Dona do nome A Patroa relata ameaça após decisão contra Maiara e Maraisa
'Perdi tudo que construí', diz cantora que ganhou na Justiça direito pela marca
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A cantora baiana Daisy Soares, 39, uma das fundadoras da banda de forró A Patroa, diz que tem sido alvo de ameaças e xenofobia de fãs da dupla Maiara e Maraisa e de Marília Mendonça –que morreu em um acidente aéreo, em 2021– desde que conseguiu na Justiça a proibição do uso da marca As Patroas. O escritório da dupla afirma que ainda não foi notificado.
Daisy conta que desde que conseguiu a liminar tem sido tachada com uma pessoa oportunista e sofrido um linchamento "absurdo" nas redes sociais com ofensas, comentários dizendo que ela nunca será a patroa. "Os fãs estão revoltados como se eu fosse a pior pessoa do mundo, dizem que eu estou destruindo os sonhos das meninas", diz a cantora, chamada pelos fãs e contratantes de patroa.
"Eu recebo muitas mensagens dizendo para eu entregar a marca para elas. E o meu sonho fica onde?", desabafa ela, que relata ligações de ameaça a um shopping onde se apresentaria e ataques xenófobos nas redes sociais. "De tudo o que eu ouvi, o que mais me machucou foi mexer com o lugar onde eu moro, eu nasci, o lugar que eu amo as pessoas", afirma a cantora, que já registrou queixa-crime contra um pessoa.
Na decisão da Justiça, o juiz Argemiro de Azevedo Dutra, da 2ª Vara Empresarial de Salvador, determinou multa de R$ 100 mil caso Maiara e Maraisa e seu escritório continuem a usar o nome As Patroas. "Entendo demonstrados, nessa fase inicial, a alta probabilidade do direito protetivo invocado, bem como o extenso perigo de continuidade do dano gerado pela utilização indevida da marca alheia com proveito econômico e financeiro", aponta o juiz.
Daisy lançou a banda de forró A Patroa em 2013, ao lado da sócia, a guitarrista Paulinha, 27, e iniciou o processo de registro do nome no ano seguinte. O Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) concedeu a exclusividade da marca artística em 2017, impedindo inclusive o uso no plural como no caso do projeto musical das cantoras sertanejas.
Ela diz que o objetivo do trabalho da sua banda é falar do empoderamento feminino. "A gente foi construindo um trabalho nesse sentido e usando letras de músicas falando sobre coisas femininas", diz a vocalista da banda, que tem 11 CDs gravados e 15 músicas no Spotify.
A artista falou que foi alertada em 2020 pelo seu escritório de registro de marcas e patentes que a WorkShow –empresa responsável pelas carreiras de Maiara e Maraisa e de Marília Mendonça– estava tentando registrar o nome As Patroas. Ela afirma que entrou em contato com o dono da empresa, Wander Oliveira, explicando que era a proprietária da marca. "Eu tive a ingenuidade de pensar que poderia resolver isso com uma ligação."
Segundo Daisy, Oliveira falou para ela que As Patroas era o nome de uma festa e não de uma banda. "Não me tratou mal, mas falou que iria pedir para mudar. Mandei o clipe da banda para ele ver que a gente existia", diz a artista, que não teve mais contato com o empresário, mas foi surpreendida um tempo depois pela live As Patroas.
Em 2021, a cantora de forró afirma que foi procurada pelo advogado de Marília Mendonça. Daisy diz que ele tinha "uma pressa absurda" em resolver o problema e queria que ela fosse a Goiânia para uma conversa informal. "Ele me ligava praticamente todos os dias e eu não sabia o que fazer. Entrei em contato com o meu advogado, que me orientou em fazer uma reunião virtual com as cantoras."
Oito dias antes da morte de Marília, Daisy e a sócia Paulinha tiveram uma reunião de duas horas por videoconferência com ela e a dupla Maiara e Maraisa. A cantora baiana contou a sua história para a rainha da sofrência que, segundo ela, falou que era inquestionável seu direito à marca e falou do seu projeto musical. "A Marília brincou que nós somos as patroas raízes e elas as nutellas. Ela foi muito agradável na conversa", elogia.
Daisy afirma que nunca mais foi procurada pelos advogados das cantoras, mas após a morte de Marília o nome As Patroas ficou tão em evidência que ela não tinha mais espaço para utilizar a própria marca. "Se eu boto no YouTube, não aparece a Daisy Soares. Se eu boto no Spotfy, não aparece A Patroa Daisy Soares. Aparece As Patroas Marília Mendonça e Maiara e Maraisa. Eu perdi tudo o que construí", lamenta a cantora baiana.
Procurada pelo F5, a equipe jurídica do escritório WorkShow e da dupla Maiara e Maraisa informou, em nota, que ainda não foi citada ou informada da decisão. Por isso, não vai se manifestar. Sobre o uso da marca, os advogados afirmam que a WorkShow é titular da Festa das Patroas desde 13 de outubro de 2015, projeto que teve participação de Marília Mendonça e da dupla Maiara e Maraisa.
"Ressaltamos que a empresa e a dupla sempre agiram com responsabilidade e prezam pela legalidade e o respeito às normas e marcas devidamente registradas. Toda e qualquer questão jurídica será devidamente tratada no processo em questão, tão logo as partes sejam citadas e intimadas a se manifestar."