No ar em 'A Dona do Pedaço', Rosane Gofman diz que público pede nova surra em Josiane
Atriz diz que novela trouxe mais visibilidade para seu monólogo sobre homofobia
Parece que o público realmente não pensa em perdoar as maldades que Josiane (Agatha Moreira) cometeu em “A Dona do Pedaço”, novela das 21h da Globo. E sobra até para quem não tem nada a ver com as atitudes da vilã.
No ar como a empregada Ellen na trama de Walcyr Carrasco, a atriz Rosane Gofman, 61, afirma que as pessoas pedem que sua personagem dê uma nova surra na megera, que já apanhou da mãe no início da trama. “A personagem dela é muito má e isso incomoda o público."
Atualmente, Ellen trabalha como empregada da família de Rock (Caio Castro) na antiga mansão de Maria da Paz (Juliana Paes). Gofman acredita, porém, que sua personagem em algum momento voltará a ser funcionária da boleira. "Ellen era mais feliz quando morava com Maria da Paz (risos). Elas eram muito amigas. Mas a Terra é redonda, né? Pode girar e fazer com que tudo volte a ser como antes. As duas são muito parceiras”, afirma a atriz.
Recentemente, Gofman esteve no ar em outro grande sucesso: a reprise de "Por Amor" (1997), que foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo até o dia 11 de outubro. A novela de Manoel Carlos teve a maior média da faixa nos últimos dez anos. No folhetim, ela deu vida à governanta Tadinha.
"Ela tem a mesma profissão da Ellen, de 'A Dona do Pedaço', mas a relação dela com a Maria da Paz começa no momento em que Maria ainda é pobre. Elas seguem juntas pela vida e são de fato amigas, diferentemente de Helena (Regina Duarte) e Tadinha, que não têm tanta amizade assim", analisa a atriz.
Gofman aproveita a visibilidade das duas novelas para divulgar seu monólogo sobre homofobia, "Eu Sempre Soube". Tia de um menino homossexual, ela diz: "A gente vê nos gays pessoas muito felizes, alegres, mas existe a história da aceitação e família por trás que é muito dura. A gente conta casos de pais e mães que matam seus filhos por conta da homossexualidade".
A atriz ressalta que a peça foi produzida sem patrocínio e agradece ao autor Aguinaldo Silva por ter ajudado a pagar as contas do espetáculo. "Tivemos um gasto razoável para peça acontecer e para pagar a nossa primeira temporada. Aguinaldo ajudou a pagar tudo aquilo que seriam dívidas no nosso caminho. Foi um grande parceiro. Ele assistiu à peça, entendeu toda a nossa necessidade e a importância do espetáculo. Agora, estamos por conta da bilheteria."
Tal qual Silva, Gofman também destaca a ajuda de Walcyr Carrasco, que é colaborador da peça porque, diz a atriz, se "ele não me dá esse papel na novela, eu não teria condições de fazer a peça". Ela afirma que o espetáculo “Eu Sempre Soube” é uma missão de vida para ela e o considera fundamental como fonte de esclarecimento sobre questões LGBTQ+.
A atriz afirma que esse é o projeto no qual mergulhou mais fundo desde o início de sua carreira, mais de quatro décadas atrás. "Temos que falar coisas que sejam transformadoras e realmente importantes (...) A minha peça está indo agora para a periferia, porque foi uma exigência que eu fiz. Não tem como falar desse assunto só para os meus amigos aqui da zona sul ou ali no centro da cidade, a gente tem que falar para todo mundo porque as pessoas precisam refletir.”
A falta de patrocínio para projetos culturais, diz Gofman, é uma espécie de censura. Ela afirma que há "histórias absurdas que já estão acontecendo, não apenas do Ministério da Cultura que é uma coisa clara, mas outras coisas veladas que ninguém fala ainda". "É muito grave o que está acontecendo, mas nós sempre fomos resistentes", conclui.