Apresentador de afiliada mineira do SBT faz comentário racista ao vivo
Stanley Gusman fez trocadilho com sobrenome do presidente do Ibope
O apresentador Stanley Gusman do Alterosa Alerta, atração da TV Alterosa, em Minas Gerais, fez um comentário racista no programa exibido ao meio-dia desta terça-feira (9). A emissora é afiliada ao SBT na região.
Em conversa com o repórter e deputado estadual Rafael Martins, Gusman criticou Carlos Augusto Montenegro, presidente do instituto de pesquisa Ibope.
O trecho do vídeo em circulação não informa o conteúdo da reportagem que acabava de ser exibida, mas ao se comunicar com Martins, ao vivo, Gusman faz o comentário: "O nome do cara é Montenegro, se ele fosse do bem, ele ia chamar Montebranco". A produção ainda fez um efeito sonoro que remetia a fala do apresentador a uma piada.
Logo após o comentário, ele completou. “Este é o Alterosa Alerta, é Minas Gerais respondendo… Não é aquele homem, aquele demônio do Ibope, não. É respondendo na tela da televisão. O Ibope do demônio”, segundo o site mineiro BHAZ.
Gusman tenta consertar a fala um pouco depois. “Não é de cor não, gente. É escuro, escuridão. Céu branco, inferno negro. Ih…vocês também são muito, né?!”.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) divulgou uma nota afirmando que "considera grave e inaceitável a ofensa de conotação racial veiculada em programa da TV Alterosa" e que espera ver o caso apurado. O órgão reforça que que o jornalismo tem, entre outras finalidades, promover a cidadania e dos direitos humanos.
A nota ainda cita que o preconceito racial é presente nos meios de comunicação, como reflexo das profundas injustiças e desigualdades do país.
"Não bastasse o jornalismo brasileiro contar com uma porcentagem ínfima de negros e negras como repórteres, editores, diretores, produtores, a população negra, maioria numérica do Brasil, é frequentemente pautada como notícia apenas a partir do sensacionalismo policialesco e punitivo dos programas policiais, dos olhares estereotipados ou ofensivos, de injúrias veladas ou escancaradas como a deste episódio".
A Folha procurou a TV Alterosa, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.