Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
As principais cidades da Europa concentram, nesta e nas próximas semanas, as maiores modelos profissionais, atrizes e influenciadoras para as Semanas de Moda. a carioca Maju de Araújo, 22, é uma delas.
Ela participou de desfiles em Paris e Milão nos últimos dias. Esteve também na passarela da L'Oreal, marca da qual é embaixadora, ao lado de nomes como Anitta, Taís Araujo, Larissa Manoela, Kendall Jenner e Cara Delevingne. Entre tantas atrizes e cantoras, Maju se destaca por ser a única modelo com síndrome de Down a participar desses eventos fashion, que estão entre os mais importantes do mundo.
Nas suas redes sociais, é possível acompanhar a agenda de fittings, desfiles, eventos e encontros com celebridades. Na sequência dos compromissos em Paris e Milão, ela segue em um tour pela Europa, premiando pessoas com deficiência que, assim como ela, se destacam publicamente em cada país.
Em conversa com o F5, a modelo e sua mãe e empresária, Adriana Araújo, contaram sobre como a entrada no mundo da moda, motivada pelo sonho da filha, mudou suas vidas e envolveu toda a família na carreira dela, cada vez mais internacional.
Maju se descreve como "guerreira, bonita e inteligente", com a confiança brilhando nos olhos. De donas de bufê de festas a donas de agência de talentos, elas agora viajam o mundo buscando novos nomes representativos.
A carreira de Maju começou em 2018, quando foi descoberta pelo Grupo MGT, responsável pelo Projeto Passarela, o mesmo que revelou Larissa Manoela. Eles reconheceram de cara o talento dela para a moda. Antes disso, porém, a mãe e as irmãs, Ana e Larissa, já percebiam sua veia artística.
"Maju sempre manifestou o desejo de ser modelo, e Adriana foi a primeira pessoa que entendeu o espaço que ela poderia conquistar. Nós também começamos a perceber o potencial dela e a escutá-la. Eu tive a ideia de profissionalizá-la, então criei o Instagram e a Larissa ficou responsável pela execução", contou Ana, que também participou da entrevista.
A partir das redes sociais, a jovem começou a conseguir trabalhos, fez um curso de profissionalização, obteve a licença e começou a atuar como modelo. No entanto, o caminho não foi fácil, já que a mãe precisou lutar para matricular a filha em uma escola que forma novos talentos para a moda, e as agências frequentemente a recusavam.
Uma vez que as portas se abriram, ela desfilou em vários eventos no Brasil, alcançando até um recorde mundial como a modelo com mais desfiles em uma única edição de uma Fashion Week, com mais de quarenta desfiles na terceira edição da Osasco Fashion Week, em 2020.
"Maju é muito resiliente. Já houve semanas de moda em que a gente pensava: 'Meu Deus, será que você vai dar conta?'. Eram muitas marcas para desfilar. Mas ela sempre dizia que queria fazer todos os desfiles. Foi incrível ela ter sido premiada por isso, porque foi uma escolha dela", contou Adriana.
Nesta viagem para a Europa, a família busca estreitar seus laços com marcas, para expandir ainda mais a carreira de Maju. Além do lado profissional, a mãe compartilha que ela também tem seus próprios sonhos e ambições: "Ela já namora, né? (olhando e sorrindo para a filha) E quer casar".
O preconceito contra pessoas com deficiência intelectual é uma realidade da qual Maju não escapa. Nas redes sociais, Adriana desabafou sobre os comentários de assédio que sua filha enfrenta.
"Com muito esforço conseguimos ocupar espaços, mas não importa quão longe cheguemos; sempre haverá ódio e maldade de outras pessoas. Isso não se limita à internet e esses não são perfis falsos. Essa é a nossa realidade, e essas são pessoas reais, com intenções reais", escreveu ela no Instagram.
Esse apelo resultou no Projeto de Lei Maju de Araújo, proposto pelo deputado Fred Pacheco, do Rio de Janeiro. O objetivo é tornar obrigatória a criação de estratégias para um ambiente online mais seguro e inclusivo, combatendo o assédio virtual e o cyberbullying direcionado às pessoas com deficiência. O projeto está atualmente em análise na Câmara Municipal.
"Nós somos ativistas, não é? Toda a equipe da Maju. Nosso propósito de vida é trabalhar pela inclusão e abrir portas", afirma Adriana.