados.

"Até agora, em todos os sábados, vi uma repercussão muito legal com todos os participantes. Estou muito feliz também pela oportunidade de dividir a bancada com Larissa Pereira, jornalista competente, paraibana, que representa bem a força da mulher e do Nordeste”, destaca o jornalista ao citar sua parceira deste sábado (9). Ambos serão apresentados ao público nesta sexta-feira (8), ao vivo na edição do JN.

Matheus Ribeiro também diz ser um defensor das causas do público LGBT. “Enquanto cidadão, sou veementemente contra o preconceito, seja ele qual for, e levanto a bandeira do respeito, da democracia e das liberdades individuais. Valores, aliás, que têm extrema relação com o jornalismo ético, opina.

O jornalista sempre foi um apaixonado por TV e crê que é nesse veículo que há uma maior chance de contato mais direto e produtivo com o público. Apesar disso, ele também conta ter o sonho de voltar a trabalhar em rádio. No dia a dia, Ribeiro gosta de praticar esportes. O gosto pela academia e a vaidade são muito por conta de uma adolescência difícil que ele teve com relação ao peso.

“Eu acordo todos os dias às 4h30 para treinar. Fui sedentário na adolescência, enfrentei a obesidade e, por isso, agora tento manter uma rotina boa de exercícios. Tenho me dedicado ainda a alguns trabalhos sociais, principalmente com palestras em escolas e arrecadação de alimentos”, reforça o jornalista, que ainda diz ser fascinado por escrever crônicas, apesar de ainda não ter se organizado para publicá-las.

Ribeiro, agora, luta para controlar a ansiedade da estreia. Mas, assim como ele, quem também está eufórica é a família do rapaz. "Com o anúncio de que eu apresentaria o JN, lá em casa foi uma festa. Sou o Matheus que eles sempre conheceram, mas agora mais feliz ainda, com a oportunidade de apresentar o jornal mais assistido do país. Minha mãe e minha avó não vão sequer dormir de sexta para sábado", diverte-se.